O envelhecimento populacional a que o mundo tem assistido nas últimas décadas, fruto do aumento da esperança de vida e da diminuição da taxa de natalidade, constitui um êxito para a sociedade, enquanto levanta simultaneamente uma série de preocupações relacionadas com a saúde, a segurança, a participação e a assistência a prestar a esta faixa etária.
A idade é um dos principais factores de risco para o desenvolvimento da demência. Contudo, é importante salientar que a demência não é parte do processo do envelhecimento normal.
Em 2012, a Organização Mundial de Saúde publicou o relatório Dementia, a Public Health Issue, estimando que a prevalência da demência nas pessoas com 60 ou mais anos varie entre 5% e 7%, aumentando exponencialmente com a idade.
Especificamente, na zona da Europa Ocidental, a prevalência duplica com um incremento de 6,3 anos na idade. Estimativas da Prevalência e dos Encargos Financeiros com a Medicação, estimaram que em 2013 a prevalência da demência no grupo dos 60+ seria de 5,91%, o que corresponderia a aproximadamente 160287 pessoas com demência, observando-se um aumento no número de pessoas com demência à medida que avançamos no grupo etário.
A demência é uma síndrome que pode resultar de uma série de condições que afetam o cérebro com consequências avassaladoras para o doente e para os seus familiares e prestadores de cuidados, e que pode ter várias causas, sendo a Doença de Alzheimer a principal. A demência afeta a pessoa a vários níveis, nomeadamente cognitivo, funcional e social.
Assim, os critérios que definem a demência, segundo a 5ª Edição do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria (2014), são: i) declínio em um ou mais domínios cognitivos, quando comparado com um nível anterior de funcionamento, nomeadamente no domínio da atenção complexa, função executiva, aprendizagem e memória, linguagem, perceptivo-motor e cognição social; ii) interferência nas atividades de vida diária; e, iii) ausência de delirium.
De acordo com a fase de evolução da doença, os sintomas e sinais mais frequentemente manifestados podem ser diferentes.
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Na sua maioria, as doenças na origem da demência são incuráveis e provocam um declínio cognitivo crescente e irreversível. Conhecer os factores de risco, em particular os modificáveis, e os factores protetores da demência é um passo essencial para definir estratégias de prevenção, na tentativa de reduzir o risco de desenvolvimento da doença.
É possível prevenir?
Assim como para outras doenças, o estilo de vida e a saúde podem reduzir bastante o risco de desenvolver uma demência. Um estudo sugere que as recomendações dadas para reduzir o risco de morte por cancro, diabetes, doença cardiovascular e doenças crônicas respiratórias podem perfeitamente ser adequadas para a prevenção da demência.
Entre essas recomendações encontram-se a redução do consumo de tabaco, a redução do consumo de sal, redução do consumo de álcool, aumento dos níveis de atividade e uso adequado da medicação.
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Especificamente para a prevenção da demência, a mesma organização enfatiza o controlo da diabetes, a cessação tabágica e o aumento da atividade física e mental. A mudança de hábitos e estilos de vida está ao alcance de todos e pode (e deve!) acontecer em qualquer momento da vida.
Manifestações frequentes na demência
Fase inicial
– esquecimentos, principalmente de acontecimentos recentes;
– dificuldade em encontrar as palavras;
– dificuldades de orientação no tempo (dia, mês, estação do ano) e no espaço (perder-se em lugares familiares);
– dificuldade em tomar decisões e gerir as finanças pessoais;
– dificuldade em desempenhar tarefas domésticas complexas;
– alterações de humor e comportamento.
Fase intermédia
– agravamento nos esquecimentos, principalmente de acontecimentos recentes e nomes de pessoas;
– dificuldades em compreender as noções relacionadas com o tempo e o espaço e em orientar-se a estes níveis (e.g. perder-se dentro de casa);
– maiores dificuldade na comunicação (compreensiva e expressiva);
– necessidade de ajuda nos cuidados pessoais;
– necessidade de ajuda em atividades de vida diária mais complexas tais como cozinhar, limpar, ir às compras;
– incapaz de viver sozinho/a;
– alterações comportamentais (e.g. deambular, perturbação do sono, comportamento inapropriado como desinibição ou agressão);
Fase tardia
– caracterizada por quase total dependência e inatividade;
– sem noção de tempo e espaço;
– dificuldade em compreender o que se passa à sua volta;
– dificuldade em reconhecer pessoas próximas tais como amigos e família, assim como objetos familiares;
– incapaz de comer sem ajuda e dificuldades em engolir;
– maior necessidade de ajuda nos cuidados pessoais;
– incontinência;
– dificuldades em andar, podendo necessitar de cadeira de rodas ou ficar acamado;
– alterações comportamentais que podem incluir agressividade relativamente ao cuidador
Fonte: Público Portugal
Autor: Maria João Azevedo
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