Não que eu tenha nada a ver com a vida de Mozão e Mozinha nem queira me meter no café que Buzunguinha faz pra Buzungão, todo dia de manhã. Cada casal tem seus códigos, hábitos, carinhos, infernos e costumes particulares. Tenho nada com isso não. Mas o que mais se lê nos grupos de mulheres (que abundam nas redes sociais), é esposa reclamando que não aguenta mais cuidar de marido como se fosse filho. Isso, dito de diversas maneiras. Muitas vezes, em posts anônimos. Outras, com um misto de saco cheio e culpa.

Fato é que a figura do “marido meninão” não faz mais sucesso como antigamente. Claro. Felizmente.

O mundo mudou e não somos mais obrigadas. Eu mesma, se for pra casar com um cara que não consiga escolher as próprias roupas, cozinhar a própria comida, lavar os próprios pratos, cuidar dos próprios filhos e limpar a própria casa sendo um parceiro adulto em todas as questões cotidianas, tô fora. É bem mais lucro ficar sozinha. Porque a outra coisa boa é que não precisamos mais casar.

Lembro, sem saudade nenhuma, do namorado que, sem tirar os olhos da tevê, me estendeu o copo dizendo “falta açúcar” assim, como se fosse minha obrigação adequar o suco ao paladar dele. Se ele mesmo não tomasse uma atitude, estaria mumificado, naquela posição, até hoje. Eu só olhei, nem precisei dizer nada. Recado dado e entendido. É que o rapaz chegou (e foi dispensado) na minha vida depois que descobri que não vim ao mundo para ser mãe de quem devia ser parceiro.

Antes, no entanto, lavei umas cuecas. Já achei que fosse minha obrigação. Mais do que isso, escolhi roupas para homens que se diziam incapazes de decidir o que vestir. Fiz faxinas em casas de namorados porque “homem não sabe limpar casa” e aceitei roupas sujas jogadas pela sala que eu havia acabado de arrumar porque “homem é assim mesmo”.

O ponto alto dessa fase louca, foi ser aconselhada a aceitar comportamentos estranhos do pai do meu filho, quando nosso bebê nasceu. Segundo a pessoa que me aconselhou, ele devia estar com ciúmes, estranhando o fato de ter que dividir atenção com o filho dele! E eu, em plena depressão pós parto, exausta dos cuidados com um recém nascido, é que deveria compreender. Ah, tá. Caguei. Não compreendi. Não quero compreender certas coisas. Acabou. E já me perdoei pelo tempo investido em relações que não se parecem em nada com a parceria que eu mereço.

Não faço questão de dividir minha vida com quem se aproveita de mim. Ou com quem é babaca ao ponto de, depois de adulto, não conseguir reverter hábitos da família de origem. Foi educado assim? Cure-se. Reeduque-se. Reaja. Sempre é tempo.

Eu nunca tinha feito uma faxina até decidir ir morar sozinha, aprendi a cozinhar pesquisando em sites de culinária e sei como cuidar do meu filho porque leio, me informo e procuro saber.

Compreender, aceitar, cuidar, acolher, perdoar são verbos lindos, cheios de poesia e necessários à boa convivência entre humanos. Mas não são exclusivamente femininos. Gostosa é a troca. Homens não são naturalmente infantis até a morte, mas ainda são condicionados a viver assim.

Mulheres não são geneticamente subservientes ou programadas para cuidar dos outros. E nem maduras por natureza. Vamos colocar os pingos nos is: casamento não é adoção e marido não é filho. Não mais. Por mais que ainda, muitas vezes, pareça ser assim.

(Autora: Flávia Azevedo)
(Fonte: correio24horas)

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18 COMENTÁRIOS

  1. Nossa me senti na sua pele… Não aguento mais viver com um homem porco e relaxado … E há anos já deixei de fazer tudo q fazia por ele….3 filhos e a convivência se torna cada dia mais difícil. … Estou cansada de um homem q come e não lava a louça , q suja e não limpa, e q não me ajuda em nada achando q basta trazer o sustento pra dentro de casa!

  2. Sou mais uma. E ainda por cima tenho que aguentar o vício dele, que ele chama de hobbie. Inferno é morar num chiqueiro porque se você não fizer ninguém mais faz. Ser tratada como mãe e empregada está acabando comigo.

  3. Concordo absolutamente com sua visão sobre o assunto.
    Isso se estende para além do homem acomodado que espera da mulher uma servidora de suas necessidades básicas e supérfluas (o que em si já é um absurdo pois não é a troca que se espera de um relacionamento saudável). Compreende também o homem imaturo que é incapaz de entender seu papel de “adulto” em que deveria exercitar o companheirismo, a tolerância e o ceder em favor do próximo. Muitos encontram-se congelados no seu papel de filhos, incapazes de se permitir crescer.
    Reitero aqui o que vc diz:
    “Não faço questão de dividir minha vida com quem se aproveita de mim. Ou com quem é babaca ao ponto de, depois de adulto, não conseguir reverter hábitos da família de origem.”

  4. Já vai fazer 10 anos que vivo em um relacionamento, o meu marido é um homem que não faz nada, eu trabalho na loja e tenho que cuidar dele como bebê. Cada dia mais difícil, o nosso relacionamento ta uma merda…. E quando chego em algum lugar com ele, o mesmo quer que cuido dele e de quem estiver. Só Deus para mim ajudar.

  5. Quando tive minha primeira filha fui obrigada a ouvir da mamãe dele que nao deixasse de fazer minha obrigação de esposa, homem nao fica sem sexo. Ou seja, eu toda arrebentada do parto que nao ficasse sem DÁRRR pra ele por muito tempo porque corria o risco de tomar chifre??? , quando me lembro disso eu tenho vontde de fazer o que quis fazer la trás. Esbofetear a cara dela. Enfim, gracas a Deus ele sempre foi um homem muito querido e paciente nunca me senti forçada a nada.

  6. Verdade, mulher cuidar de homem é mesmo um problemão. Homem cuidar de mulher da parte financeira até ter q deletar programas do celular pra parar de travar é algo q nunca acontece. Ok.

  7. O que mtos homens não percebem, que a mto tempo deixaram de ser provedores, querem uma empregada, paguem por uma, ah mas nem todas dormem com os patrões!
    Além de não darem as coisas nas mãos e aguentarem o mal humor!
    Hj nada mais faz tanto sentido como o “antes só que mal acompanhado”!

  8. Somente homens discordam do post. Por que será? Se querem tanto uma empregada que contratem uma. Falam tanto de prover financeiramente, então que o faça sozinho. Mulher também pode ter renda, você não vira um floquinho de neve automaticamente por apenas fazer parte do capitalismo. Diálogo! Converse antes de decidir morar junto e principalmente ter filhos.

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