Comportamento

Estar triste é uma virtude

Estar triste é uma virtude. Hoje em dia a maior parte das pessoas prefere fingir que está feliz.

Vivemos tempos de um falso positivismo – tudo é positivo. Trabalhar positivo, viver positivo, ser positivo.

Decerto é preferível aceitar a vida de uma maneira positiva do que ao contrário. Mas é importante que seja um positivismo verdadeiro, não daqueles encapotados, que soa a falso.

Tapar o sol com a peneira nunca foi muito eficiente afinal de contas.

Uma das coisas mais certas que temos enquanto seres humanos é que somos seres de emoções – positivas, negativas, boas e más.

Estar triste então é uma virtude porque exige concentração. Exige que saibamos onde estamos, o que nos aconteceu e o que precisamos de resolver!

Assim, estar triste e viver triste são duas coisas completamente diferentes; aliás sintomas como o choro nem são critérios essenciais para o diagnóstico de uma depressão, quanto mais para o resto.

Quando alguma coisa de mal nos acontece, ficamos tristes. Acontece à criança quando perde o brinquedo, acontece-nos a nós quando perdemos algo que gostamos. Isso é sinônimo de saúde e não o inverso.

Mau era se depois de uma tempestade, que destruiu grande parte de nós, continuássemos felizes da vida.

Então, para que tenhamos resiliência é importante que lidemos com a tristeza. Se não ficarmos tristes, nada temos para superar.

Não liguemos a quem nos diz que a vida é um mar de rosas – que se nos concentrarmos muito em certas coisas, a nossa vida correrá bem e se andarmos tristes e mal humorados coisas de mal nos irão acontecer. Acredito que seja um caminho perigoso.

Quando nos acontece algo de mal temos que o superar não esconder. E a vida de vez em quando dá-nos uma pancada tão forte que nem sabemos como vamos aguentar.

Estar triste é uma virtude porque implica mudança, o enfrentar de uma adversidade, o procurar algo nas entranhas que nos deixe mais próximo daquilo que achamos que somos.

Estar triste está e sempre esteve na base de grande parte do nosso crescimento. Canalizar a tristeza é essencial e não fazer de conta que ela não existe.

Até porque ela existe mesmo e lá irá continuar enquanto não a abraçamos como nossa.

(Imagem: freestocks.org)

João Fernando Martins

Psicólogo Clínico e Forense Membro efectivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses Licenciado em Psicologia, Mestre em Medicina Legal, Dirige atualmente o seu gabinete de psicologia, colaborando também com outras 6 clínicas no Porto. Dedica-se também à formação e ensino, tendo sido recorrentemente convidado como Orador e Palestrante em várias universidades da zona norte de Portugal. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

View Comments

Share
Published by
João Fernando Martins

Recent Posts

Precisa de uma sala de jogos e está com orçamento limitado? Aqui estão 9 ideias para criar uma experiência imersiva

Encontre uma área divertida e relaxante na sua casa para transformá-la! Aprenda como seu estilo…

1 semana ago

O que você precisa saber sobre jogos de cassino on-line agora mesmo

Os jogos de cassino on-line cresceram muito nos últimos anos, e não é de se…

4 semanas ago

Realidade virtual e aumentada: o futuro da imersão de iGaming

Nos últimos anos, a indústria de iGaming (jogos de apostas online) passou por transformações significativas,…

2 meses ago

A compulsão por jogos sob a perspectiva da epigenética e da constelação familiar

Utilizando terapias para uma nova abordagem ao problema A compulsão por jogos cresce na sociedade…

2 meses ago

As melhores estratégias para jogar em cassinos ao vivo

Agora, a indústria de jogos de azar online está crescendo, o que não é surpreendente,…

3 meses ago

Três jogos de cassino populares que tiveram seu início na televisão

Muitos dos jogos de cassino mais famosos existem há séculos, como o Blackjack e a…

4 meses ago