Cotidiano

Liberdade é se livrar do que faz mal

Liberdade é conseguir sair de relacionamentos falidos, de amizades insossas, de empregos desumanos, antes de sermos esmagados pelo peso de uma infelicidade que não nos pertence.

Fala-se muito em liberdade, hoje em dia, ainda mais por estarmos vivendo cada vez mais presos a tarefas, a serviços, a regras de como viver, como aparentar, como ser feliz. Ditam-se normas e modelos a serem seguidos, atrelados ao consumismo que confere status e à necessidade de se estar em um relacionamento, para que a felicidade plastificada possa ser estampada pelas redes sociais.

Na verdade, liberdade a gente conquista e sente intimamente, quando consegue se afastar do que faz mal, do que aprisiona nossa capacidade de ser feliz. Triste é viver uma vida pela metade, uma vida que parece não nos pertencer, por medo de nos lançarmos em direção aos nossos sonhos de vida, ao encontro de tudo o que alimenta as batidas de nossos corações.

Liberdade é conseguir manter aquilo em que se acredita, a despeito das contrariedades e dos nãos que se enfrentam por conta disso. É não deixar de manter firmes as convicções que sustentam os passos da jornada, seguindo sempre em frente, mesmo que doa, mesmo que desacreditem, ainda que desencorajem de todas as formas possíveis.

Ser livre implica aceitar-se exatamente como se é, não se importando com os ditames de modas e estilos, vestindo o que é confortável, ouvindo a música que agrada, frequentando os ambientes que trazem conforto e acolhimento. Liberdade tem a ver com o ir e vir leve, solto e sorridente. Liberdade é sabermos exatamente o que não deve fazer parte de nossas vidas, tendo certeza de quem deve cair fora, de quem não nos merece e não ficará nunca por perto. É conseguir sair de relacionamentos falidos, de amizades insossas, de empregos desumanos, antes de sermos esmagados pelo peso de uma infelicidade que não nos pertence.

Pessoas livres não têm medo da dor, não temem sofrer, pois conseguem enxergar o horizonte, o que vem depois da escuridão. Isso é esperança, fé, certeza de que recomeços podem vir todos os dias. Mesmo que sofram, que sejam julgadas, que percam e se percam, entendem que o tempo trará novas possibilidades e oportunidades. Portanto, liberdade não cai do nada no colo de ninguém; conquista-se, luta-se por ela, atravessando barreiras e temores, enfrentando julgamentos e dores.

Ser livre é um dos maiores prazeres da vida, simplesmente porque quem é livre já conseguiu expulsar de sua vida tudo e todos que a tornavam menos digna, menos vivida.

(Imagem: Robb Leahy)

Prof. Marcel Camargo

Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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