A palavra “Doula” vem do grego e quer dizer “a mulher que serve”. Hoje a expressão designa uma mulher que acompanha uma gestante ou um casal “grávido”. Esse acompanhamento não ocorre apenas durante o parto mas também antes e depois.
Ela é dona de um saber que ajuda a produzir suporte físico e psicológico sendo de extrema importância principalmente para as mulheres que estão na primeira gestação e padecem da inexperiência para lidar com sensações que nunca tiveram antes.
A maioria dos nascimentos ocorrem em hospitais. Entretanto, gradualmente uma cultura medicalizada com relação ao parto vai abrindo espaços aos saberes que a Doula é portadora. Pesquisa recente mostra que 6% dos casais americanos contratam os serviços de doulas.
Mas algo está acontecendo nos últimos anos. Alguns profissionais, principalmente aqueles que prestam assistência espiritual em hospitais tem aplicado o modelo das doulas para o nascimento também para o lidar com a morte.
Apesar da maioria das pessoas desejar morrer em casa, a maior parte acaba por morrer em hospitais, longe das pessoas amadas, sem autonomia, cercado mais por tecnologias de sustentação da vida do que do cuidado direto.
A tecnologia na saúde não deveria suplantar as necessidades existenciais do fim da vida mas funcionar como um instrumento que amplifique a potencia de vida digna ao minimizar sintomas desagradáveis. Mas em nome da manutenção de meros sinais biológicos, muitas vezes se mantém a “vida” e junto com ela dores e sofrimentos desnecessários.
No ano de 2003 Henry Fersko-Weiss, um assistente social nos EUA, criou o primeiro programa de Doulas para o final da vida. Ele percebeu uma enorme lacuna que médicos e outros profissionais não conseguiam preencher ao lidar com moribundos e familiares enlutados.
Hoje nos EUA um número crescente de organizações começa a buscar esse modelo de atuação e oferecem capacitação para lidar com moribundos e com os efeitos do luto.
A maioria dos moribundos precisa de companhia e expressam isso claramente. Eles tem medo de morrerem sós. Passam pelo fenômeno da “Dor Total”, sabiamente descrito e analisado por Cicely Saunders.
As dores do corpo e do espírito se irmanam e todo evento é visto e percebido de uma maneira muito diferente de quem está cuidando pois um apertar de mãos ou uma fala entrecortada pode ser a última experiência. O amanhã deixa de existir e o presente reina absoluto.
É difícil produzir empatia nessas situações. Dessa forma, o moribundo pode ser inadvertidamente abandonado, mesmo que exista alguém presente no quarto ao lado dele. As doulas que lidam com a morte então aparecem para ajudar numa outra forma de nascimento, num outro tipo de metamorfose. Reduzem as dores do morrer e ajudam familiares a fazer a travessia em meio a ausência.
(Fonte: redehumanizasus.net )
(Autor: Erasmo Ruiz)
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