Mais do que um simples teste designado ao entretenimento, gostaria também de lhe trazer uma reflexão acerca da saúde mental e emocional. Uma abordagem sucinta acerca dos nossos vazios interiores. Muitos estudiosos da saúde mental e da neurociência, explicam sobre a várias fases de transformação do cérebro humano e o quanto essas transformações podem afetar positiva e negativamente a nossa psiquê. Neste excerto, mostrarei apenas uma pequena explanação de 5 fases do desenvolvimento psíquico humano.

Na primeira fase encontramos a resposta a terrível sensação de vazio interior, de não pertencimento ao mundo. O psicanalista francês Jacques Lacan, postula que a angústia nasce com a vida; que quando nascemos somos expulsos do paraíso (o ventre materno), e a primeira sensação que sentimos é a do abandono: não temos mais um corpo imaginário, não temos identidade, não temos quem nos supre todas as necessidades, não temos mais o paraíso. Fomos expulsos e abandonados à mercê do frio, do desconhecido, das dores físicas e psíquicas.

Desde então, a nossa busca na Terra sempre será o preenchimento desse vazio, a busca pelo afeto que nos livrará das terríveis sensações de abandono, e de não pertencimento ao mundo. Nossa busca será para todo o sempre a ressignificação do abandono e da dor de existir fora do paraíso. E para isso faremos escolhas e tomaremos decisões, muitas vezes erradas, entraremos por caminhos tortuosos e engendraremos por vícios, hábitos ou manias… para nos sentir preenchidos.

Em qual fase do desenvolvimento psíquico você ficou parado?

Como vimos, o momento do nascimento é a primeira fase da existência. Fase esta que ficamos arraigados eternamente. Entretanto, para responder ao teste proposto, vamos nos atentar para três fases do desenvolvimento humano descritas por Freud, e uma fase descrita por Jacques Lacan.

Lembre-se que este teste é para o entretenimento. Uma pessoa jamais poderá ser avaliada por uma única escolha, neste caso, uma imagem.

Figura 1 – Espelho – Segundo J. Lacan, fase da constituição do ser humano que se situa entre os seis e os dezoito meses; a criança não se reconhece no espelho, ela não sabe que aquele reflexo é o seu reflexo que aquele corpo é o seu corpo. Exatamente como os cãezinhos que se olham no espelho e ladram pelo instinto de estar olhando para outro cão. O adulto que não absorveu toda a positividade psíquica dessa fase, é aquela que não tem amor próprio; que não se dá o devido valor; que não se respeita; que não se coloca em primeiro lugar; que necessita o tempo inteiro da validação do outro; que é tão boa para os outros que chega a ser ruim para si mesma. Se você está parada nessa fase, pense o seguinte: as pessoas nos dão valor que a gente se dá. Quando você se respeita, se valoriza, se ama, você indica aos outros o modo como você deve ser tratado.

Figura 2 – Antúrio – O Antúrio aqui representa a Fase Fálica descrita por Freud, que ocorre entre os 3 e os 5 anos. A Fase Fálica é a base da formação do reconhecimento, da busca por provisões, por ser amado, valorizado e aceito. É quando a criança começa a prestar atenção nos órgãos sexuais dela e dos pais. É o início da sexualização e da afetividade. O sistema psíquico inaugura o medo da perda, quando inconscientemente o menina e a menina temem a ‘castração fálica’. O adulto que não absorveu toda a positividade psíquica dessa fase, é aquele que reprime os seus sentimentos; que cobra demais de si mesmo; que não se permite à satisfação de seus anseios; que não suporta a ideia de ser pego num erro; que tão logo se imagina posto contra a parede, estremece. Tudo para ele precisa ser – aos olhos dos outros – perfeito. Entretanto, se isso não for trabalhado com coragem, a pessoa pode desenvolver comportamentos escusos e fetiches perigosos.

Figura 1 – Trono – O trono aqui, representa a fase anal, descrita por Freud, que se inicia por volta dos 18 meses a 2 anos e dura até os 4 ou 5 anos de idade. É quando se estruturam as bases, da segurança psíquica e da formação de valores. Nessa fase a criança está aprendendo a não fazer suas necessidades na fralda e a usar o peniquinho. Ela é aplaudida quando faz suas necessidades no penico, mas é reprimida quando faz na fralda, na roupa, na cama ou na frente das visitas. É uma fase muito confusa, pois a criança descobre que algo que fez, que saiu do seu próprio corpo, é ao mesmo tempo bom e ruim. É bom porque lhe trouxe prazer, e é ruim porque não pode ser feito na frente dos outros. O adulto que não absorveu toda a positividade psíquica dessa fase, tem muita dificuldade de aceitar seus próprios erros, se considera um fracassado, alguém incapaz de acertar, de agradar, de fazer a coisa certa. A coisa certa para ele seria nunca contrariar, nunca decepcionar, sempre surpreender positivamente, sempre ser reconhecido, aplaudido.

Figura 4 – Bombons – Os bombons estão representando a Fase Oral, que vai do nascimento até aproximadamente os 2 anos de idade. Foi chamada de Fase Sádico Oral por Melanie Klein, de Fase Oral, ou Canibalesca por Freud. A Fase Oral é a primeira fase da evolução da libido (prazer), que é a nossa energia de vida, e a nossa energia de vida neste período está na boca; todo o prazer se dá pela boca, então a criança chora, mama, chupa o dedo, leva todos os objetos à boca. A criança descobre que a satisfação de um prazer silencia suas angustias, suas dores, suas carências, seus medos. É nessa fase que a criança aprende – inconscientemente – a manipular o outro para conseguir o que deseja. O adulto que não absorveu toda a positividade psíquica dessa fase, costuma ser hedonista, aquele que afirma que o prazer é o bem supremo da vida humana, como se viesse ao mundo a passeio e busca sempre o benefício próprio em detrimento das obrigações para com o outro e com o mundo, de modo geral. A Fase Oral é uma das fases onde mais ficamos parados, pois o humanidade é hedonista e a busca pelo prazer é um poço que nunca se enche, mesmo que transborde. Outrossim, os vícios são desencadeados por causa dessa busca. Entretanto, é exatamente essa busca infinita pelo prazer, pelo preenchimento dos vazios, que faz com rodas sejam inventadas.

Texto da escritora, psicopedagoga e psicanalista Clara Dawn para o Portal Raízes – Nós indicamos esse super site ?

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