O comportamento suicida não é apenas uma resposta lógica a um estresse extremo. O suicídio geralmente é o desfecho trágico de doenças psiquiátricas como os transtornos afetivos, transtornos psicóticos (esquizofrenia) e alcoolismo.
Em quase 90% dos casos de suicídio há o diagnóstico de doença mental ou de uso abusivo de substâncias psicoativas. Os transtornos afetivos ou do humor, principalmente os transtornos bipolares e depressão mostram uma grande relação com o suicídio. Mais de 10% das pessoas com depressão tiram a própria vida.
A presença de doenças orgânicas, doenças graves, crônicas ou terminais também podem gerar um preocupante aumento do comportamento suicida. É evidente que a dor, a desesperança, o sofrimento, o sentimento de desamparo e muitas vezes o desespero conduzem estes pacientes a ter a equivocada ideia de que a morte pode ser uma solução para a sua condição.
Existem alguns alertas que podem sinalizar a presença do comportamento suicida. Precisamos estar atentos. São eles:
1 – Frases de alarme.
Existe um mito de que pessoas que falam em suicídio só o fazem para chamar a atenção e não pretendem, de fato, terminar com suas vidas. Isso não é verdade, falar sobre isso pode ser um pedido de ajuda! Então, se você ouvir um parente ou amigo falando algo do tipo, preste atenção.
2 – Mudanças inesperadas.
Todo mundo passa por mudanças na vida, faz parte do jogo. Mas algumas mudanças podem ser traumáticas quando não estamos preparados para elas. Uma pessoa fragilizada por uma depressão ou outro problema psíquico dificilmente terá condições de encarar uma mudança inesperada, como perder um emprego que considerava muito importante.
3 – Depressão e drogas.
Se o indivíduo consome álcool ou outras drogas, atenção redobrada. O maior coeficiente de suicídio se dá por transtorno de humor associado ao uso de substâncias psicoativas, mais da metade dos casos de suicídio. Depressão e consumo de álcool e drogas são responsáveis pelo maior número de mortes no mundo inteiro.
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4 – Pode não ser só “aborrescência”.
A taxa de suicídio dos jovens brasileiros aumentou mais de 30% nos últimos 10 anos. Muitas vezes o comportamento errático atribuído como típico do adolescente pode ser um sinal de intenção de suicídio. Existe uma falsa ideia de que a depressão atinge mais pessoas adultas. O adolescente apresenta outros sintomas, ele vai se trancar no quarto, não vai falar com ninguém, e isso vai ser entendido como fenômeno da adolescência normal, já que ele não consegue expressar seu sofrimento de uma forma clara.
5 – Preto no branco.
Somente 15% dos gravemente deprimidos vão se suicidar, mas a depressão severa continua sendo a maior causa do suicídio. Por isso, é preciso ficar atento quando a pessoa demonstra zero interesse na vida ou nos outros. Para o deprimido, o mundo deixa de ser colorido, é preto e branco. Ele tem baixa autoestima, desinteresse por todos e fica muito voltado para ele mesmo. Quando em depressão severa, a pessoa se isola dos outros e não vê motivos para continuar viva. É um alerta de urgência.
6 – Bom demais para ser verdade.
A simulação de melhora é comum em diversos casos de suicídio, então, se uma pessoa que normalmente é deprimida parecer subitamente alegre, é importante acompanhá-la para garantir que ela não tentará o suicídio.
O que você pode fazer?
O ideal é conversar com a pessoa e não deixá-la sozinha. Ao conversar, procure não falar muito e ouvir mais, já que muitas vezes a pessoa só precisa ser ouvida. Se possível, acompanhe-a a um profissional de saúde e peça orientação. Outra medida é retirar acesso de ferramentas potencialmente destrutivas dentro de casa como arma, remédios e substâncias tóxicas – para evitar o uso delas em um impulso.