Tudo o que eu sei vem do útero, vem do íntimo.
Confio no meu entendimento sem explicação, na (des)confiança da minha pele, na familiaridade do primeiro olhar.
Tudo o que eu aprendi do mundo foi o que ressoou nos meus universos internos, o que encontrou sentido pelos meus seis sentidos, aquilo que dialogou com a minha capacidade de empatia e começou a fazer parte de mim.
Às vezes quando me pedem explicações: por que esse caminho e não outro? Por que esse afastamento repentino? Por que essa necessidade de limpar a casa? Essa vontade de se entrelaçar com os livros?
Essa calma no peito perto de uma árvore? Por que esse arrepio nos pelos quando sopra um cheiro novo de um velho alguém? E essa vontade de fugir das artificialidades que não se deixam mergulhar?
Que filosofia você segue? Que religião? Que ideias você acredita? Qual é a sua veia psicanalítica? Quais são os seus ‘ismos’? Qual é o seu grupo? Quais as regras, as verdades, os preceitos? O que você come, o que você veste? O que você planeja e segue?
Como a ciência prova e explica as suas crenças?
Eu não sei. Como explicar que eu sigo aquilo que quando se aproxima faz bem?
O que excita, vibra, acalma, inquieta, gera, movimenta…
O empírico é a intuição.
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Falo da filosofia da minha pele, da minha cultura, das minhas dores e alegrias. Ando pela superfície do sem nome, faço parte dos grupos que não se fecham em suas verdades, dançam entre tribos.
Percorro a vida com curiosidade de cigana, com vontade de ouvir e me desconstruir. Por isso a minha ciência é vaporosa, a minha moral é multicolorida, a minha religião é o vento, a minha fé é a intensidade.
Por isso amar pra mim é também compaixão, é sentir sem razão o que me brota em uma união.
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Corre solta a eletricidade em quem atravessa universos.
Não é uma tendência o que sigo, um modismo, não veio pronto em um livro, não veio de uma admiração exterior, não veio de uma vontade de compor, de pertencer, de ser amada, de seguir um comportamento que acho bonito, de amenizar o que os outros vão pensar.
É a coragem de soltar-me sem destino.
A minha sabedoria vem da intensidade de sentir os dias e os seus ditos.
Entendemo-nos quando nos damos as mãos e elas continuam atadas por alguns minutos. Quando os nossos olhos sabem, antes dos nossos pensamentos, penetrar em infinitos e o nosso abraço gera mundos e não laços.