Não tenho essa necessidade de estar com alguém para me sentir completa. Do que adianta começar um relacionamento e não ter a certeza e a possibilidade de estar ali, espirituosa e sincera, do jeitinho que realmente sou? Tô solteira porque não escondo os meus inteiros. É simples.

Para muitos, a carência fala mais alto. Essa gente que não sabe sustentar o próprio amor e trata logo de correr para os braços de alguém. Gente que se coloca abaixo do que merece, sem um pingo de consideração pelas próprias vontades. Não faz o menor sentido abrir mão de si para ganhar afetos parcelados. Sinceramente, não preciso disso.

Se for para entrar na vida de alguém, que seja demonstrando a minha melhor versão. E ela não faz jogos, não fica brincando de dois pesos e duas medidas e, para o desespero dos inquietos, também não economiza na hora de dizer a que veio. Sou tudo quando há amor e interesse. Nada ou ninguém me fará sentir vergonha por isso.

Quero o pacote completo. Quero a cumplicidade dos verdadeiros amantes. Se for para brincar de ser, melhor nem acenar na minha direção. É que já passei da fase de experimentar amores. Hoje, sei o que me cabe. Não crio vínculos por conveniência. Gosto dos laços sinceros. Prefiro deixar o pouco para quem se contenta com pouco. Vai saber, sempre vai existir uma metade para outra.

Talvez eu seja exigente demais. Mas não dá para seguir com menos, essa é a verdade. Faço o que posso, lido com os meus problemas, pago minhas contas e tenho liberdades conquistadas através de muitos esforços. O mínimo, para não dizer justo, é poder escolher a minha própria companhia em vez daquelas furadas que se dizem amores.

Tô solteira porque não escondo os meus inteiros. Porque não acostumo com achismos, carinhos obsessivos e ausências de intelectos. Quero alguém que transborde, como eu, reciprocidade dos pés à cabeça.

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Cidadão do mundo com raízes no Rio de Janeiro. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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