Por mais que tentemos ajudar, por mais que aconselhemos, por mais que estejamos dispostos, haverá quem simplesmente se negará a sair do buraco onde estiver, culpando todos à sua volta pelos problemas que ele próprio causou.
Uma das lições mais amargas que teremos de aprender é a de que nem todo mundo será grato e, pior, alguns ainda usarão de nossa solicitude contra nós mesmos.
Por mais que tentemos ajudar, por mais que aconselhemos, por mais que estejamos dispostos, haverá quem simplesmente se negará a sair do buraco onde estiver, culpando todos à sua volta pelos problemas que ele próprio causou.
Ocasionalmente, quando uma pessoa de quem gostamos estiver passando por alguma situação desagradável, por algum problema, e tentarmos ajudá-la de alguma forma, pode ser que sejamos mal interpretados, que nossas reais intenções venham a ser deturpadas. Teremos que enfrentar a ingratidão e palavras injustas justamente de quem tentamos socorrer, de quem muito estimamos.
Isso porque ninguém é capaz de ajudar alguém que se nega a receber ajuda, ou seja, deverá sempre partir de nós mesmos a iniciativa de sair daquilo que nos desagrada, de tudo o que nos faz mal. Somente quando tivermos a consciência de que muito do que nos ocorre é consequência também de nossas atitudes, do que escolhemos ou não ao longo de nosso caminhar, é que estaremos prontos para sermos socorridos.
Por outro lado, quando culpamos todos à nossa volta, o mundo e o universo, como os causadores de nossas dores, como se fôssemos meros joguetes nas mãos de terceiros, estamos fugindo à nossa parcela de responsabilidade sobre nossas próprias vidas. Dessa forma, incapazes de assumirmos o que nos cabe, incapazes seremos de aceitar, de ouvir, de enxergar o que vem de fora de nós, centrados que estaremos em nosso próprio umbigo.
Nesse contexto, fatalmente nos veremos enredados no jogo de culpas de que a pessoa se utiliza para se livrar do próprio peso, jogando contra nós uma carga de responsabilidades que não são nossas. Então, ela fará de tudo para virar o jogo, fazendo com que nós é que passemos a ser um dos causadores de suas misérias, um dos malvados que agiram para que ela se encontrasse naquela situação, uma vez que é assim que sua consciência se livra do que não aceita, do que recusa a assumir.
Não poderemos nos negar a levar ajuda às pessoas que se encontram em situações difíceis, somente porque não gostaríamos de ser mal interpretados, pois nossos princípios são mais fortes do que isso. Caso sejamos vítimas desse tipo de situação, teremos que ser pacientes e deixar que o tempo, como sempre o faz, traga as verdades e torne tudo claro. Quanto aos ingratos, permanecerão enclausurados nas próprias cavernas, enquanto não aceitarem o enfrentamento de si mesmos.
Bem complicado mesmo, principalmente quando esta “má interpretação” vem justamente de uma pessoa que amamos.
Tinha uma mulher que eu amava mas tinha perdido contato com ela, algum tempo depois ela me procurou, voltamos a conversar, ela disse que teve um relacionamento durante o período que não tínhamos contato, que engravidou e foi abandonada.
Ela estava com dividas e paguei, estava com depressão, fiz o que pude para ajudar ela a se sentir bem, as vezes, mesmo tendo que sair cedo para ir trabalhar, passava a madrugada toda conversando com ela quando ela estava mal.
Eu ainda gostava dela, começamos a namorar, falamos em nos casar, o bebê nasceu e achamos melhor eu registrar como minha filha.
Eu fazia e tudo o que eu podia por ela e pelo bebê, que eu amei também como sendo minha própria filha.
Algum tempo depois descobri, entre outras coisas, traição e inúmeras mentiras, então terminei o relacionamento.
Ela foi incapaz de assumir os erros, fez justamente o oposto, negou tudo e inventou mais mentiras para outras pessoas, para passar uma imagem de vitima e me passar como culpado, como uma pessoa horrível.
Uma das mentiras era sobre o pai biológico, ela sempre teve contato com ele e “convenceu” ele a assumir a filha.
Eu havia terminado o relacionamento, mas não queria me afastar da criança, porque eu a amava e considerava ela tal como minha filha mesmo, mas ela fez de tudo para me afastar, ela criou diversos problemas, chegou a inventar que estava com medo de mim, dizendo que eu iria fazer alguma coisa contra ela e contra a bebê, e que por isso não iria deixar eu ver minha filha, fiz de tudo por elas e nunca fiz ou disse nada que pudesse ser interpretado dessa forma.
Estava com outros problemas alem dessa situação e acabei ficando com depressão, um certo dia eu estava no meu limite e tentei me matar, antes liguei para ela, eu precisava conversar, falar sobre qualquer coisa pra tentar melhorar o animo e ela foi a primeira pessoa em quem pensei, disse o quanto eu estava mal e que eu estava pensando em me matar, ela simplesmente ignorou, depois falou para eu parar de “encher a paciência dela com minha depressãozinha idiota”. Pode parecer bobeira, mas ouvir isso numa situação extrema, e de uma pessoa que tenha amado e feito de tudo por ela, é bem angustiante.
Desde o inicio a amava e fiz o que pude para ajudar, e depois do tudo, mesmo sem motivos para isto, continuei a ajudar ela, mas, como ela dizia, a culpa da vida dela estar “um inferno” era minha.
Só mais um caso em se tentar ajudar e sair como o malvado da história.