Achei que acordaria diferente hoje. Mais sábia, mais equilibrada, mais pacífica, mais serena.
Achei que acordaria com cabelos brancos e uma incrível habilidade em fazer coisas manuais, daquelas que o tempo ensina. Achei que acordaria com o peso dos anos em mim, que acordaria e tudo à minha volta estaria mudado. Achei que tudo estaria envelhecido, achei que eu estaria envelhecida.
Que tonta eu fui!
Continuo com todas as minhas dúvidas, com minhas pouquíssimas certezas, com meus momentos de loucura toral, mesclados às minhas sabedorias inesperadas. Continuo com o mesmo cabelo claro, nada branco apareceu… e continuo com as 2 mãos esquerdas, nem pregar botão direito eu consigo…
Nada envelheceu em mim, ao contrário. Sinto que estou mais esperta, mais inteligente, aprendo mais coisas hoje do que há 10 anos trás. Continuo estranhando quando o rapazinho empacotador me chama de senhora. Como assim? Senhora? Só tenho 15 anos, fiz ontem.
O ânimo que sinto atravessou os 25 anos que separam a menina que acabou de completar 15 anos em uma noite de terça-feira e chegou intacto à mulher que acordou numa ensolarada manhã de sábado.
Parecerá frase feita, mas não trocaria a mulher que acordou hoje pela menina de 1987.
A mulher de hoje não tem a beleza e o frescor dos 15 anos (todo mundo é lindo aos 15 anos, mas só sabe disso aos 40), mas tem personalidade de sobra.
E, claro, tem muito mais pra contar.
Essa mulher viveu de tudo um pouco: viveu dores, viveu alegrias.
Riu e chorou, e no balanço final sobraram risadas.
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A mulher que acordou hoje, pasma e espantada pela velocidade das décadas, lembrou que aos 10 anos aprendeu a fazer maionese porque o pai gostava de maionese aos domingos.
Lembro que aos 20 anos conheceu o homem da vida dela, aquele que com ela atravessa tudo.
A mulher que acordou hoje lembrou que aos 30 celebrou a casa própria, em meio à lágrimas de uma perda íntima e pessoa. E que sobreviveu.
A mulher que acordou hoje ainda terá muitas lágrimas.
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E, claro, terá muitas risadas. Ainda aprenderá muito e se tudo der certo, ensinará outro tanto. Talvez chegue aos 50 achando graça de si mesma, achando graça da menina que era aos 40…
A mulher que acordou hoje com 40 anos ainda está impressionada com suas dúvidas e suas certezas. E com suas insanidades porque descobriu que aos 40 somos ainda mais loucas. Deliciosamente loucas, podendo tudo, querendo tudo, saboreando a vida em grandes goles.
Você ainda não acordou com 40 anos?
Prepare-se! Você não sabe o que está perdendo.
Fonte: Blog Elaine Gaspareto
Autor: Elaine Gaspareto
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