Natal, ano novo, confraternizações. Depois de um ano como 2020, em que a maioria das pessoas ficou distante de amigos e familiares, a vontade de se reunir para comemorar o fim dessa difícil temporada é imensa. Porém, é fundamental levar em conta que a pandemia do novo coronavírus continua presente e não deve ser encerrada apenas com a entrada de 2021. O momento ainda é delicado.
As principais orientações para evitar o contágio também são válidas para as comemorações: usar máscaras, higienizar as mãos corretamente e distanciamento. Para ajudar no planejamento das festas de forma mais segura, conversamos com dois especialistas que orientam como diminuir os riscos de contaminação nas ocasiões.
É realmente ideal ter um limite de pessoas em uma confraternização?
O Decreto Estadual 33.845/2020, publicado sexta-feira (11/12), exige que as festas residenciais de fim de ano tenham apenas 15 pessoas. Para Roberto da Justa, médico infectologista e professor de medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), o número é suficiente e deve ser respeitado devido ao crescimento dos casos de Covid-19 no Ceará.
O infectologista pediátrico e professor adjunto de pediatria de medicina da UFC, Robério Leite, concorda e acrescenta que a limitação de convidados permite maior distanciamento. “Limita o número de pessoas passíveis de contaminação, caso algum convidado esteja infectado, mesmo sem sintomas, e transmitindo. Está muito claro para a ciência o importante papel de aceleração da transmissão do vírus nos eventos chamados de ‘super disseminadores’, onde há grande aglomeração de pessoas, como casamentos e festas, por exemplo”.
É mais indicado se reunir com a família ou amigos? Qual o encontro mais seguro?
“As confraternizações deveriam se limitar ao núcleo familiar mais próximo. A confraternização mais segura é aquela que se realizará após todos terem sido vacinados”, informa Roberto da Justa. Uma boa solução para “encontrar” os amigos é realizar uma chamada de vídeo e compartilhar a festa mesmo que a distância.
É mais indicado se reunir em casa ou em um restaurante, por exemplo?
Sobre o local, a principal orientação é para que seja em um local aberto, mas para evitar o contato com pessoas de fora do ciclo de convivência, fazer festas residenciais é a melhor opção. “É mais indicado se reunir em casa. Restaurantes em geral são ambientes fechados e com número significativo de pessoas”, argumenta Roberto.
O planejamento nos lares deve levar em consideração ambientes com bastante circulação de ar para a escolha do espaço que sediará a reunião. “Ambientes abertos com circulação generosa de ar diminuem a concentração das partículas infectantes e devem ser preferidos. Mesmo em ambientes abertos, todos devem usar máscaras”, completa o infectologista. “Varanda ou o que for mais amplo, ao ar livre, janelas abertas, ar condicionado desligado” são sugestões de Robério Leite.
Quais os principais cuidados ao receber pessoas em casa?
É importante que os convidados fiquem atentos aos sinais que possam indicar sintomas de Covid-19. “Não receber pessoas sintomáticas, com dor de garganta, coriza, tosse. Receber em ambientes abertos. É obrigatório uso de máscaras”, explica Roberto da Justa. O infectologista Robério Leite orienta que os anfitriões fiquem atentos aos itens de proteção. “Nesse caso, precisa ter disponibilidade de álcool em gel e máscaras de reserva”.
Existem formas válidas de prevenir o risco de contaminação antes da confraternização? Fazer teste ou quarentena pode ser uma opção?
Os especialistas afirmam ser interessante que todos os convidados façam o teste RT-PCR, mas o exame não consegue garantir que não há ninguém com o vírus. “Testar antes não evita a contaminação, pois o indivíduo pode estar no período de incubação. A quarentena de 14 dias parece inviável do ponto de vista prático, pode haver falhas no isolamento. O melhor conselho, e o que parece viável, é seguir obedecendo ao distanciamento, uso de máscaras e higienização das mãos” alerta Robério.
As famílias que já tiveram a doença estão imunes? Quem já está recuperado e vai a uma confraternização, está isento dos cuidados?
“Quem já teve COVID-19 acaba desenvolvendo alguma imunidade, mas não se sabe ainda quão protetora e quão duradoura. É cada vez maior o número de relatos de pessoas que contraíram a doença uma segunda vez. Então, todos devem ignorar o fato de já terem tido a doença e adotarem todas as medidas de prevenção”, informa Roberto da Justa.
Como proteger idosos e pessoas do grupo de risco que querem participar?
A maior preocupação das famílias geralmente envolve os avós ou tios mais velhos, por serem considerados do grupo de risco. Por isso, o ideal é eles não participarem de confraternizações presenciais. “Devem permanecer com seu núcleo familiar. Neste momento, as chamadas de vídeo devem ser utilizadas da melhor forma possível para interagir com essas pessoas” orienta Roberto. Caso a saudade bata mais forte, é importante não esquecer dos cuidados. “As medidas de distanciamento, uso de máscara e higienização das mãos devem ser muito mais rigorosas. Nesse caso, o distanciamento, paradoxalmente, é uma forma de amor por nossos idosos”, completa Robério.
Quais os cuidados com as comidas, talheres e copos?
Neste quesito, a recomendação é simples: os objetos não devem ser compartilhados e podem ser descartáveis. Uma boa sugestão é eleger apenas uma pessoa para ficar encarregada da comida e servir os convidados.
Os presentes devem ser higienizados?
É fundamental higienizar os presentes antes de embalá-los, assim como é recomendado para as compras de supermercado, por exemplo. “Mas a transmissão do novo coronavírus se dá de forma mais importante pelo ar. Deve-se higienizar as mãos com frequência. Deve-se evitar tocar olhos e nariz com as mãos sujas”, explica o infectologista Roberto da Justa.
No Natal e na passagem do ano, qual a melhor forma de cumprimentar os parentes?
Os abraços de felicitações terão que ficar para outra oportunidade. Neste ano, qualquer contato físico está descartado. Nada de beijos e abraços. “Muita criatividade nesse momento”, brinca Robério.
A festa deve ter uma duração específica?
Este é um consenso entre os especialistas: a confraternização deve durar o mínimo possível. “Quanto mais rápida, menor a exposição, menor o risco de contato e de transmissão”, destaca Robério Leite.
E quem vai viajar, quais são os cuidados necessários?
O ideal, segundo os profissionais, é que viajar não fosse uma opção. “As viagens de avião, ônibus, são arriscadas, pois, reúnem muitas pessoas em ambiente fechado e por muito tempo. Devem ser evitadas”, explica Roberto. Caso o deslocamento seja indeclinável, é essencial o uso de máscara, seguir as recomendações de distanciamento e higienizar das mãos. O passageiro deve se planejar para ir diretamente para o seu destino e ter na mala estoque de álcool em gel e máscaras.
(Fonte: diariodonordeste)
(Imagem: Volodymyr Hryshchenko)
Você sabia que o Fãs da Psicanálise também está no Instagram e no Facebook? Que tal fazer uma visitinha para nós por lá?