Atenção: o texto abaixo é um artigo raso, LEIGO e despretensioso acerca da possível ligação entre mentes notáveis e desequilíbrios de ordem mental.
Isto não é um trabalho acadêmico e o texto foi inteiramente feito por mim, Raquel Pinheiro, com base nas referências que estão postas ao longo do texto.
Críticas construtivas e acréscimos para o enriquecimento do post serão muitíssimo bem recebidos e avaliados. Aceito e peço humildemente apontamentos acerca de possíveis erros, por parte de todos os leitores, sobretudo por parte daqueles que têm ligação com o assunto, ou seja, profissionais e estudantes de psicologia. Todo conhecimento é válido e bem-vindo.
Mas qualquer crítica que tenha por objetivo apenas a refutação desnecessária de elementos do artigo em busca da deterioração da credibilidade deste, e da exaltação de uma sabedoria e cultura egocêntricas de algum psicólogo inseguro, será sumariamente deletada. Trolls não são alimentados em meus posts.
Há muito tempo existe uma discussão a respeito dos limiares que separam o que conhecemos ou definimos como genialidade / criatividade anormal e loucura. Talvez daí a célebre frase: “A ignorância é uma benção.”
Sim, é… Se você quiser se manter são (e quem liga para sanidade afinal?).
É inegável a grande proximidade entre estes dois aspectos. Não por acaso, muitos dos grandes gênios da humanidade apresentaram, em algum momento da vida, algum sintoma que denotasse desequilíbrio mental ou mesmo pequenos e grandes sintomas de desordens psicológicas e psiquiátricas.
Um aspecto curioso acerca dessa tênue linha que separa uma mente brilhante do caos cognitivo e emocional, é a correlação dos dois extremos (ou seriam vizinhos?) com fatores genéticos.
De acordo com estudo feito pelo psicólogo Dr. Glenn D. Wilson, do Gresham College (Genius and Madness, the Psychology of Creativity), haveria uma conexão, não efetivamente comprovada, mas escandalosamente “coincidente”, com fatores genéticos.
Haveria, segundo Glenn e alguns especialistas da área de psicologia, uma relação entre a existência de um grau de genialidade bastante intenso em pessoas cujos parentes mais próximos apresentassem distúrbios mentais sérios. Em outras palavras, pessoas de intelecto diferenciado teriam muitos casos de insanidade acometendo familiares próximos.
“Tenho me surpreendido em encontrar, com frequência, insanidade ou idiotice [a doença em si] em parentes próximos de pessoas intelectualmente mais capazes.” (Francis Galtan, Hereditary Genius, 1892)
Para ilustrar a afirmação acima, por exemplo, o doutor Glenn utilizou o exemplo de Eduard Einstein, filho do físico Albert Einstein. Eduard Einstein sofria de esquizofrenia em grau severo. Da mesma forma, Howard Phillip Lovecraft perdeu o pai em um hospício aos 3 anos de idade.
Leia Mais: ‘É loucura criarmos uma vida na qual só existam sucesso e felicidade’
Normalmente as desordens mentais acometeriam, mais frequentemente, os familiares de até segundo grau destes a quem chamamos de gênios.
Mas há um ponto curioso no caso da genialidade correlacionada à insanidade mental: parece que a predominância completa da loucura (em lugar de apenas sintomas isolados ou distúrbios menos graves) ocorre em escritores e pintores. Ou artistas de modo geral. Aqueles que lidam com as palavras, cores, traços e notas musicais parecem formar uma exceção à dúvida de até onde vai a fronteira entre o são e o brilhante, carregando em si não uma mistura dos atributos, mas uma forma de engajamento real e necessário entre a má função mental e a criatividade.
Diferentes dos homens geniais pela ciência e filosofia, os quais parecem vítimas do processo de desapego da realidade pelo muito que usam a mente em torno de questões insólitas, aqueles que estudam a criatividade por toda uma existência parecem precisar da maluquice como instrumento de trabalho.
Assim, não raramente vemos os artistas padecerem das piores mazelas mentais, dos mais graves casos de desordem psicológica, depressões severas, bipolaridade, flutuações de humor patológicas, ansiedade exacerbada e uso (e abuso) de álcool e drogas diversas. Ao que parece, a ciência é um pouco tolida pela loucura, mas a criatividade é amplamente alimentada por ela (Kyaga et al, 2012). Bom exemplo desse “estereótipo” é a escritora Virgínia Woolf, que tendo episódios de depressão e conhecido problema com alcoolismo, acabou por cometer suicídio, afogando-se num rio. E acho que nem preciso falar de Philip K. Dick, não é?
