A dor crônica atinge 30% da população mundial. Caracterizada por se estender por meses e até anos, está associada às doenças crônicas ou a alguma lesão tratada anteriormente.

É resultado de artrite reumatoide, câncer, DORT (distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho), fibromialgia, dores nas costas ou por todo o corpo sem causa conhecida, entre tantas outras doenças.

Muitas vezes, a dor chega a ser tão forte que a pessoa se isola, deixa de sair de casa e de se relacionar, esquece do trabalho, não sente vontade de levar adiante seus hobbies. Não se sente mais capaz de desenvolver as atividades cotidianas como dirigir, escovar os dentes e até se alimentar.

Para mudar esse quadro existe a terapia ocupacional, que visa à diminuição do desconforto e à melhoria do desempenho das atividades do indivíduo como trabalhar, praticar exercícios, além de facilitar a adaptação para a realização dessas tarefas diárias.

Com o tratamento, pessoas de qualquer idade aprendem a ter um olhar diferente em relação à dor. Segundo a dra. Renata de Moraes Cruz, terapeuta ocupacional do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), o paciente recebe orientação para desenvolver seu papel ocupacional e adequar sua rotina diária para que não haja aumento da dor. Isso ocorre porque em geral as pessoas desenvolvem ações de maneira inadequada durante toda a vida e, com o avanço da dor, passam a realizar o mesmo movimento, o que aumenta o desconforto e tem como consequência a limitação física e perda do seu papel ocupacional.

“Resgatamos as possibilidades de o paciente repensar suas atividades e aprender a lidar com a dor. Ele percebe que pode realizar sua rotina diária, ainda que com algumas limitações. Mas ele é capaz de elaborar novamente os processos, recriar as oportunidades, apesar de estar com dor”, explica a dra. Renata.

Para tanto, são incorporadas algumas facilidades nas pequenas atitudes, por exemplo, para autocuidado. Se o paciente sente dor ao escovar os dentes, a escova de dentes torna-se o alvo e são feitas adaptações no cabo para aumentar ou diminuir o ângulo necessário ao braço para a escovação. Nas escovas de cabelo, pode-se aumentar o cabo. Se a dor nas costas não permite amarrar o cadarço do tênis, o conselho é usar uma calçadeira maior ou comprar o cadarço de elástico, que pode ser amarrado antes de calçá-lo. Canetas e talheres recebem borrachas e espumas para aumentar sua espessura. Tudo isso para garantir conforto, bem-estar e trazer qualidade de vida.

Como a terapia ocupacional funciona

Segundo estudo sobre a dor em pacientes com câncer, publicado na Revista Brasileira de Cancerologia em 2005, a dor é um fenômeno individual, complexo e multifatorial, dotado de características físicas, emocionais, sociais e espirituais únicas; portanto, o tratamento deve ser personalizado, bem como os objetivos direcionados para cada pessoa.

A meta para que a terapia ocupacional atenda às expectativas é estabelecida a partir de questionários que avaliam o papel ocupacional, ou seja, trabalho, lazer e espiritualidade, papel dentro da família, as doenças por que a pessoa passou ao longo da vida, o nível de dor por meio de escala numérica visual de 0 a 10 e a descrição das atividades em que o desconforto aumenta, além das tarefas diárias realizadas em casa, antes e depois do surgimento da dor.

As orientações terapêuticas são fornecidas individualmente e periodicamente após as avaliações, com o objetivo de acompanhar de perto a evolução e as necessidades do paciente. Para diminuir o desconforto, são utilizadas técnicas como a de “dessensibilização”, que envolve relaxamento das estruturas acometidas pela dor, a de estimulação sensorial para inibir a memória da dor e a de facilitação para desempenhar a rotina diária.

Além das técnicas e adaptações dos objetos para a melhoria das rotinas diárias, o tratamento ainda envolve trabalho em grupo, que inclui atividades manuais como pintura, mosaico, esculturas em argila. Essas atividades possibilitam a reflexão e fazem com que a pessoa sinta-se capaz de reconstruir apesar da dor e, dessa forma, sinta prazer, o que melhora a auto-estima.

“A partir daí, a pessoa deixa de ser conduzida pela dor e começa a conduzi-la”, avalia a terapeuta ocupacional. O paciente com dor crônica pode ainda ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar, formada por psicólogo, psiquiatra, fisiatra ortopedista, entre outros especialistas.

(Fonte:www.einstein.br)

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