Imagine que você nasceu num mundo onde você aprendeu que o que você é não é bom o suficiente: é preciso ter coisas, diplomas, certificados, conquistas para ser validado socialmente.
Nesse lugar, você ouviu que: “o mundo é dos espertos”, “que a vida é uma luta” e que quem demonstra afeto é fraco, trouxa, bobo, submisso. O bom é chegar ao topo para não ser um fracassado.
Nesse mundo, você aprendeu que o amor é inseguro e que, por isso, ele precisa ser colocado dentro de um contrato. Sendo assim, é preciso que a mesma sociedade que o ensinou que ser amoroso é ser trouxa, valide o seu relacionamento para você ter a ilusão de que é aceito. Com isso, você cumpre o projeto social, mesmo que continue se sentindo infeliz.
E então você se casa com uma pessoa que, assim como você, nunca meditou, nunca olhou para dentro, só busca autoafirmação social.
Nas redes sociais, você posta muitas fotos para tentar enganar a si mesmo de que é feliz. A validação externa dá a você essa ilusão efêmera.
Entretanto, toda vez que você vai dormir ao lado do seu parceiro e constata o grau de desafinidade entre vocês, você se lembra que as fotos das redes são só mais uma arma dentro da sociedade da guerra para você se autoenganar e sentir que sabe o que é amor.
Mas a verdade é que você ainda não tem a menor ideia do que é amor porque nunca olhou verdadeiramente para dentro. Você conhece o projeto, mas não o afeto. Você é mestre da luta e não da entrega. E assim, você liga o modo “zumbi” e vai levando a vida se anestesiando com entretenimentos fúteis porque olhar para si mesmo dói demais.
Até que, um belo dia, você surta. Você cansa de fugir de você, de ter uma vida “fake”, de colecionar anestesias efêmeras e você decide começar a praticar a tal meditação que a turminha de charlatões da autoajuda fala tanto (era o que você acreditava, que eram charlatões porque você achava que toda forma de desenvolvimento pessoal era para os fracos)
E aí, quando você começa a meditar, todo aquele “lixo” que estava no seu inconsciente começa a emergir para ser depurado.
Agora você tem duas opções: você se identifica com o “lixo” e decide voltar para uma vida de anestesia porque essa história de autoconhecimento não é para você ou mergulha dentro de si mesmo e, doa o tanto que doer, você opta por encarar as suas sombras e integrá-las.
É sempre uma escolha.
Aos que optaram pela segunda alternativa: “Bem-vindo ao clube!”
Aos que optaram pela primeira, sem problemas. Ninguém consegue fugir de si mesmo eternamente. Mais cedo ou mais tarde, o despertar acontece.
(Autora: Gisela Vallin)
(Fonte: giselavallin)
*Texto publicado com autorização da autora.
(Imagem: Andrii Podilnyk)
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