Seu cérebro tem trabalhado bastante. Afinal, estamos vivendo bastante hoje em dia, não é mesmo?
Consequentemente, queremos viver bem para aproveitar a vida ao máximo. É isso que impulsiona o dinâmico mundo da pesquisa em Medicina e outras Ciências da Saúde. E a parte mais misteriosa de tudo isso com certeza é o cérebro!
Sempre aparecem dicas e mais dicas por aí sobre o que é “bom” e o que é “ruim” para nossas mentes. E isso muda quase todo dia.
“Nossa, mas parece tudo tão difícil! Vou ter que sair por aí fazendo cursos e mais cursos para manter o meu cérebro em boa forma?”
Justo ao contrário! Estamos descobrindo como as atividades cotidianas, e não tão extraordinárias, é que realmente fazem a diferença quando falamos em saúde do cérebro.
Quer saber como o seu dia a dia pode afiar suas funções cerebrais? Veja a seguir o que suas atividades cotidianas podem fazer por você.
1. Cozinhar
Cozinhar pode parecer mais uma trabalheira do que uma forma de se exercitar, não é mesmo? Especialmente quando o hábito cai na rotina “sem-tempo” que vivemos.
Não para o cérebro. Preparar os alimentos é uma ótima forma de alimentar a sua massa cinzenta! Na verdade, ao longo da evolução, ela só chegou a esse tamanho porque começamos a cozinhar.
Ao cozinhar os alimentos, parte da digestão já está sendo “feita”. Imagina se sempre tivéssemos que mastigar carnes e vegetais duros, crus, com os pequenos dentes que a evolução nos proporcionou?
Preparar os alimentos libera mais prontamente os nutrientes deles para todo o corpo. Inclusive para o cérebro. [1] Além disso, cozinhar é uma meditação. Inclusive, práticas da meditação mindfulness incluem o preparo e a ingestão dos alimentos.
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Ao lidar com o alimento: sua forma, tamanho, peso, cor, consistência, gosto e todo o processo de mastigação, comer torna-se algo mais que só engolir. Quando os nutrientes estão pré-digeridos, a sensação do paladar é potencializada.
Cozinhar “meditando” serve para o relaxamento. Tanto que existem terapias baseadas na culinária para auxiliar pessoas com depressão, ansiedade e mesmo TDAH. [2]
“Ah, mas eu quero uma evidência mais objetiva!” Ok, então.
Cozinhar usa uma das habilidades mais complexas e únicas do cérebro humano: o planejamento. Para preparar um prato, você tem que coordenar desde a escolha e quantidade dos ingredientes, até como servi-los.
Eu pico isso? Coloco na panela ou no forno? Será que devo colocar mais sal? Pimenta?
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Foi comprovado em uma pesquisa com idosos. Cozinhar melhorou a capacidade de planejar e executar ações, não só na cozinha. [3] Cozinhar também permitiu escolher melhor os alimentos para uma alimentação mais saudável.
Já falei bastante, não é? Que tal ir fazer aquele bolo que sua família tanto gosta?
2. Ler livros
Aqui não tem muita novidade. Ler melhora a memória, aumenta o vocabulário e possibilita aprender coisas novas. A leitura também nos transporta para outros mundos. Literalmente! Ou quase, na verdade…
Pesquisas das Universidades de Buffalo e Ohio, nos EUA, demonstraram que nós adquirimos muitas características das personagens dos livros. Encarar a aventura de uma personagem ao conversar em busca de um aumento salarial te deixa com mais coragem para encarar o seu chefe, por exemplo. [4]
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Outro exemplo já investigado pela ciência: ler Marley & Eu fez com que as pessoas se tornassem mais solidárias com os donos de cães que elas encontravam por aí. [4]
Esse “efeito literatura” é mais legal do que se imagina: como, ao ler, você se coloca na pele das personagens, isso acaba se tornando um exercício de empatia. De fato, pesquisadores da Universidade de Nova Iorque mostraram que quem lia regularmente era mais empático que os demais sujeitos da pesquisa. [4]
3. Praticar exercícios físicos
Esse aqui todo mundo conhece e a gente sabe que faz bem. Inclusive faz parte do dia-a-dia de muita gente. Quem tem o hábito de se exercitar também já deve ter percebido que ficar muito tempo parado te deixa diferente. Cansado, devagar e mal-humorado.
