A gente passa boa parte da vida se despedindo, não é? E despedida, via de regra é ruim, pelo menos eu penso que sim. A menos que a gente se despeça de um lugar que não gostamos, ou de pessoas tóxicas que nos fazem mal, despedida sempre tem sobrenome do tipo… Sofrimento.
Por outro lado, se há despedida é porque um dia houve um começo. E começos normalmente são bons, pelo menos é o que a gente espera. Criamos uma expectativa de que o início de qualquer coisa é bom.
Por que será então que a gente lembra mais dos fins do que dos começos? Não somos nós os seres “inteligentões” do universo? Oras bolas, se assim somos, deveríamos nos ater aos inícios, em outras palavras, nos lembrar do que nos faz bem e não cultuar o que nos faz mal.
A teoria é linda e a prática nem tanto. Em teoria sabemos que deveríamos lembrar do que nos faz bem, afinal, isso seria um bom combustível para manter nossa autoestima elevada, certo? Certo. Mas, sempre tem um “mas”, insistimos em manter viva em nossa memória a tal da tristeza causada pela despedida. Vale para qualquer coisa e não só para relações amorosas.
Isso chega a tal ponto que em determinadas épocas de nossas vidas a gente acha, ou melhor, acredita cegamente, que passamos por mais despedidas do que qualquer outra coisa. Pelo menos comigo é assim. Com amigos idem. Com pessoas com quem converso também. Ou estou na tribo errada ou é isso o que ocorre na sociedade como um todo.
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As despedidas são de fato marcantes. Os começos também, mas não damos bola para ele, depois que nos despedimos alimentamos nossa memória com a tal da despedida e não com o tal do começo.
Tudo bem, estamos aqui falando de coisas marcantes. Sendo assim, as despedidas das coisas marcantes causam dor mesmo.
É tão forte isso que até mesmo durante o processo, logo depois do início, a gente é obrigado a se despedir desse começo para viver o meio. E depois, o fim. Nos despedimos do começo, do meio e quando chega a hora de nos despedirmos do fim, o que faz nossa mente? Não se despede, pelo contrário, o mantém firme, vivo e forte em nossa memória.
Ficar velho é uma porcaria. A gente olha mais para trás do que para frente e mesmo que a gente tenha tido uma vida repleta de bons começos, para a conta fechar, temos que contabilizar as inúmeras despedidas.
Talvez por essa razão é que existam tantas pessoas que estão sempre começando algo, sabe aquele tipo que começa, começa e raramente termina? Então, de algum modo essa gente é inteligente, afinal, estão se protegendo das despedidas, de certa forma, encontraram um meio de não viver o fim das coisas, relações, enfim, o fim de qualquer ciclo.
Essa madrugada, em meio aos devaneios angustiantes que a insônia provoca, pensei nisso: Por qual razão a gente precisa sofrer pelo fim das coisas se podemos ficar felizes ao nos lembrar dos começos delas?
Acho que o ser humano deveria cuidar melhor de si. Nunca vou entender esse abandono, essa despedida de nós mesmos.
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