Muitos me perguntam sobre a posição das mulheres. Fico até impressionado. Precisamos ainda falar? Mas precisa sim. Aqui vou explicar minha visão do machismo e, ainda, do machismo que encontramos nas tradições religiosas.
Primeiro, vamos falar o que me parece totalmente óbvio: chega de machismo! Machismo, ou sexismo, é parte de um processo danoso e falho: julgar um grupo de pessoas pela casca, pela superfície. Como se pudéssemos definir características e habilidades simplesmente pelos órgãos sexuais e cor da pele, ou pior ainda, nacionalidade, classe econômica e religião. Pelo amor de Deus!
Generalizações desta natureza não servem para nada, exceto para causar dor e confusão. Cada pessoa tem suas características. Nem sequer dá para generalizar sobre uma única pessoa! Cada um tem suas virtudes, seus pontos fracos, suas habilidades e seus defeitos. E tudo isso em constante mutação. O que dizer então de querer traçar paralelos e julgar todo um grupo gigantesco de pessoas. Nada de bom pode sair disso.
Que tal aquela famosa generalização: mulheres são mais emocionais. Ah, é? Raiva, inveja, frustração, ansiedade são emoções também. Conhece quantos homens desprovidos destas emoções? E homem é desprovido de amor? Espero que não. Todo ser humano experimenta emoções a cada instante, e seu comportamento é influenciado pelo que sente. Com qualquer ser humano, tudo é uma questão de oportunidade, encorajamento e treinamento. Com estes elementos, não há como traçar regras do que uma mulher vai fazer e o que um homem vai fazer. Vai depender do indivíduo e suas inclinações e inspirações.
Mulher é ruim nas exatas? Minha esposa tem doutorado em astrofísica. Mulher é ruim de luta? Então que um homem que pense assim que entre na gaiola do MMA com uma das milhares de profissionais de luta. Mulher não é valente? Então vai encarar as mulheres de batalhões de tropas especiais dos EUA, Noruega, Israel… e do BOPE aqui do Brasil. Besteira querer generalizar. Não funciona.
E como fica a questão do machismo que encontramos nas religiões, em gurus, santos e textos sagrados? Temos que entender que tudo espiritual é puro. Mas o espiritual quando se manifesta na matéria, naturalmente é tingido por ela. Grandes santos, grandes gurus e tradições inteiras naturalmente se manifestam dentro daquilo que é chamado de um “veículo cultural”.
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O fato é que, praticamente dizendo, o machismo predominou como um padrão da sociedade, até hoje. Em todos os lugares, em toda a história, com raríssimas exceções, manteve-se o conceito da mulher como um ser inferior em muitos aspectos, o homem como o líder da sociedade, e responsável por proteger e guiar a mulher. Naturalmente, portanto, esta influência se manifestou em textos sagrados e nas instruções de líderes espirituais.
Não devemos, portanto, julgar estas tradições e estes líderes religiosos por isso. Não acho justo culpar alguém por expressar o que, na época, era visto como algo normal e bem-intencionado. Era como estavam enxergando o mundo, há milênios!
Nem por isso devemos perpetuar esta visão que não mais nos serve. Então eu proponho este equilíbrio: não cometa o erro de julgar toda uma tradição ou um grande guru por expor conceitos que hoje soam como machistas, mas, por favor, não podemos perpetuar o erro. Vamos deixar claro que não há mais desculpa. Não devemos tolerar manifestações daquilo que sentimos ser uma visão retrograda e injusta, especialmente não da parte de líderes religiosos e muito menos de mestres espirituais. Vamos declarar abertamente que o machismo já era!