Sim, eu sou.

Incontestavelmente e faço esses testes no Facebook sobre o que eu sou e o que eu amo e tá lá: chocolate. Como não amar?

Ainda duvido. Não pode ser apenas gula comer um pedacinho de uma barra, ou um bombonzinho de uma caixa, e ter a compulsão de comer todo o resto da barra e todos os bombons da caixa, ora.

Chocolate tem um poder indubitável e afasta a carência sim!

Sonho de valsa, uma barra inteira, ou apenas um pedacinho depois do almoço, como recusar?

Eu escondo meus chocolates! Sou possessivo. Compro só pra mim. Não consigo agradar os meus amigos e não dou de presente chocolates. O chocolate faz parte do meu dia a dia.

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Nessas circunstâncias eu revelava o pior em mim: escondia a caixa, quando os amigos vinham me perguntar se eu teria algum docinho ou chocolatinho em casa respondia que não.

Tratava aquilo como um tesouro passível de ser descoberto, o que me preocupava a cada vez que alguém passava perto do esconderijo, e tinha uma taquicardia.

Pensando bem, a taquicardia podia bem ser pelo excesso de cafeína que eu ingeria com o meu, e só meu, consumo alimentar.

O chocolate tem poderes já constatados só que como todo prazer tem um efeito que me incomoda: meu abdômen não é mais o mesmo.

Um dia recorri à minha irmã, que mora na mesma casa que a minha. Pedi “socorro, me ajude, esconda de mim esse cálice”, e foi assim que começou a fase do esconde-esconde.

Mas não durou muito não. É difícil esconder chocolate de mim. Conheço o cheiro do chocolate, meu melhor amigo, meu amante.

Minha irmã escondia a caixa, quando eu precisasse muito demais de um gostinho de chocolate, ela pegava um sem que eu soubesse onde e as coisas se organizaram assim civilizadas durante uma semana. Até que chegou o final dela, a semana.

Sal de frutas foi pouco para o resto do meu dia. Autoestima no pé.

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Sinto que possa tê-los decepcionado, mas fui honesto, e estou aprendendo que, nas redes, honestidade é tudo.

Sim, sou o Shrek dos chocolates. Data de comemoração preferida? Páscoa. Perdoa-me Jesus Cristo?

Chocolate, que já foi artigo de luxo, popularizou-se como bem o merecia.

Demanda aumentada, pragas nas plantações, mudanças climáticas, o anticlímax anunciou-se: vai virar artigo de luxo outra vez. Mesmo.

E sem fazer fofoca, nada contra, a raiz do mal deve muito também ao aumento de consumo da iguaria pela Índia e pela China, ou seja, 36% da população mundial que antes não tinham o chocolate em sua alimentação, até que um dia alguém da região deve ter tido o gostinho, contou para outro e mais outro… E deu-se!

A oeste da África concentra-se a maior parte da produção mundial de cacau, região que anda sofrendo com o clima e a falta de tecnologia para combater as pragas nas plantações.

Enfim, caos anunciado. Ao final da matéria, o Brasil aparece bonito, anunciando uma saída para a crise através do aumento da produção de forma sustentável.

Deselegante, mas penso que sou ligeiramente, só um pouquinho, ligeiramente chocólatra.

Acho que sem conserto e até que a morte nos separe.

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É escritor, estudante de Psicologia e é colunista do site Fãs da Psicanálise.

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