Praticar a corrida, particularmente falando, é um belo desafio que mostra que nós, seres humanos com desejos e falhas, somos capazes de vencer qualquer obstáculo, quando desejamos, insistimos e persistimos.
Sim, considero a corrida como um desafio posto em minha vida e na vida de tantos corredores. Afinal de contas, a cada objetivo traçado, um desafio é posto. A cada desafio enfrentado com determinação e superação, uma vitória é alcançada. E a cada vitória conquistada, um novo desafio é lançado e assim vamos caminhando (quero dizer, e assim vamos correndo gradativamente) esse ciclo magnífico e recheado de bem-estar.
Percorrer um, dois, três, quatro, cinco… dez… quinze… vinte e um quilômetros (km) ou mais, não é só correr, é acreditar que a corrida nos faz refletir a todo momento que apesar de ser um percurso muitas vezes doloroso, (sim, correr é prazeroso, mas também é um trajeto doloroso e é nesse momento onde está o desafio) nós somos capazes de concluir e nos sentir bem ao final.
É nisso que a corrida tem de mágico, ou seja, percorremos poucos ou muitos quilômetros, cansamos, sentimos vontade de desistir em alguns dias, refletimos e, mesmo assim, insistimos, persistimos e concluímos. Ao final, a sensação que fica é de vitória e muito bem-estar biopsicossocial.
No momento em que corremos, trabalhamos nossa respiração que está inteiramente associada a como estamos nos sentindo, portanto, correr provoca uma sensação de equilíbrio respiratório e, consequentemente, isso estará também associado ao nosso emocional.
Sendo assim, afirmo que correr acalma. Acalma a alma e o corpo. Se eu me sinto ansiosa, na corrida consigo colocar tudo para fora através da concentração que preciso para concluir o percurso do dia.
Se eu me sinto triste ou preocupada com algo, no ato de correr também consigo desopilar, colocando a tristeza e as preocupações para fora. Por isso, nomeei o texto de “Corrida: uma terapia em movimento”, porque é assim que consigo sentir a corrida, uma modalidade esportiva capaz de fazer com que muitos corredores consigam colocar para fora tudo aquilo que os incomoda, que os paralisa.
Vocês devem estar se perguntando: “Mas o que a levou a correr?”. Então, acredito que o que me levou a correr, inicialmente, foi o desejo em eliminar aquela gordurinha inconveniente.
Sim, seja qual for o motivo que o leve a fazer algo, ele precisa existir para que você consiga ir adiante. Como falei anteriormente, o motivo inicial foi esse, mas o que me sustentou nas corridas foi a sensação de liberdade que ela provoca.
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A cada passo dado à frente, o desejo aumentava grandiosamente, e o agente primeiro já ficou bem distante do que passei a sentir e querer. Então, aprendi que precisamos de um desejo inicial, certo? Mas ele, muitas vezes, é deixado para trás em prol da existência de outros desejos que estão mais manifestos, e aí sim, esses serão os que movê-lo-ão a seguir em frente e enfrentar as adversidades e chegar na placa onde haverá escrito “Vitória”.
Uma vez li que “ser livre é ter um caso de amor com a própria vida” (Augusto Cury), e é exatamente esta a minha relação com a corrida, um caso de amor que me faz sentir livre sempre; livre para além de seguir em frente, buscar por novos desafios e enfrentar até vencê-los.
Portanto, meus queridos leitores, convido-os a conhecer esse lindo instrumento de bem-estar: a corrida.
Não se preocupem com a velocidade ou com a quilometragem que conseguirão, isso com o tempo vocês podem adequar, de acordo com o desejo e objetivo de cada um – até mesmo a corrida é um trajeto singular – apenas concentrem-se em cada passo que conseguem conquistar através dela, sabendo que, assim como a vida, a corrida também nos solicita seguir em frente e enfrentar os desafios que surgem a todo momento.
E quando a vontade de parar for imensa, não faça do seu psicológico um inimigo. Pelo contrário, faça do seu psicológico o seu grande aliado e siga adiante.
Que a corrida possa ser para vocês uma fonte de prazer e energia positiva capaz de motivar seus dias, assim como é para mim.
Sem pressa, apenas em busca constantemente por atingir o seu objetivo e, assim sendo, vencer o desafio.
A cada quilômetro conquistado, vibre, pois, cada km ultrapassado é uma pedra no meio do caminho que você consegue superar e logo verá que aquelas pedras no meio do caminho deixarão de ser obstáculos e passarão a ser enfeites.
Outra vez li: “Somente você pode determinar seu desafio pessoal. Não deixe a competição ou seu oponente determinar qual deve ser o seu desafio” (Joan Benoit Samuelson).
Então, trace o seu desafio pessoal e o conquiste, dia após dia, lembrando que podemos começar e recomeçar, quando preciso for.
Vá em frente! Acredite em você! Você é capaz!