Em nosso mundo cada vez mais ligado e interconectado, a linha tênue entre trabalho e vida pessoal parece cada vez menos nítida.
Algumas pessoas gostam disso. Outras se sentem exaustas e sobrecarregadas. Pode ser uma escolha difícil: é melhor ter uma carreira com mais oportunidades mas que exija trabalhar por várias horas, inclusive nos momentos de lazer; ou será que poder voltar para casa cedo e curtir a vida compensam uma eventual queda na renda?
Para Jenn Farber Dohy, que vive em Seattle, nos Estados Unidos, a decisão foi fácil. Antes de trabalhar como barista em uma rede de cafés, ela teve vários tipos de emprego, de assistente social a vendedora de equipamentos médicos. E todos eles tinham o mesmo problema: o trabalho não acabava com o fim do expediente.
Isso mudou quando ela deixou tudo para trás e encarou o balcão do café. Era exatamente do que ela precisava naquele momento, para poder passar mais tempo com seu filho pequeno e suas duas enteadas adolescentes.
Mas para muitos de nós, essa decisão – e a perda de rendimentos decorrente dela – nem sempre é tão clara. Aqui estão dicas para ajudar nessa escolha:
“Em vez de simplesmente comparar dois caminhos profissionais, pense em seus objetivos”, recomenda Rebecca Kiki Weingarten, consultora de carreiras em Nova York. “Você quer chegar a um alto cargo executivo, quer ter mais férias ou simplesmente quer se aposentar cedo? É preciso pensar nisso.”
Também é importante definir suas prioridades no trabalho e na vida pessoal, assim como suas prioridades quanto a sua identidade profissional. “Quando se tem um objetivo em mente, é mais fácil responder a esses questionamentos. E todas as respostas apontam para a decisão que é a melhor para cada indivíduo”, afirma Weingarten.
Ela sugere se perguntar qual a importância do sucesso profissional dentro da sua lista de objetivos de realização de vida. “Para algumas pessoas, em determinados momentos, a carreira é o mais importante. Para outras, é a família ou outros desejos”, exemplifica.
Pais que retomam o trabalho depois de ter filhos deveriam se perguntar qual a importância de seu papel dentro da família. “Ouço frequentemente essas questões, e cada pessoa precisa decidir por si só”, diz a consultora.
É importante também levar em consideração que as pessoas precisam de uma identidade profissional, além da energia e do sentido de realização que vem do trabalho. “Já trabalhei com executivas que pararam de trabalhar quando tiveram filhos porque achavam que era o que tinham que fazer. Mas algumas ficaram péssimas e tiveram distúrbios físicos e psicológicos”, conta.
Para alguns sortudos, a escolha entre um trabalho que consome as 24 horas do dia e outro que acaba no fim do expediente é fácil, principalmente se não há uma preocupação com dinheiro.
“Tudo se resume às necessidades – pessoais, profissionais e circunstanciais”, afirma Konstantin Korotov, diretor do Centro para Pesquisa de Desenvolvimento em Liderança, em Berlim, na Alemanha.
“Para muitos, o trabalho é a principal fonte de energia, da sensação de pertencer a algo e de significado para suas vidas”, diz.
A carreira também pode ser um escape quando ocorrem mudanças mais difíceis ocorrem na vida pessoal, como um divórcio ou a morte de um ente querido.
“Essas pessoas acabam se tornando devotas do trabalho”, conta o consultor.
“Quando se está diante de uma decisão entre dois caminhos, tenha clareza sobre qual deles vai permitir que você atinja seus objetivos de curto e longo prazo”, aconselha Jesse Siegal, diretora-sênior do The Execu Search Group, de Nova York.
“Se um emprego que demanda mais de suas horas de lazer é algo que tem a ver com suas aspirações e paixões, o trabalho em excesso não deveria ser um fardo”, explica.
Mas se seus compromissos pessoais não permitem que você assuma uma posição profissional mais desafiadora, pergunte-se se estaria disposto a “desistir de um alto salário em favor de menos responsabilidades”, lembra Siegal.
Jayne Mattson, vice-presidente de uma consultoria em administração em Boston, sugere criar uma planilha listando seus objetivos, as vantagens que o emprego dá, coisas que o satisfazem e que não satisfazem tanto na vida pessoal quanto na profissional.
“Mas não compare um caminho com o outro. Compare cada um com o que você quer”, diz ela. “Isso ajuda a tomar uma decisão que seja mais sólida para você e sua família. Talvez seja mais importante ter um trabalho mais tranquilo do que ganhar mais.”
(Autor:
(Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150914_vert_cap_equilibrio_carreira_ml.shtml)
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