Cara pálida. Sorriso sem nada. Vergonha escancarada. Poucas palavras. Abraço distante. Encontro ao acaso. Amizade borrada. Tudo tão indiferente e em tom seco, é assim que sentimos quando um amigo ou alguém querido estremece o carinho que sentimos por ele.

Eu prefiro uma mentira que sangre o meu coração do que uma mentira desconexa. Ninguém é obrigado a fazer nada para agradar o outro ou me agradar, mas que seja adulto o suficiente para dizer: não quero, não vai dar, fica para a próxima. É, eu me senti traída mais uma vez, e estou aprendendo a lidar com esses destemperos que as pessoas nos oferecem.

É muito triste descobrir que aquela pessoa que você tinha carinho e admiração não passa de conversa fiada, que gosta da gente de fachada, e que tem caras e bocas para nada. Eu fui enganada e me senti como uma noiva deixada no altar.

Todo mundo pode pecar, nos irritar, nos machucar, nos trapacear, jogar com a nossa amizade, mas que não venha com desculpas que não convencem, porque isso dói mais do que um tapa na cara. É um soco no estômago quando encontramos com alguém que significou muito para a gente, e essa pessoa nos trata com distância, porque tem vergonha de ter errado conosco. Sabe, eu prefiro que fale a verdade do que inventar frieza, porque isso não resolve mal entendido, apenas atiça mais ressentimento.

Esse meu amigo, talvez ex amigo ou amigo meia boca feriu minha confiança e trocou nossa amizade por uma desculpa que nem ele soube dar. Eu fiquei chateada, quase chorei. Depois que passou o tempo, não consigo ter raiva, mas agora é ele que se distanciou. Não vou fazer nada, vou continuando a levar a vida, mas não aceitarei mais desenganos.

O pior foi ter descoberto que não era amizade, era apenas mais um interesse. Era apenas ligações desesperadas porque ele se sentia sozinho depois do divórcio. Não era amizade, era apenas ele me fazendo de divã, e sem pagar pela sessão. Não era amizade, era ele querendo sair da tristeza com os meus risos emprestados. Não era amizade, era ele apenas querendo que eu a distraísse. Não era amizade, era eu estendendo a mão, e ele me oferecendo desculpas que o tempo estava corrido. Não era amor, era insistência minha. Era eu, tudo eu… nada dele.

Mão única não é amizade. Desculpas demais é desconsideração. Culpar a rotina ou a agenda pela falta de tempo é absurdo. Amizade não precisa de ligar ou se encontrar todos os dias, mas tem que estar juntos em pensamento e estar pronto sempre que precisar. Amizade não é fazer tudo que os dois querem, mas sim fazer tudo para que fiquem bem sempre.

Ontem a noite, eu percebi que entre esse meu amigo e eu, não era amizade. Era acaso, coincidência, destino cruzado, qualquer coisa, menos meu amigo, porque amigo faz qualquer coisa para te fazer feliz, mesmo que comprometa a vida pessoal e a agenda.

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Simone Guerra é mãe, escritora, professora e encantada pela vida. Brasileira morando na Holanda. Ela não é assim e nem assada, mas sim no ponto. Transforma em palavras tudo o que o coração sente e a alma vive intensamente. Apaixonada por artes, culturas, línguas e linguagem. Não dispensa bolo com café e um dedinho de prosa.

1 COMENTÁRIO

  1. Ja estive nos dois lugares e em nenhum fui vitima. Descobrir que eu que atraia as pessoas que supostamente me usava, inconsciente mente me aproximava de pessoas com problemas e qdo elas estavam bem nao sabia lhe dar com a situação porque na verdade nao existia mais afinidade. E no fundo nao queremos k a pessoa fique bem pq assim ela vai deixar de precisar da gente. Isso chama-se carencia e dependencia emocional. Sempre existe um ganho somos responsaveis por aquilo que ocorre conosco nao somos vitimas. E o ganho é afetivo e quando nos damos conta que estamos sendo servis queremos ocupar os outros mais na verdade nos permitimos. Esta é uma relação de co de pendencia pois um alimenta a fraqueza do outro.

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