Cresci com a minha mãe me dizendo “não faça com os outros o que você não gostaria que fizessem com você” e por esse conselho moldei a forma como enxergava e lidava com o mundo. Baseando tudo em mim mesma.
Parece correto, não parece? É o que chamamos de empatia. Se colocar no lugar do outro e então enxergar e sentir aquela determinada situação para entender as atitudes do outro.
Quando tinha por volta dos 15 anos, uma amiga de classe ficou uma semana sem ir pra escola. Perdeu matéria, perdeu prova e poderia até perder o ano letivo. Quando ela voltou, perguntamos o que tinha acontecido. Para a nossa surpresa o motivo dela ter faltado uma semana inteira de aula era porque o seu porquinho da índia havia morrido. A primeira reação de toda a sala foi se perguntar se precisava de uma semana de luto por causa de um porquinho da índia.
Me coloquei no lugar dela e lembrei do Bolinha, um hamster que tive na infância. Ele viveu comigo por um ou dois anos e morreu sem muita comoção. Lembro que mamãe me deu a notícia enquanto o embrulhava numa folha de jornal e me prometia que em breve teríamos um novo hamster.
Chorei com a notícia, mas mamãe me levou pra tomar sorvete e rapidamente a morte do pobre Bolinha foi superada.
Baseando-me na minha experiência pessoal com a morte do meu hamster, julguei o luto da minha amiga. Fiz pouco caso. Disse que ela estava exagerando, dramatizando demais, querendo chamar atenção e enchi a boca para afirmar que sabia pelo o que ela estava passando pois já havia passado por aquilo.
Minha amiga então, com uma consciência muito maior do que a minha, em poucas palavras me ensinou a maior lição que eu poderia aprender sobre humanidade: eu não sou você.
Se colocar no lugar do outro é ótimo, mas não basta. Não basta porque as pessoas são diferentes e reagem de formas diferentes a situações similares. Então não adianta eu, você ou qualquer um, pensar no que faria se estivesse vivendo o que uma determinada pessoa está vivendo. Isso não significa nada.
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A maneira como sentimos nossas dores é algo muito particular. E é preciso mais do que empatia. É preciso entendimento, aceitação e principalmente respeito.
A reação de uma pessoa para com a vida é fruto da sua construção pessoal, baseada em sua criação, nas experiências passadas e em características pessoais de personalidade. Ela é ela. Seus pensamentos, ações, dores e amores são todinhos ela.
Você é e você. Seus pensamentos, ações, dores e amores também são todinhos você. Entende a diferença enorme que existe?
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Então não, você não sabe pelo o que o outro está passando. E nem nunca saberá. Você só pode saber pelo o que você passa. Deixe que os outros saibam por eles.
Não tende entender. Você nunca conseguirá. Pare de basear os outros em você. Pare de basear o mundo apenas no que você conhece. Seja você e aceite que os outros sejam os outros. E então automaticamente você trocará o julgamento pelo respeito.
O problema em calçar os sapatos do outro é que cada pessoa tem um pé de tamanho diferente. Então se um sapato não te aperta os calos, não quer dizer que não vá apertar em outra pessoa. Sapatos diferentes para pés diferentes.
Que cada um cuide de seus próprios calos. E respeite os calos do próximo.
(Autora: Marina Barbieri)
(Fonte: deuruim)
*Via site parceiro: Deu Ruim
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