Uma das coisas essências nos trabalhos que ocupam a mente é o foco e o engajamento. Quando eu encontrei o foco no que eu queria, abriu-se um leque de possibilidades para que eu não saísse do intuito de que eu não iria desistir. Os pacientes com esquizofrenia têm dificuldade de concentração e principalmente foco.
O importante é o incentivo de não desistir. E alguém precisa fazer esse papel! E esse papel pode ser feito por um familiar ou mesmo um profissional de saúde. Sempre é necessário o trabalho de abordagem no que o paciente tem mais desenvoltura. Apresentar a eles as diversas atividades que podem entretê-los é fundamental. Tenha a certeza que ele vai querer desistir diversas vezes. Quando eu pensava em desistir eu tinha um incentivo. O começo é sempre de muitos erros, ansiedade e inquietação. Sim, temos mania de perfeição e achamos sempre que somos os piores e que tem alguém que faz melhor.
Vejamos que o conceito de arte, por exemplo, deva ser ditado como algo individual. Cada um tem o seu toque diferencial. Não existe competição de quem faz melhor! É sempre bom deixar isso claro para que não haja uma desistência.
A arte dá uma sensação de bem estar maravilhosa quando você inicia o processo terapêutico que motivam e dão significado a você, com isso os níveis de serotonina vão sendo ativados e abrindo espaço ao bem estar e satisfação pessoal.
Lembro-me de exercitar muito a memória. Porque fazer o que se gosta com frequência ativa o cérebro a executar a ação que exercitam memória, criatividade e concentração quase de modo automático. Porém é interessante que façamos atividade variadas ao longo do dia para que não seja estressante e até aumentando os níveis de cortisol – hormônio do estresse. Junto disso interessante citar o poder de melhorar a coordenação motora tão afetada por causa dos remédios.
Eu criei uma auto-expressão porque a atividade me deu uma forma de demonstração de sentimento e de capacidade de criação. Provei pra mim mesmo que sou capaz! Além disso, me trouxe uma sensação de calmante e acabei relaxando. Nesse aspecto e dentre os que eu citei a ocupação nos tornando mais produtivos e consequentemente talvez muito mais independentes, nos torna úteis.
Precisamos criar essa importância de que somos realmente úteis. A sensação de que não significamos nada para a sociedade é um precipício para quem já está vulnerável a tristeza e ostracismo.
O trabalho seja ele rentável ou não nos dignifica, nos da propriedade de fala e principalmente nos da um identidade. Precisamos tirar o estereótipo de doentes não só para a sociedade como para nos mesmos!
Daniel Velloso – Artista Visual
Colaboração: Tiago Ribeiro da Silva – Terapeuta Ocupacional
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