Frequentemente associados a fantasias, os sonhos possuem uma importância real para a saúde: eles auxiliam na fixação da memória, revelam traços importantes do nosso estado emocional e podem fornecer boas ideias para os problemas do dia a dia.
Jogo da memória
A final, o que são os sonhos? A pergunta pode até parecer simples, mas um século de intensas pesquisas não foi suficiente para que médicos e psicólogos chegassem a um veredito. Há desde as antigas teorias que defendem os sonhos como mera atividade neurológica até os pesquisadores que se alinham ao pensamento de Sigmund Freud, que entendia o fenômeno como um material emocional passível de interpretação.
Na turma do meio-termo, encontra-se a psicóloga Deirdre Barrett, professora da Harvard Medical School. Para ela, sonhos são apenas pensamentos em um diferente estado bioquímico. “Dormindo, nós continuamos tendo as mesmas preocupações, medos e objetivos de quando acordados. Porém, os sonhos muitas vezes parecem não ter sentido porque o cérebro se encontra mais visual e emocional do que verbal”, explica a pesquisadora.
Mas em um aspecto quase todos concordam: os sonhos podem revelar muitos aspectos de nossa saúde física e mental.
O ato de dormir ajuda a suprir demandas fisiológicas importantes. Por exemplo, é durante o sono que ocorre a reposição dos neurotransmissores, substâncias responsáveis por modular as sensações de ansiedade, felicidade, a capacidade de fixar a atenção, entre outras funções.
Ao que tudo indica, os sonhos – que geralmente ocorrem na fase mais profunda do sono – também exercem um papel importante na saúde neurológica. Sua atuação está principalmente vinculada à cognição. “O sonho aparenta estar ligado à consolidação da memória emocional e à aprendizagem. As outras fases do sono parecem ser necessárias para a consolidação da memória simples”, resume a especialista Deirdre.
Ninguém precisa sonhar com o Freddy Krueger para acordar assustado. Assaltos, assombrações e acidentes fazem parte da lista dos pesadelos que assombram crianças e adultos. Os pesadelos não diferem em nada dos outros tipos de sonhos. “A maioria dos nossos pensamentos quando acordados também são de medos, fobias e sofrimento por antecipação. Ao dormirmos, esses mesmos pensamentos passam a ser representados de forma viva e surreal”, desmistifica Deirdre.
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É ainda comum pessoas que vivenciaram situações traumáticas marcantes – como violência urbana ou desastres naturais – apresentarem pesadelos recorrentes com o ocorrido. Nesses casos, os sonhos ruins podem ser sintomas de alguma coisa mais séria. “Pesadelos frequentes é um dos critérios menores para o diagnóstico do distúrbio do estresse pós-traumático. Evidentemente, isto não significa que todo indivíduo que apresente pesadelos recorrentes seja portador de perturbações”, contrapõe MarcosLima de Freitas, médico especializado em neurologia pela Universidade Autônoma de Barcelona.
Para Deirdre, os pesadelos causados por estresse pós-traumático resultam da ansiedade e da sensação de vigilância que a situação vivida acarreta. “É como se o sonhador fi casse sempre pronto para lutar ou fugir”, completa.
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Programando os sonhos
Assim como ocorre com os pensamentos, os sonhos podem ser programados. “Existem treinos mentais para estimular certos sonhos. Podemos torná-los mais lúcidos e, dessa forma, modificar o seu conteúdo”, pontua Júnior.
O processo, entretanto, não é simples. Especialistas orientam que é preciso estar relaxado e definir especificamente o assunto com o qual se deseja sonhar enquanto estiver deitado. Além disso, é importante visualizar o sonho como se ele estivesse acontecendo durante o estado de sonolência. ‘Também é possível se programar para lembrar o que se sonhou; Basta definir essa intenção na hora em que for adormecer”, orienta a pesquisadora.
Dicas para recordar o que sonhou
Durma oito horas por dia. “Vai ser mais fácil acordar em algum momento durante a noite e, assim, gravar o que se sonhou”, explica Deirdre Barrett.
Quando adormecer concentre sua atenção no desejo de lembrar seus sonhos ao acordar. “Repita para si mesmo diversas vezes: ‘eu irei acordar e recordá-los’”, orienta a psicóloga.
Acorde calmamente. Antes de se mover, abrir os olhos ou desviar o pensamento para outro assunto, tente se lembrar do que sonhou sem ansiedade.
Se vierem apenas algumas imagens, tente montar a sequência do sonho nos seus pensamentos. Basta focar na última imagem e se questionar: antes disso acontecer, o que eu estava fazendo?
Se ainda assim os sonhos permanecem desconhecidos, avalie os seus sentimentos. “Sonhos sempre nos deixam com algum resíduo emocional”, finaliza a especialista.
(Autor: Leonardo Valle)
(Fonte: revistavivasaude)
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