Num lapso, quando menos esperamos, o curso das coisas pode mudar e aquela escuridão que tanto nos acompanhou pode desaparecer. Ao virar da esquina ou mesmo à porta daquela frequentada lanchonete no meio da cidade, por um acaso, pode lá estar ela, a Esperança.
Ela pode vir disfarçada e, por distração, passar-nos ao lado, perto, entretanto, o suficiente para sentirmos a singularidade do seu cheiro e notarmos a perspicácia do seu estilo.
A Esperança anda perdida por aí, com um sorriso simples no rosto, cheia de sonhos inocentes e à espera de um futuro.
No meio de tanta angústia, a felicidade pode estar mais próxima do que pensamos e a possibilidade de reinventar-se face aos holocaustos da vida é emancipadora. Renascer é a virtude e, talvez, o segredo para a vida.
É a tal de Esperança, pequena, meiga, sensível e, quase sempre, discreta para o mundo mas presente para quem ainda guarda algum tempo para contemplar os mistérios da natureza.
Leia mais: O que você pensa e planeja de seu futuro?
É a Esperança, com o leve sorriso de quem sabe que, apesar de tudo, o futuro será melhor e, depois de uma tenebrosa noite, a imensidão de um sol sempre espera por nós.
É a lógica natural da estranha dicotomia entre a dor e o prazer pregando-nos partidas engraçadas, até certo ponto.
São os surpreendentes mistérios da natureza que nos permitem sempre renascer, legitimando a ideia de que a vida é nada mais do que um conjunto de escolhas, que não são certas nem erradas, são meras opções.
É a vida a acontecer e, infelizmente, por vezes, estamos distraídos demais para perceber os seus contornos e sentir o sortilégio da existência.
Leia mais: Por que a fé soluciona?
Os mais sabidos dizem que não há fórmulas mágicas para a felicidade e parece que o segredo é muito óbvio: fé e perseverança. Não sei. Talvez estejam certos.
No meu caso, a verdade é que a Esperança que eu conheci na manhã daquela sexta-feira de inverno fez-me pensar em tudo. Pensei em mim e em toda esta loucura, a existência. E percebi que sempre existem alternativas e que nenhuma angustia eterna.
A felicidade pode estar escondida ao virar da esquina e o amor é sempre um termo pensado no infinito.
Mesmo sem saber qual é o real significado de tudo isto e se realmente há alguma lógica na existência, a minha Esperança diz-me que quer ser feliz e, pelos vistos, está disposta a dar tudo para o efeito.
Leia mais: Em Busca da Felicidade…
Mas, por um instante, na deidade daquele primeiro sorriso por mim roubado, ela nota que a felicidade é, na verdade, um momento e que não há tempo a perder para quem à natureza pede a luz de um luar e os suspiros de uma pessoa querida na noite de um sábado inesquecível no inverno de agosto.
A Esperança anda perdida por aí, acredite.