O termo “lavagem cerebral” foi usado pela primeira vez em 1950 pelo jornalista americano Edward Hunter, durante uma reportagem sobre o tratamento dos soldados americanos nos campos de prisão chineses, durante a guerra coreana.
[1]
As técnicas de lavagem cerebral tem sido documentadas desde o livro egípcio dos mortos e são usadas por cônjuges e pais abusivos, supostos médiuns, líderes de culto, sociedades secretas, revolucionários e ditadores para deixar as outras pessoas em sua mão e manipulá-las de forma que pareça de bom grado.[2]
Estas técnicas não envolvem armas fantásticas, ou poderes exóticos, mas envolvem o entendimento da psiqué humana e um desejo de explorá-la. Ao entender melhor estas técnicas, você pode aprender a se proteger e a proteger outras pessoas também.
RECONHEÇA AS TÁTICAS DE LAVAGEM CEREBRAL
1. Entenda que as pessoas que tentam fazer lavagem cerebral em outras pessoas costumam ir atrás dos fracos e vulneráveis.
Nem todo mundo é alvo para o controle da mente, mas certas pessoas são mais suscetíveis as certas formas de controle em diferentes momentos.
Um manipulador habilidoso sabe o que procurar e tem como alvo pessoas que estão passando por um período difícil em suas vidas, ou por alguma mudança que pode não ser causada por elas mesmas.
Possíveis candidatos são:
-Pessoas que perderam seus empregos e temem pelo seu futuro.
-Recém-divorciados, particularmente quando o divórcio foi difícil.[3]
-Pessoas sofrendo de doenças prolongadas, especialmente aquelas que não entendem.
-Pessoas que perderam um ente querido, particularmente se eram muito próximas a essa pessoa e tinham pouquíssimos outros amigos.
-Pessoas jovens, longe de casa pela primeira vez. Essas pessoas são as favoritas de líderes de cultos religiosos.[4]
Uma tática predatória é descobrir informações suficientes sobre a pessoa e o seu sistema de crenças para explicar a tragédia que a pessoa está vivendo de forma consistente com esse sistema de crenças.
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Isso pode ser expandido depois para explicar uma história em geral através desse sistema de crenças, enquanto você sutilmente modifica ela para a interpretação de quem está tendo sua mente lavada.
2. Esteja ciente de pessoas que tentam isolar você, ou alguém que você conheça, de influências externas.
As pessoas que estão passando por alguma tragédia pessoal, ou alguma outra grande mudança em suas vidas estão propensas a se sentirem sozinhas, e alguém um experiente manipulador de mentes pode amplificar estes sentimentos de solidão.
Este isolamento pode tomar várias formas:
-Para pessoas jovens em algum culto religioso, pode ser impedir que você entre em contato com seus amigos e familiares.
-Para alguém em um relacionamento abusivo, pode ser jamais permitir que a vítima saia da vista do abusador, ou permitir o contato com a família e amigos.
-Para prisioneiros em um campo de prisão, pode envolver isolar os prisioneiros uns dos outros enquanto os sujeita as mais diversas formas de tortura.
3. Procure por ataques na auto-estima da vítima.
A lavagem cerebral só funciona quando o manipulador está numa posição superior em relação a vítima.
Isso significa que ela precisa estar completamente abatida, para que o manipulador possa reconstruir a vítima como quiser. Isso pode ser feito através de meios psíquicos, emocionais, ou, em última instância, físicos durante tempo o suficiente para esgotar física e mentalmente o alvo.
– As torturas mentais podem começar com mentir para a vítima e depois passar a envergonhá-la ou intimidá-la. Esta forma de tortura pode ser feita com palavras, ou gestos, indo desde uma expressão de desprezo, até invadir o espaço pessoal da vítima.
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– As torturas emocionais não são gentis, mas podem começar com insultos verbais, progredir para gritos, cuspidas, ou coisas mais desumanas, como tirar as roupas da vítima e fotografá-la, ou apenas ficar olhando para ela.
– Torturas físicas podem incluir deixar a vítima passar fome, frio, não deixá-la dormir, batê-la, multilá-la, além de outras coisas, que não são aceitáveis em nossa sociedade… A tortura física é normalmente usada por pais e parceiros abusivos, bem como em campos de prisão para a “reeducação”.
4. Procure por pessoas que tentam mostrar que fazer “parte do grupo” é mais atraente do que o mundo lá fora.
Além de acabar com a resistência da vítima, é importante dar uma alternativa aparentemente atraente para o que a vítima conhecia antes do contato com o manipulador.