Alguns estudiosos categorizam estes gênios/loucos como “esquizotypes” ou, aportuguesando, esquizotipos (esquizotipos, prosódia incerta), ou seja, não necessariamente portadores de doenças mentais, mas possuidores de fortíssimas tendências ao desequilíbrio e sintomas que colocam suas faculdades mentais em óbvio questionamento.
O “esquizotipo” teria, de acordo ainda com Dr. Glenn D. Wilson, uma maior tendência à produção de dopamina, e testosterona correndo em quantidades maiores no sangue, o que lhe daria um caráter inquieto, apegado a vícios, deficitário na atenção a coisas normais e hiperfocado em outras coisas, memória incomum, ansiedade patológica e inquietude.
Entenda o que é dopamina aqui, bem rapidinho: Dopamina
Abaixo, seguem alguns poucos exemplos de renomados pensadores e artistas, pessoas indubitavelmente portadores de um intelecto ou talento notável, acompanhado por algum desequilíbrio:
Sir Isaac Newton
Um dos maiores cientistas do qual já se ouviu falar, introduziu ao mundo o conceito de gravidade e suas fórmulas – para cálculo e não apenas análise – , além de contribuir intensamente para os estudos da Mecânica, Ótica e Matemática.
No entanto, Newton parecia sofrer de intensas desordens de personalidade, sendo sempre desacreditado por amigos e pessoas próximas. Já ao final da vida, Isaac Newton afirmou ser capaz de decodificar mensagens ocultas na Bíblia (o que pode ter contribuído para sua fama como membro do Priorado de Sião). Além disso, o físico “previu” o fim do mundo para o ano de 2060 (e esperamos fervorosamente que seja mesmo loucura).
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Alguns biógrafos chegaram a “justificar” a insanidade de Isaac Newton como sendo um resultado de seus experimentos físicos com mercúrio, componente químico que poderia tê-lo intoxicado.
Amadeus Mozart
Nome indelével entre os imortais do pensamento, Amadeus Mozart ganhou sua fama por suas composições musicais. Mozart teria demonstrado habilidades prodigiosas com a arte desde a primeira infância, causando grande espanto nas pessoas mais próximas. Acredite ou não, Amadeus começou a compor aos cinco anos de idade.
O grande músico entendia o processo de composição como uma atividade consciente, que deveria ser empreendida com um propósito definido e à exaustão. Para Mozart, não haveria, na arte, lugar para inspiração.
Muito embora sua morte tenha sido atribuída a uma febre reumática, há fortes indícios de que a real causa mortis teria sido o avanço de uma Sífilis.
Wolfgang Amadeus Mozart parecia apresentar em sua personalidade uma complexidade que parecia encaixar-se em suas composições: o música sofria de severa depressão alternada com picos de euforia (algo que hoje seria definido como hipomania) e, no fim da vida Mozart já era oficialmente tido como louco, tendo rompantes de grandiosidade e sofrendo de delírios. Volátil, só era levado a sério por sua arte.
Van Gogh
Conhecido por suas pinceladas únicas, repletas de cores rasgadas entre fronteiras cortadas (como se fosse espelho, cada nuance, de sua personalidade partida), o pintor parece ser o melhor exemplo para ilustrar a forma etérea dos limites do são e do insano.
Van Gogh sofria de desordens de humor e labilidade emocional extrema, também relacionadas a períodos de depressão intercalados com momentos de extrema euforia. Especula-se que Van Gogh tenha cometido suicídio, embora não haja provas concretas disso. A causa? Aparentemente, um amigo por quem Vincent Van Gogh nutria sentimentos amorosos o teria desprezado. É claro que isso, se for verdade, nada significa em face do quadro de Esquizofrenia (de acordo com especulações de biógrafos) do artista. Há que se lembrar ainda da automutilação praticada por Vincent; um claro sinal de desequilíbrio.
Nikola Tesla
Embora não tão aclamado popularmente – mais conhecido propriamente entre o público nerd – , Tesla foi um grande inventor, manipulando e tornando sofisticada a tecnologia elétrica. Um dos experimentos de Tesla, se tivesse sido completamente bem sucedido, permitiria a propagação da energia elétrica sem o uso de fios elétricos (algo muito próximo do recurso Wi-fi, mas com eletricidade). Além dos dotes científicos, Nikola Tesla falava oito idiomas fluentemente e possuía memória fotográfica.
