Sabe essa mulher forte que você conhece e que talvez divida o seu cotidiano com ela? É sobre ela que eu quero falar. Eu desconfio que você não a conhece como pensa conhecer.
Vou lhe contar um segredo: ela não é tão forte como parece, ainda ontem ela chorou no chuveiro. Sim, ela chora com frequência, mas chora escondido, talvez para não decepcionar as pessoas que a enxergam como uma rocha.
Ela é forte, sim, mas está exausta, torcendo para que alguém a olhe nos olhos e diga: “Você quer conversar um pouco? Estou interessada em ouvi-la.”
É que faz tempo que ela vem enxugando as lágrimas dos outros e despejando as delas na fronha do travesseiro.
Para ser sincera, ela anda cansada desse rótulo de “forte”, sabe por quê? Porque ser forte não foi uma escolha dela, foi uma imposição que a vida lhe fez para dar conta do recado.
Vou revelar a você um segredo: dentro daquela mulher mora uma menina ferida que nunca teve tempo para brincar.
Ela sente falta de colo; ela sente falta de beijos na testa na hora de dormir; ela sente falta de um chazinho quando está resfriada.
Ela sente falta de alguém que se importe de verdade, mas ninguém percebe isso.
Ela carrega na alma um baú de sonhos. Mas ela já não consegue identificar quais sonhos morreram, quais estão adormecidos ou quais estão apenas empoeirados. Está tudo bagunçado porque ela nunca teve tempo de se dedicar às próprias vontades, ela teve que sobreviver e se reinventar a cada rasteira que levou da vida.
Por trás desse jeitão prático e funcional, existe muita doçura, mas ela prefere disfarçar porque a vida se apresentou a ela como um ringue de lutas.
Inconscientemente, ela espera que a vida lhe devolva os dias em que ela foi privada de brincar, de rodopiar, de sorrir, de desenhar, de se enfeitar…de festejar.
Acho justo que o desejo dela seja atendido e torço para que tudo o que ela chorou seja transformado em riso.