É possível fazer isso de várias formas:
– Permitir o contato apenas com outras pessoas que já fizeram a lavagem cerebral. Isso cria uma forma de pressão da sociedade que incentiva a nova vítima a querer ser igual aos outros e ser aceita pelo novo grupo. Isso pode ser reforçado através do toque, sessões de pancada, ou sexo grupal, ou por meios mais restritos, como um código de vestimentas, dieta controlada, ou outras regras rígidas.
– A repetição da mensagem através de cantos, ou entoações das mesmas frases repetidas vezes, muitas vezes enfatizando certas palavras-chave ou frases.
– Imitar o rítmo do coração humano através da cadência do discurso do líder, ou acompanhamento musical. Isso pode ser ainda mais amplificado com uma iluminação que não é muito baixa, ou clara demais e uma temperatura ambiente para incentivar o relaxamento.
– Jamais deixar a vítima ter tempo de pensar. Isso pode significar simplesmente nunca deixar a vítima ficar sozinha, ou pode significar bombardear a vítima com reprimendas repetidas em assuntos além da compreensão dela, enquanto desencoraja a produção de perguntas.
– Apresentar uma mentalidade “nós vs. eles” onde o líder está certo e o mundo externo está errado. O objetivo é conseguir uma obediência cega, onde a vítima irá dar sua vida e seu dinheiro ao manipulador e seus objetivos.[5]
5. Reconheça que os manipuladores geralmente oferecem recompensas depois da vítima ter sido “convertida”.
Assim que a vítima estiver completamente desestruturada e complacente, ela pode ser treinada novamente. Isso pode levar de semanas a vários anos, dependendo das circunstâncias da lavagem cerebral.
Uma forma extrema dessa condescendência é conhecida como a Síndrome de Estocolmo, onde dois ladrões na Suécia em 1973 fizeram quatro reféns por um período de 131 horas.
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Depois que os reféns foram resgatados, eles se viram ligados aos seus sequestradores, a ponto de uma das mulheres se casar com o seu captor e outra montar um fundo de defesa legal para os criminosos.[6]
Patty Hearst, sequestrada pelo Exército de Libertação Simbionesa em 1974, também foi considerada uma vítima da Síndrome de Estocolmo.[7]
6. Reconheça novas formas de pensamento no cérebro da vítima.
Boa parte da reciclagem é feita usando as mesmas técnicas operantes de condicionamento de recompensa e punição que foram usadas para destruir a vítima no início.
As experiências positivas agora são usadas para recompensar a vítima por pensar conforme os desejos do manipulador, enquanto as experiências negativas são usadas para punir os últimos vestígios de desobediência.
Uma forma de recompensa é dar a vítima um novo nome. Isso geralmente está associado a vários cultos, mas o Exército de Libertação Simbionesa também fez isso com a Patty Hearst, quando deram a ela o nome de “Tania.” [8]
7. Enxague e repita.
Embora a lavagem cerebral possa ser eficaz e profunda, a maioria dos manipuladores acham necessário testar a profundidade do controle deles sobre as pessoas.
É possível testar isso de várias maneiras, dependendo dos objetivos do manipulador, e os resultados determinam o quanto de reforço a vítima precisa para permanecer vítima da lavagem cerebral.
– Extorquir dinheiro é uma forma de testar o controle, bem como enriquecer os bolsos do manipulador. A médium psíquica, Rose Marks, usou seu controle na autora Jude Deveraux para fazer com que ela lhe desse 17 milhões de dólares em dinheiro e propriedades, enquanto arruinava a carreira dela.[9]
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– Cometer atos criminosos, seja com, ou para o manipulador, é outra forma de teste. A Patty Hearst acompanhar o ELS em um dos seus roubos é um exemplo disso.[10][11]
IDENTIFICANDO A VÍTIMA DE LAVAGEM CEREBRAL
1. Procure por uma mistura de fanatismo e dependência.
As vítimas de lavagem cerebral podem parecer concentradas em seu grupo ou líder a ponto de estarem obcecadas.
Ao mesmo tempo, elas parecem ser incapazes de resolver problemas sem a ajuda do seu grupo, ou líder.
2. Procure por uma pessoa que diga apenas “sim”.
As vítimas de lavagem cerebral concordarão sem questionar a qualquer coisa que o seu grupo ou líder diga, sem pensar na dificuldade de seguir aquilo, ou nas consequências de fazer algo.
Elas também podem deixar de lado as pessoas que não compartilham do mesmo interesse que elas em relação ao manipulador.
3. Procure por sinais de alguém se esquivando da vida.
As vítimas de lavagem cerebral costumam ser apáticas, fechadas e sem qualquer traço da personalidade que marcava quem ela era antes da lavagem cerebral.[12]
Isso é particularmente notável tanto em vítimas de cultos e parceiros numa relação abusiva.
