Recentemente assisti ao remake do filme “Carrie, a Estranha”, baseada no livro de mesmo nome do maravilhoso Stephen King.
O filme conta a história de uma adolescente chamada Carrie que é filha de uma mãe religiosa ao extremo, que vê sua vida ficar ainda mais atormentada quando menstrua pela primeira vez no vestiário da escola e é vítima da maldade de algumas garotas da turma.
Carrie é uma adolescente comum, ou melhor, quase comum… ela tem poderes telecinéticos e teria tudo para ser uma adolescente “normal” se não fosse filha da sua mãe neurótica.
A mãe da garota possui uma sexualidade totalmente recalcada e desorganizada, disfarçada por um extremismo religioso cuja finalidade era inibir o desejo que se choca com a defesa. Explicando melhor, a mãe da Carrie usava o extremismo religioso como forma de compensar o desejo sexual que a consumia, mas que era contrário aos seus padrões de valores estabelecidos pelo seu superego.
Carrie nasceu de uma relação com um homem que se deitou com ela e que no meio da noite a assediou… foi egossintônico (prazeroso), mas ela não pode admitir isso, então para se redimir, usando o mecanismo de defesa, se refugiou na religião. Provavelmente também foi filha de uma mãe recalcada.
Enquanto assistia ao filme pensava em todas as jovens com as quais eu convivi no exercício da minha profissão. A garota do filme me fez recordar muitas delas, que eram realmente muito estranhas, pareciam deslocadas do mundo. Algumas, à primeira vista, eram extremamente tímidas, sequer levantavam os olhos ao passarem pelas pessoas; digo à primeira vista porque quando a barreira conseguia ser quebrada e elas permitiam uma aproximação, era possível perceber que por trás da estranheza, havia um ser humano cheio de lixo escondido embaixo do tapete, quase sempre gerado por uma família complicada, responsável pelo surgimento de uma neurose familiar.
Neurose familiar é um tipo de doença emocional na qual os delírios e neuroses dos pais interferem no desenvolvimento normal dos filhos, ou seja, pais neuróticos criam filhos neuróticos!
Pense na sua família, nos seus filhos… Você vê neles algumas manias que são suas? São manias saudáveis? Se não são, cuidado! Comece a se cuidar para evitar reproduzir neles neuras que são suas.
Outro lado desta moeda acontece quando pais e mães que tem uma sexualidade mal resolvida projetam isso sobre seus filhos, querendo e muitas vezes fazendo que eles também reproduzam nos seus relacionamentos e na vida os mesmos comportamentos nocivos dos pais.
Portanto senhores pais, a dica de hoje é a seguinte: cuidem de suas cabeças, de suas emoções, não fujam de quem vocês são, se conheçam e se aceitem e deixem que seus filhos sejam quem eles quiserem e puderem ser. Conversem e orientem seus filhos… Não conseguem falar com eles sobre coisas que são desagradáveis ou difíceis para vocês, busquem ajuda profissional. E se perceberem que seus filhos são estranhos, cuidado, os estranhos podem ser vocês. Eles só refletem a educação e os modelos que vocês, pais, dão. Vocês são os espelhos, seus filhos, os reflexos!
Pensem nisso!
(Autora: Cláudia Pedrozo, trabalha na Educação Pública de São Paulo há 26 anos.
Já foi professora, coordenadora pedagógica, diretora de escola e atualmente está na Supervisão de Ensino.
É Pedagoga de formação, pós graduada em Gestão Escolar pela Unicamp, em Psicopedagogia pelo CEUNSP e é Psicanalista pelo WCCA)
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Me identifiquei com o texto. Minha mãe era super complicada e acabei me tornando a complicada tb. No final a culpa sempre era minha....Espero q vc faça mais textos assim
No meu caso, não tive pai, e tive que praticamente cuidar de minha mãe sozinha, isso até ela engravidar novamente quando eu tinha 13 anos, assim tive que cuidar dela e do meu irmão que tb não teve pai.FAco terapia até hoje, é meu irmão vive com el aos traços e barrancos, brigam o tempo todo e pedem minha ajuda constantemente.isso me consome, sou casada, tenho uma filha, mas não consigo superar inúmeras falhas em minha criação, tenho muito medo de passar para minha filha, minhas neuroses, causadas pela minha mãe.