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Em compensação a seu incrível intelecto, Tesla afirmava ter inventado “Os raios da morte” (o que nem é tão surreal, se pensarmos que os raios emitidos pela Bobina de Tesla teriam de fato potencial para ocasionar óbitos) e clamava ser capaz de se comunicar com seres de outros planetas. Tesla também sofria de Transtorno Obsessivo Compulsivo, vivia uma vida celibatária, estava sempre recluso e dormia apenas duas horas por noite.
John Nash
Conhecido mundialmente por ter tido sua história contada no cinema no filme Uma Mente Brilhante, Nash foi ganhador do prêmio Nobel de matemática, tendo desenvolvido a teoria de jogo de probabilidades aplicada à interação social.
Nash sofria de esquizofrenia severa, chegando a ter fortes delírios que o levaram a necessitar de internação em uma clínica psiquiátrica. De acordo com o próprio John Nash: “Eu não teria tido tão boas ideias científicas se meus pensamentos fossem mais normais.”
Marcel Proust
Conhecido escritor francês, Proust foi o autor da famosa série “Em Busca do Tempo Perdido”, dividida em sete tomos.
Por sofrer de asma quando criança, foi taxado como “adoentado” durante toda sua vida. Sendo assim, filho de pais abastados e não “podendo” trabalhar, Proust dedicou sua existência à arte da palavra. Dono de uma literatura permeada por pensamentos pesados e soturnos, quase desesperançados, Proust era, claramente, vítima de depressão, vivendo sempre em isolamento, primeiro na casa dos pais e em seguida quando casado. Passou os últimos três anos de sua vida trancado em casa, dormindo de dia e escrevendo durante a noite.
Floberla Espanca
Poetisa portuguesa, fez da vida tumultuosa de exatos 36 anos uma existência plena no campo da catarse e do ser artístico. Florbela escreveu contos, poesias, um diário, epístolas, traduziu diversos livros ao longo de sua vida e foi colaboradora de vários jornais de índole duvidosa.
António José Saraiva e Oscar Lopes (em “História da Literatura Portuguesa”) descrevem Florbela como “uma das mais notáveis personalidades líricas isoladas, pela intensidade de um emotivo erotismo feminino, sem precedentes entre nós [portugueses], com tonalidades ora egoísta, ora de uma sublimada abnegação”.
Florbela teve, em vida, notável e estudada fixação pela figura do pai (João Espanca), logo transferida para homens com quem se relacionou e para o irmão, por quem nutria um sentimento fortemente incestuoso.
Seu objetivo – que lhe rendeu o título de Don Juanista de saias – era ser amada. Como foi “frustrada” sua busca, Bela suicidou-se com dois frascos de Veronal, no dia de seu aniversário. (Florbela Espanca, Uma vida perdida na Neurose, 2005, Lídia Craveiro)
Leia Mais: Ideias absurdas e medo de ficar louco(a)
Edgar Allan Poe
Nascido em Baltimore, foi autor, poeta, editor e crítico literário norte-americano. É considerado o pai da ficção policial.
Além das ideias mórbidas pregadas em cada poesia (quem nunca se arrepiou com The Raven, atire a primeira pedra) e em seus contos (sendo que Poe é hoje considerado o maior contista de todos os tempos), Poe teve problemas com alcoolismo durante a faculdade.
Aos 26 anos de idade, colocou o que restava de sua sanidade em questão ao casar-se com a própria prima de apenas 13 anos (o que configuraria uma cronoinversão). Os maiores mistérios são os que concernem à morte do escritor, encontrado jogado na sarjeta de uma rua de Baltimore, em estado de delirium tremens, dizendo coisas desconexas e completamente sem sentido. Poe foi internado, mas morreu quatro dias depois. Até hoje não se conhece a causa mortis, mas sabe-se que esta inclui um surto de insanidade mental.
Sade
Alphonse François de Sade, ou o Marquês de Sade para os íntimos, foi um proeminente escritor francês, amplamente conhecido e muito admirado (sim, admirado) por uma libertinagem visceral e doentia, que preenchia cada página de seus contos e histórias devassas. Além de escritor e dramaturgo, foi também filósofo de ideias baseadas no materialismo do século das luzes e do enciclopedismo.
As obras de Sade são de tal forma carregadas de uma crueza fria, escatológica e visceral misturada a uma sexualidade conspurcada por incestos e relações carnais incomuns, envolvendo muita dor e humilhação que, a Sade, se atribui a criação do Sadismo.
