Estamos ficando muito bitolados em celular. Às vezes, parece que a vida se restringe às conversas no WhatsApp.
Tenho evitado ficar o tempo todo diante do aparelho, até para interagir com as pessoas à minha volta.
Porque a gente está se esquecendo desta convivência que, muitas vezes, é preciosa para mudar os nossos comportamentos, nos alertar sobre algumas condutas e também trazer à tona a carência de conversa que existe entre as pessoas: conversa no cara a cara mesmo. Sem teclado e aplicativo.
Nestas minhas experiências sem celular durante uma espera, seja no consultório, na padaria, no ônibus, no trânsito ou em qualquer lugar, tenho observado coisas engraçadas e outras até preocupantes.
Dia desses, uma senhora veio conversar comigo. No início pensei que era um pouco daquele negócio de “passar o tempo durante a espera” falando amenidades. Depois, percebi que ela era um pouco carente de conversa e, embora eu não seja psicóloga, também percebi que ela era cheia de problemas físicos de cunho psicológico.
Ela não me deixava interagir. Interrompia-me ou emendava logo algo na sequência de alguma frase minha. Ela queria falar sozinha, como se o que ela estivesse a dizer fosse mais importante do que qualquer coisa que eu dissesse. Ouvi. Limitei-me a isto.
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E foi bom. De alguma forma eu precisava ouvir tudo aquilo, precisava me desconectar do celular, para me conectar com aquela pessoa. E continuar acreditando que é fundamental cuidar do corpo e cuidar do espírito. Estar mais disponível a ouvir do que falar. Estar mais disponível a acolher do que julgar.
Desconectar um pouco do habitual para conectar-se com algo novo, estando mais disponível para o olho no olho. E estar presente. De corpo e de alma.
(Autora: Mônica Kikuti)
(Fonte: cabecaliberta.wordpress.com)
*Texto publicado com a autorização da autora
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