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Algumas vítimas podem internalizar sua raiva, causando depressão e fazendo com que ela fique com transtornos físicos, possivelmente pensando em suicídio.
Outras podem lançar sua raiva em quem elas acham que são a causa dos seus problemas, muitas vezes através de confrontos verbais ou físicos.
REMOVENDO A LAVAGEM CEREBRAL
1. Faça com que a pessoa perceba que ela sofreu uma lavagem cerebral.
Perceber isso geralmente vem acompanhado de negação e angústia, conforme a pessoa começa a questionar as coisas sem ter a prática de questionar.
Gradativamente, a pessoa deve estar ciente de como ela foi manipulada.
2. Exponha o sujeito a ideias que contradizem a lavagem cerebral.
A exposição a opiniões múltiplas, sem sobrecarregar o sujeito com opções demais de uma única vez, dará a ele uma perspectiva nova e ampla para desafiar as crenças implantadas pelo manipulador.
Algumas destas ideias contrastantes podem, em si, criar suas próprias formas de manipulação. Em tais casos ajuda procurar formas imparciais dessas ideias.[13]
Uma forma mais forte de exposição é forçar o sujeito a reviver sua experiência de lavagem cerebral fazendo com que ele encene ela, mas dando ao sujeito opções para contra-atacar a lavagem cerebral.
Este tipo de terapia exige um terapeuta que saiba como usar técnicas de psicodrama.
3. Incentive o sujeito a tomar suas próprias decisões com base nas novas informações.
No início, o sujeito pode ficar ansioso por fazer decisões sozinho, ou se sentir envergonhado por tomar a decisão “errada” agora ou no passado.
Com a prática, porém, esta ansiedade irá desaparecer.
Dicas
É possível se recuperar dos efeitos da lavagem cerebral sem a assistência de ninguém.
Em 1961, os estudos do psiquiatra Robert J. Lifton e do psicólogo Edgar Schein mostraram que poucos soldados do exército americano expostos as técnicas de lavagem cerebral chinesa viraram comunistas e que os poucos que viraram, renunciaram a suas crenças depois de saírem do cativeiro. [14]
Avisos
Embora certas formas de hipnose possam ser usadas na lavagem cerebral, a hipnose em si não é um sinônimo de lavagem cerebral.
A lavagem cerebral usa um sistema superficial de recompensa e punição para afetar suas vítimas, e seu objetivo é sempre destruir a resistência da pessoa que a sofre.
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A hipnose normalmente começa pedindo ao alvo para relaxar, envolve mergulhar na psique da pessoa, e geralmente não envolve recompensas e punições.
Independente da profundidade, a hipnose funciona mais rápido em alguém, do que a lavagem cerebral.[15]
Certos especialistas chamados reprogramadores eram contratados durante os anos de 1980 por pais preocupados para resgatarem à força seus filhos dos cultos.
Muitos destes reprogramadores, porém, usavam técnicas semelhantes de lavagem cerebral para “desdoutrinar” as pessoas “resgatadas”.
Seus métodos de reprogramação, porém, muitas vezes eram infrutíferos, porque a lavagem cerebral precisava ser continuamente reforçada, e o sequestro de seus alvos trouxe a eles acusações criminais.[16]
Referencias (fontes) e Citações
1.↑ http://www.phinnweb.org/neuro/brainwash/
2.↑ http://www.normalbreathing.com/brainwashing-techniques.php
3.↑ http://www.rd.com/culture/psychic-scams-novelist-17-million/?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+ReadersDigest+(Rd.com)
4.↑ http://drphil.com/articles/article/578
5.↑ http://www.phinnweb.org/neuro/brainwash/
6.↑ http://counsellingresource.com/lib/therapy/self-help/stockholm/
7.↑ http://en.wikipedia.org/wiki/Patty_Hearst
8.↑ http://en.wikipedia.org/wiki/Patty_Hearst
9.↑ http://www.rd.com/culture/psychic-scams-novelist-17-million/?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+ReadersDigest+(Rd.com)
10.↑ http://www.fbi.gov/about-us/history/famous-cases/patty-hearst-kidnapping
11.↑ http://en.wikipedia.org/wiki/Patty_Hearst
12.↑ http://drphil.com/articles/article/578
13.↑ http://lifehacker.com/5886571/brainwashing-techniques-you-encounter-every-day-and-how-to-avoid-them
14.↑ http://skeptoid.com/episodes/4278
15.↑ http://www.drlwilson.com/ARTICLES/HYPNOSIS.htm
16.↑ http://skeptoid.com/episodes/4278
(Imagem: Brooke Shaden)
(Fonte: pt.wikihow.com )
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Preocupante. Me vi em alguns momentos como vítima, nesse caso.