“O começo da vida: um filme sobre o recomeço da humanidade” é uma produção cinematográfica brasileira, dirigida por Estela Renner, que aborda a importância da primeira infância para o progresso da sociedade.

O filme vai se construindo a partir de relatos, experiências e contribuições de pais, mães, famílias, especialistas e pesquisadores de diferentes partes do mundo, que dialogam e instigam o telespectador à reflexão de importantes aspectos médicos, psicológicos, políticos, econômicos, filosóficos e pedagógicos para o desenvolvimento infantil e humano.

Neste texto, destacaremos algumas dessas referências, importantes reflexões para a Psicanálise e para qualquer ser humano.

INVESTIR NA INFÂNCIA É INVESTIR NA HUMANIDADE

“Esse mundo investe em satélite, em diversas áreas, para conhecer novos planetas e ir para Marte, para a Lua, para Urano… A gente não vai investir na condição humana, na humanidade que está nascendo?” (Vera Cordeiro, médica, fundadora da Fundação Saúde Criança).

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A infância é um momento crucial para o desenvolvimento humano, é nele em que os primeiros vínculos são construídos, eternizando experiências a partir do afeto.

Um período importante que deve ser investido com responsabilidade e seriedade, muito além de uma questão econômica, mas uma questão sensível ao desenvolvimento humano, em seu aspecto qualitativo e afetivo.

NÃO HÁ UMA ÚNICA MANEIRA DE EDUCAR

As relações humanas são plurais e complexas, pouco admitindo padrões. O que parece ser fundamental, entretanto, é o amor presente no núcleo das relações. “As crianças precisam ser cuidadas, essa é uma função inegociável. Quem vai fazer isso, negocia-se” (Vera Iaconelli, psicóloga, Diretora Instituto Geral).

Neste sentido, parece muito adequado compreender que a função materna e paterna como conhecemos deve ser valorizada enquanto função qualitativa, muito interessante se puder ser reconhecida de modo igualitário e familiar, com pais e mães construindo conjuntamente a paternidade e maternidade, mas a riqueza da relação deve também ser compreendida enquanto expressão diversa além de qualquer enquadre, contribuindo para a própria complexidade relacional e constitutiva, como no caso dos novos rearranjos familiares diferente da família tradicional¹, como família mosaico², família monoparental³, família homoafetiva4, entre outras.

O AMOR É UMA CONSTRUÇÃO DIÁRIA

A criança é um cientista que observa o mundo em sua volta, aprende e reproduz a partir de suas experiências.

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A vivência do amor é uma emoção e um potencial para as relações humanas, sendo construídas e fortalecidas dia a dia e significadas inicialmente no âmbito familiar, estabelecidas tendo como ponto de partida fundamental as primeiras relações afetivas, com os cuidadores principais, para posteriormente envolver outros níveis de relações vinculares.

A HUMANIDADE ESTÁ EM RISCO?

Toda potencialidade humana, infelizmente, corre um sério risco com a desigualdade de oportunidades para o desenvolvimento humano, fazendo com que milhares de crianças em todo o mundo deixem de se devolver da maneira como seria adequado e possível caso houvesse investimentos humano desde sua base.

Neste sentido é preciso se movimentar quando a humanidade perde a possibilidade para seu próprio desenvolvimento integral.

A saída pode estar no acolhimento inicial da vida humana: “Quando investimos na primeira infância, estamos investindo na sociedade com um todo.

Quando você cuida do começo da história, você pode mudar a história toda” (O começo da vida, 2016).

Glossário

¹Família Tradicional é o núcleo familiar formado por pai, mãe e filhos.

²Família Mosaico é a família constituída por pessoas originadas de diferentes relacionamentos que se unem após novos rearranjos amorosos.

³Família Monoparental é o termo usado para famílias estabelecidas por um único cuidador principal.

4Família Homoafetiva é nome dado para famílias construídas por casais com um mesmo sexo.

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Psicólogo clínico de orientação psicanalítica, atendendo em Itápolis-SP e Ribeirão Preto-SP. Graduado pela PUC (2014). Mestre pela UNESP (2017). Pesquisador membro do grupo de pesquisa SexualidadeVida USP\CNPq. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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