Basta que se leia Os 120 dias de Sodoma para que se tome proporção das perturbações do libertino autor. Como não poderia deixar de ser, Sade morreu aos 74 anos, internado no hospício de Charenton.
H. P. Lovecraft
Maldito seria uma definição adequada para o fazer literário de Howard Phillips Lovecraft. Seu princípio literário era o que ele chamava de “Cosmicismo” ou “Terror Cósmico”, que se resumiria à ideia de que o ser humano não pode compreender o sentido da vida e que as vidas extraterrestres seriam reais e muito hostis para com os homens.
Lovecraft produziu contos repletos de situações recheadas de um terror psicológico perturbador, além de criar um panteão de entidades indescritíveis, capaz de desafiar as mentes mais criativas. Aos dois anos, conta-se que Lovecraft já conseguia recitar poesias e compor versos aos seis.
Não há evidências claras de que doenças mentais tenham afetado o escritor, mas basta folhear sua obra para notar que criaturas de existências multidimensionais e monstros extraplanares não são exatamente comuns.
Charles Darwin
O mais conhecido teórico do Evolucionismo e um dos responsáveis pela mudança relativa à maneira como o mundo e suas origens são encarados, precursor de uma linha de pensamentos desafiadora, escritor de múltiplos textos científicos dentre os quais o mais conhecido é “A Origem das Espécies”… E um homem profundamente perturbado.
De acordo com acurado estudo promovido por Dr. Jerry Bergman (PhD em Biologia e pesquisador da área de biologia da Universidade Estadual de Northwest em Ohio), em seu artigo “Was Charles Darwin a Psycothic? A Study of his Mental Health”, Darwin sofreu de várias desordens psiquiátricas sérias e obstrutoras, incluindo Agorafobia (medo de ter crises de pânico conjugada a crises de pânico reais).
Leia Mais: Porquê ir ao psicólogo? Quem vai ao psicólogo é louco?
Seu estado mental foi de tal forma comprometedor que Darwin teria vivido, mais ou menos a partir dos 30 anos de idade, quase que completamente isolado em casa. Em algumas de suas crises psicológicas o próprio cientista relatava (em seu diário metodicamente organizado) alucinações visuais e auditivas, tremores, suor, palpitação, sensação de despersonalização, zumbido no ouvido e desordens gástricas (de origem emocional).
Friedrich Nietzsche
Nietzsche foi filólogo (envolvido nos estudos de textos clássicos de filosofia), filósofo, crítico, poeta e compositor e, possivelmente o maior nome do século XIX no âmbito do pensamento humano, sendo espelho e forte influencia para escritores, estudantes e pensadores ainda hoje.
Nietzsche conseguiu fazer da retórica a arte da contradição mal utilizada, declarou a “morte de Deus”, postulou sobre o “Eterno Retorno”. E assim como a complexidade de qualquer pensamento seu é de difícil paráfrase, a mente do ilustre filósofo pareceu exibir idêntica complexidade quando, indo ao extremo da genialidade, debilitou-se no sentido mais cruel da palavra.
Em 1889, Nietzsche sofreu um colapso mental quando da produção de Ecce homo. Para muitos inimigos do filósofo o colapso teria sido apenas o estopim de uma loucura latente, expressa em ideias desconexas e pensamentos fragmentados ao longo de seus escritos. Talvez… Fato é que logo após o início da ruína mental do filósofo alemão, Nietzsche e seus muitos pensamentos tornaram-se alvo de avaliação médico-psiquiátrica, tomando a série de desventuras psicológicas do pensador como “o caso Nietzsche”. (Para Além da Loucura e da Normalidade, 2005, Daniel Andrade) (Assim falou Nietzsche, 2008, Charles Feitosa)
Até que ponto esses estudos alcançam acuracidade biológica é difícil determinar. Biologicamente, talvez nossos conhecimentos concernentes ao campo da psique humana sejam ainda muito limitados. Mas, empiricamente, podemos dizer que as observações da vida e comportamentos de gênios e loucos não deixam conclusões muito diversas. Mas da próxima vez que vir na rua alguém rasgar dinheiro, dê uma olhada nos fragmentos da cédula. Talvez você encontre neles as respostas para a vida, o universo e tudo mais, uma ilustração impressionista ou um cálculo de probabilidades infinitas.
(Autora: Raquel Pinheiro)
(Fonte: nerdgeekfeelings)
*Texto publicado com autorização do site parceiro.
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