Leia mais: Mais um estudo comprova que exercício físico funciona como um antidepressivo
Mas como o exercício faz a diferença?
Começa pelo mais óbvio: exercitar-se estimula o coração e intensifica a circulação. O sangue corre em maior volume por todo o corpo. O exercício aeróbico até aumenta os vasos sanguíneos do cérebro. Ou seja: nutrição aumentada para os neurônios.
Outro efeito: o exercício, principalmente o aeróbico, aumenta a produção de fatores de crescimento. [5] Essas substâncias, dentre outras funções, estimulam a proliferação de células nervosas. Mais neurônios, na verdade, significam maior possibilidade de aprendizado, já que novas conexões podem ser formadas.
De fato, pesquisas mostraram que quem pratica exercícios têm memória melhor e melhor função executiva (conseguem completar tarefas com mais facilidade). [6] Inclusive, quem pratica exercícios no dia-a-dia apresentaram capacidade aumentada de tomar decisões e mais autocontrole. [5]
Quem acha que atividade física e cérebro não combinam está perdendo uma ótima oportunidade de sair do sofá e melhorar sua performance cerebral.
4. Ouvir músicas
Música tem um efeito especial em nosso humor. Além de relaxar, nos permite sentir uma gama de emoções (seja curtindo um momento feliz ou uma fossa). E esse efeito por si só já mostra benefícios. Ao escutar música, as pessoas conseguem um melhor desempenho em diversas tarefas, segundo as pesquisas.
E isso não depende do tipo de música. Pop, metal, jazz, sertanejo, pagode, música clássica… É o estilo que você gostar. [7] Os estudos com ressonância magnética mostram ainda que ouvir música ativa áreas do cérebro envolvidas com as emoções, movimentos (sabe aquela vontade de dançar?) e memória!
Leia mais: Quais os benefícios psicológicos em escutar músicas?
Coincidência ou não, as pesquisas com camundongos mostraram que ouvir música aumentava a produção de fatores de crescimento também. O resultado era a maior produção de neurônios e sinapses no hipocampo, região do cérebro envolvida no registro de memórias. [8]
Parece benefício demais para algo tão divertido, não?
5. Tocar músicas
Se ouvir já gera tantos efeitos, imagina tocar um instrumento musical?! Pois é. Essa capacidade envolve múltiplas habilidades simultâneas: sentir o toque e manipular o instrumento, ler a partitura, ouvir a própria música. E por aí vai…
Tanto que os cérebros de quem toca um instrumento desde criança são maiores e com mais conexões “cruzadas”. Eles têm mais redes neuronais ligando múltiplas áreas de um hemisfério e mesmo ligando um hemisfério ao outro.
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Resultado: quem toca instrumentos tem uma percepção sensorial aumentada. Mais especificamente, ao tocar um instrumento, você consegue integrar melhor o tato, a visão e a audição. E também consegue discerni-los com mais facilidade. Isso foi observado após um teste em que os sujeitos recebiam 2 sinais sonoros ao mesmo tempo que um tátil.
Na maioria de nós, isso gera a ilusão de que a pessoa, na verdade, recebeu 2 estímulos táteis. Só que os músicos não caíram na armadilha! Eles conseguiram distinguir que os 3 estímulos eram diferentes, ao contrário da maioria dos “não-músicos”. [9]
6. Namorar
Aqui não é necessário nem mostrar uma vantagem para que a maioria das pessoas se interesse, não é mesmo? Amar alguém é uma experiência bem única e traz inúmeros benefícios, especialmente se o casal conseguir manter um relacionamento legal.
Leia mais: Você não escolhe o amor. O amor escolhe você.
Mas, além da segurança, do carinho, do relaxamento e da socialização que vêm com o namoro, existe uma “habilidade” específica que é desenvolvida através dele.
Já ouviu falar dos neurônios-espelho?
Eles compõem, dentre outras, uma região do cérebro chamada giro fusiforme, e sua função é crucial na socialização. Eles permitem interpretar emoções e pensamentos alheios.
Com essa área mais estimulada, o amor torna o casal de amantes mais capaz de entender como outras pessoas se sentem. E isso não se resume ao casal. Eles também conseguem entender melhor outras pessoas do seu convívio e desenvolvem mais empatia. [10]
Leia mais: Aprenda a identificar e gerenciar suas próprias emoções e as emoções dos outros
Além disso, outro benefício, esse agora relacionado ao sexo. Pesquisas mostraram que a atividade sexual aumenta a produção de neurônios no hipocampo. [11] Em outras palavras, potencializa a memória e o aprendizado, assim como o exercício e a música.
