Irmãos, inevitavelmente, brigam.
E os motivos variam, de acordo com a idade: pela atenção dos pais, para ter mais espaço, por pensarem de formas diferentes…
“A ambivalência é uma característica marcante do vínculo fraterno”, afirma Adriana Leônidas de Oliveira, psicóloga e professora da Unitau (Universidade de Taubaté).
A rivalidade entre irmãos é frequente e natural. Nosso desenvolvimento se dá a partir desse confronto, que acontece o tempo todo. “Durante toda a vida, os irmãos vão se identificar ou não um com o outro”, diz Adriana.
Os especialistas apontam dinâmicas de aproximação e afastamento entre os irmãos ao longo da vida inteira.
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Brigas comuns durante a infância e adolescência tendem a se dissipar na vida adulta, quando há um nivelamento dos momentos de cada um, pois passar por fases semelhantes pode levar a uma relação mais estável e harmoniosa.
“Chegará uma fase em que os irmãos viverão mais ou menos as mesmas situações: relacionadas a trabalho, casa, família, filhos. Então, eles tendem a se reaproximar”, segundo Luiza Maria Braga Silveira, psicoterapeuta e professora da UFCSPA (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre).
“Fizemos uma pesquisa com adultos de meia idade, sobre o significado dos irmãos na vida deles. Muitos falavam que tinham ficado afastados dos irmãos quando se casaram, pois não tinham muitas possibilidades de se encontrar. E, agora, as oportunidades apareceram novamente”, conta Plínio de Almeida Maciel Júnior, professor do departamento de Psicologia do Desenvolvimento da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
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Mas a aproximação com o amadurecimento não é uma regra. “Às vezes, alguns conflitos da infância permanecem, vão se arrastando. Seja por um irmão achar que o outro foi mais favorecido na relação com os pais ou por diferenças de temperamento”, afirma Luiza Maria.
Luiza diz que divergências de personalidade podem ser contornadas se houver disposição de cada um dos irmãos para tentar uma reconciliação. Muitas vezes, a pessoa enxerga seus defeitos e tenta mudá-los ao longo da vida. Mas há quem considere seus defeitos como parte da própria identidade, e espera que os outros se adaptem a eles
Obrigação de amar?
É comum que alguém ache estranho se deparar com irmãos que não se falam. “O brasileiro valoriza muito a família. É quase obrigatório: você tem de amar. Mas vínculo não é algo forçado, é algo que se constrói”, afirma Adriana.
De acordo com ela, quem não se sente próximo de seus irmãos busca cumplicidade e intimidade em outras pessoas: “Você pode eleger outras figuras para este papel, como amigos e primos”.
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O professor da PUC-SP diz que, caso as diferenças sejam fortes o suficiente para tornar a convivência muito conflituosa, é melhor manter a distância. “Se você discorda frontalmente da forma como o seu irmão vê o mundo e percebe que não conseguirá conviver, é melhor que cada um fique no seu canto”.
Para evitar constrangimentos, ele sugere que sejam estabelecidas negociações com a família, evitando, assim, confrontos desnecessários, como combinar que um passe a ceia de Natal com os pais e, o outro, almoce com eles no dia seguinte.
Para quem deseja uma reconciliação
Maria Luiza diz que compreender o motivo das brigas é a chave para os que desejam uma reaproximação.
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É preciso, portanto, refletir sobre as razões que levaram ao afastamento e conscientizar-se sobre a sua parcela de responsabilidade nisso. Colocar toda a culpa no outro não é razoável e dificulta o entendimento.
Muitas desavenças são mantidas por comodidade, segundo Maria Luiza: “Há pessoas que pensam que não têm como mudar e param de se incomodar com isso, como se conseguissem botar o problema em uma gaveta e se esquecer dele. Mas, em algum momento, essa gaveta será aberta e estará cheia de mofo e traça”.
(Autor: Katia Abreu)
(Fonte: estilo.uol.com.br )
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