Não espero nenhum grande amor, desses de cinema, que nos fazem suspirar e perder o fôlego. É praticamente proibido fantasiar romances, num mundo moderno, onde relações são baseadas em quem faz mais joguinhos, quem demora mais pra responder, quem coleciona mais contatos, quem lembra de você por conveniência.

Já dizia Caio Leite: “não falta amor, falta amar”.

Falta. E falta muito.

Falta falar. Falta perguntar. Falta se importar. Falta procurar saber. Falta sentir. Falta pensar. Falta entender. Falta empatia. Falta demonstrar. Falta sinceridade. Falta reparar. Falta dar atenção a quem te dá atenção. Falta filtrar. Falta querer. Falta retribuir. Falta tentar. Falta tanta coisa dento de tanta falta.

Homem quer comer. Mulher quer dar. Qual o problema?

O problema é o vazio que ocupa um espaço gigante dentro da gente, depois de uma esbórnia. Problema é a carência que cumprimenta de manhã. Problema é esperar por uma ligação. Problema é alimentar esperanças. Problema é achar que é recíproco. Problema é romantizar o toque gentil, do cara errado. Problema é não saber quem é o cara certo. Problema é ignorar quem te quer e dar atenção pra quem te quer… ás vezes. Problema é a ausência de afeto e o excesso de desinteresse. Problema é a bagunça que a emoção faz na gente, tentando driblar a razão.

Você não precisa se apaixonar por um cara que lhe dê tudo, você precisa se apaixonar por um cara que tenha conteúdo. Que fala te olhando nos olhos. Que te ouve. Que pergunta se você chegou bem em casa. Que se preocupa. Que mesmo não entendendo seus gostos mais malucos, aceita, respeita – e ainda acha graça nisso. Que não sente vergonha em dizer o que sente, o que pensa, o que quer. Que te faça rir. Que te faça ser uma pessoa melhor.

A necessidade mata o desejo. A carência mata o tesão. O lance é que ninguém precisa matar as expectativas numa overdose de decepção. Nem matar a vontade de fome. E muito menos, matar sentimentos desnutridos.

Tudo seria muito diferente, se déssemos prioridade para quem se importa.

O amor está nos detalhes. E eles se sobrassem nesse nosso mundo supérfluo. Observe!

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Ela ama comer. Tem medo de apontar para uma estrela no céu e acordar com uma verruga no dedo. E também ama comer. Acredita que troca de olhares, às vezes, são mais bem dados que beijos de cinema. Não confia em pessoas que não gostam de animais. E ama comer. Tem medo do escuro e acha normal falar sozinha. Vive no mundo da lua e adora comer por lá também. É sagitariana, paulista, teimosa, devoradora de filmes, gulosa por livros e por comida também. Mas acha tolice tudo acabar em pizza, porque com ela, acaba em texto. É colunista do site Fãs da Psicanálise.

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