Parece que não faltam técnicas legais para melhorar a memória, não é mesmo?
7. Ter um animal de estimação
Quem gosta dos bichinhos de estimação e cria algum certamente não tem dúvidas quanto a isso. Os animais servem de companhia e basta uma brincadeira para que eles anulem o estresse do seu dia.
Leia mais: Os benefícios da convivência com animais
Até a Associação Americana do Coração (American Heart Association) afirma: ser dono de um animal reduz o colesterol e a pressão. Os donos até sobreviviam mais depois de sofrerem infartos. [12]
Não é à toa que eles são utilizados como formas complementares de terapia em alguns serviços de saúde. Mas o que os animais fazem com nossa massa cinzenta?
Em idosos institucionalizados, os cachorros estimularam a função cerebral a tal ponto que eles tiverem uma boa melhora cognitiva. Memória, humor e até coordenação motora. Na verdade, o Teste Mini-Mental desses idosos, adotado para avaliar as funções cognitivas, teve uma aumento de 4,5 na pontuação. Um tanto bom! [13]
E para o público jovem, qual é a habilidade aprendida? Socialização!
Leia mais: Ter cão ou gato diz muito sobre personalidade do dono, diz estudo Em outro estudo, pessoas com animais de estimação faziam muito mais amizades no seu bairro, condomínio, trabalho, escola etc. [14]
Eles colocaram 2 homens pedindo, aleatoriamente, telefones de mulheres na rua, como uma forma de paquera. Um andava sozinho e o outro, com um cachorro. Já adivinhou a resposta?
O homem passeando com o cachorro conseguiu 3 vezes mais telefones que o outro. [15]
Lapidar o cérebro está em suas mãos!
Por mais que a gente não perceba, o dia a dia já deixou de ser o dia a dia faz tempo. Vivemos em rotinas de trabalho muito intensas e desgastantes.
Não que o trabalho ou os estudos sejam algo negativo. Sem eles, você apenas sobrevive. Tanto pela liberdade financeira conquistada, como também por representarem excelentes estímulos para o seu cérebro no dia a dia. Com certeza muitos benéficos.
No entanto, como tudo na vida: o equilíbrio é que traz os benefícios.
Leia mais: Equilíbrio, seja bem-vindo às nossas vidas
Na Medicina existe um ditado: “O médico que só de medicina sabe, nem medicina sabe.” Bom, isso se aplica a qualquer situação. Não seremos saudáveis nem eficazes se nos deixarmos prender por uma atividade só. Ou pior, pelo estresse e privações que isso pode gerar.
Reflita: apesar dessas atividades que citamos serem consideradas corriqueiras em um dia-a-dia “normal”, quando foi a última vez que você leu um livro, cozinhou, correu no parque, sentou só para ouvir uma música, aprendeu a tocar um instrumento, saiu em um encontro ou passeou com seu cachorro?
Ter um corpo e mente saudáveis é algo mais acessível do que pode parecer! A prova está aí. O cérebro não precisa necessariamente de cursos, treinamentos específicos ou comidas estranhas. Como vimos, até mesmo as atividades da sua própria rotina podem ser suficientes.
O importante é equilibrar o seu dia a dia e praticar atividades variadas. Com isso, o seu cérebro ficará afiado, lapidado por boas experiências, saudável e preparado para qualquer situação.
Leia mais: Vida saudável é sinônimo de corpo e mente em equilíbrio
Agora que você sabe como usar o dia a dia a seu favor, vale a pena dar uma olhada nessas 20 dicas para desenvolver seu cérebro e atingir seu potencial.
Referências:
1. Scientific American
2. Psychology Today – 1
3. Frontiers in Psychology
4. Reader’s Digest
5. Frontiers in Aging Neuroscience
6. Educational Psychology Review
7. Medical Daily
8. Journal of Exercise Rehabilitation
9. Psychology Today – 2
10. Review of General Psychology (via PMC funders group)
11. The Atlantic
12. American Heart Association
13. University of Richmond Schorlarship Repository
14. PlosOne
15. Anthrozoos: A Multidisciplinary Journal of the Interactions of People and Animals
(Autor: Carlos Henrique)
(Fonte: meucerebro.com)
*Texto publicado com a autorização do administrador do site
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