Evidentemente, nenhuma relação sobrevive sem amor, pelo menos não de uma forma saudável. O amor é a razão e a base de qualquer envolvimento a dois. É no amor que uma relação é construída. Por ele e por todas as dádivas desse sentimento tão sublime que permanecemos juntos. Entretanto, presenciamos todos os dias muitas relações terminando mesmo com amor. Mas, então, qual será esse misterioso ingrediente salvo-conduto do apreço?

Não é fidelidade, nem paciência, compreensão ou zelo. A maior dádiva de quem ama é a renúncia. Isso mesmo! Acontece quando a gente releva um erro e compreende o outro em sua contradição a nós. Quando a gente olha por ela, renunciamos a nossa razão, a nossa verdade, o nosso bem-estar, nem que seja por um instante. E, mais do que tudo, ser leal é renunciar milhares de possibilidades em nome da felicidade do coração do outro.

Estar com nossa cara metade é renunciar o tempo todo. Outras companhias, outros encontros, outros momentos. Interagir com quem amamos é abrir mão de muitas ideias, de muitas vontades e até de comportamentos ou posturas. Porque é preciso que haja dentro do coração uma negociação de valores onde o que não é tao importante para a gente ou faz mal para a relação deve ser abdicado em função do bem maior: o laço de amor.

Quando compramos uma rosa, abrimos mão do nosso tempo, do nosso dinheiro e de qualquer outra direção que não seja para a pessoa para a qual vamos entregá-la. Corremos ainda o risco de nos espetar em seus espinhos pela carinhosa surpresa de causar contentamento, riso. E isso é renunciar por amor.

Quando aprendemos a lidar com nossos defeitos, brigamos contra eles e até procuramos ajuda para melhorar, estamos renunciando a nós mesmos. Desistimos de uma parte negativa de nós para manter a chama do amor, jogamos fora aquilo que temos de pior para mantermos o melhor em nossa vida. E acaba sendo uma renúncia por nós mesmos também porque diretamente beneficia a todo relacionamento. Por outro lado, há momentos em que somos nós que deixamos para lá erros e defeitos do nosso amor, desde que dentro dos limites da nossa alma.

Isso não quer dizer que devemos abandonar tudo que temos ou somos para manter uma relação. Não é isso. Mas existe um momento em que vontades, sentimentos e comportamentos entram em contradição na vida a dois e é nesse ponto que um e outro, ou quem sabe os dois, deve renunciar um pouco de si para manter o equilíbrio e principalmente o maravilhoso encaixe do amor, onde a personalidade de cada um permanece compatível ao sentimento lindo que une o casal.

E vale muito a pena. É uma troca muito injusta de tão vantajosa, porque o afeto é muito maior do que qualquer defeito que temos, porque os gestos que fazem a relação permanecer grande podem ser bem pequenos. Desistências que pouco doem proporcionam o extraordinário prazer de manter-se apaixonado. Outras desistências podem doer mais e ainda serem as melhores escolhas, porque renunciar na relação a dois é substituir qualquer coisa pelo amor.

E, então, no fim das contas, depois de abdicar tanto, a única renúncia incabível é a do carinho do outro. Nada vale a desistência de um amor verdadeiro, porque, afinal, hoje em dia, não há tantas oportunidades para o amor, que está escasso e fugaz, acaba em um sopro. É por isso que um sentimento assim deve ter prioridade. Portanto, quando tiver a oportunidade de mudar por amor, simplesmente, mude.

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(Imagem: Derick Santos)

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"Luciano Cazz é publicitário, ator, roteirista e autor do livro A TEMPESTADE DEPOIS DO ARCO-ÍRIS." Quer adquirir o livro? Clique no link que está aí em cima! E boa leitura!

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