Identificação das origens da ansiedade
A grande maioria das pessoas vive em ansiedade, porque acredita que é a sua natureza e que nunca poderá viver sem senti-la. Não é verdade! Já vi pessoas entenderem como todo este processo da ansiedade se processa e deixarem de senti-la. Na verdade, a ansiedade é algo que aprendemos a sentir a partir daquilo que vivemos durante a nossa infância. Uns, menos; outros, mais.
A ansiedade é uma “doença” que não mata, mas que destrói. Viver ansioso é, por vezes, pior do que viver com dor. A dor é palpável, ainda que não seja nada agradável senti-la, mas acreditamos que pode ter cura e não perdemos a esperança.
A ansiedade não é palpável e nos faz perder todo e qualquer equilíbrio físico, mental e emocional, precisamente porque achamos que é uma característica inferior da nossa personalidade e que nunca vamos conseguir nos ver livres dela.
Deixem-me explicar de onde vem a ansiedade.
É sabido que, para que alguma coisa possa ser combatida, deve-se sempre saber a sua origem. A grande maioria das pessoas não sabe de onde ela vem, pelo que não a pode combater ou contrariar.
A origem da nossa ansiedade vem de um tempo em que não questionávamos conscientemente o que sentíamos, razão pela qual acreditamos que nos é natural, que faz parte de quem somos e tem o direito de nos condicionar a nossa vida por inteiro.
Uma pessoa ansiosa é alguém que tem uma necessidade imperiosa de controlar o que a rodeia, apenas porque se não controlar, não se sente em segurança. A falta de segurança leva, invariavelmente, à ansiedade.
Mas como se iniciou em nós este processo? Simples!
Tudo começou quando éramos pequenos e os nossos pais nos “controlavam” por acreditarem saber o que era melhor para nós. “Não vá aí, pois você não conhece o sítio”, “Não faça isso, pois pode se machucar”, “Vista o agasalho, para não ficar gripado”, “Hoje, não saia, pois vai chover!”
O reverso deste “controle” é, precisamente, a sensação de segurança e proteção que está na sua origem. Ainda que pudessem ser exagerados ou estarem errados, na altura víamos os nossos pais como as pessoas que sabiam muito mais do que nós e que queriam sempre o nosso bem. Aquilo que nos diziam, não víamos como controle, mas como um sinal de segurança e cuidado para conosco.
Leia Mais: Ansiedade crônica
No entanto, quando crescemos e começamos a não ter controle sobre algo ou alguém, começamos a sentir insegurança e, consequentemente, ansiedade.
A ansiedade é a nossa resposta à incapacidade de controlar, prever ou saber algo que pode vir ou não acontecer. Portanto, para nós, sentir ansiedade é uma reação normal quando não controlamos o resultado de algo e nos sentimos inseguros.
O problema é quando a ansiedade toma conta de todas as áreas da nossa vida e começamos a sofrer diariamente com essa limitação que nos faz sentir medo. O medo é uma consequência normal da imprevisibilidade que experimentamos diante de determinados fatos da vida, sobre os quais colocamos a nossa atenção.
Todos nós precisamos de certezas e a inexistência delas ativa, de imediato, a ansiedade. Sem certezas, não existe segurança na nossa vida. Começamos a compreender que ganhamos alguma segurança através do controle. No fundo, fomos buscar dentro de nós algo que sempre esteve lá: a necessidade de controlar para sentir segurança.
Aqui, vou ser muito honesto com vocês:
APENAS 1 EM CADA 5 PESSOAS CONSEGUE ENTENDER E ACEITAR A ORIGEM DA ANSIEDADE E DIMINUIR A SUA PRESENÇA NO SEU DIA A DIA.
Ou seja, apenas 20% das pessoas conseguem passar a viver com menos ansiedade. Os restantes 80% acreditam que é a sua natureza ou culpam os outros por sentirem assim.
A ideia não é desanimar com estas estatísticas. Bem, pelo contrário. É motivar a fazer parte dos 20% que conseguem. Para isso, quero alertar para algumas ideias pré-concebidas e razões inconscientes que nos impedem, frequentemente, de conseguir viver sem ansiedade:
1ª – NÃO POSSO RELAXAR, PORQUE POSSO SER APANHADO DESPREVENIDO E SOFRER AINDA MAIS
Eu sei que é muito estranha esta afirmação, mas a verdade é que a ansiedade funciona como um gatilho para a sensação de que estou atento. Relaxar numa situação preocupante é sinônimo de irresponsabilidade. A preocupação gera ansiedade, mas dá a sensação de estar atento, caso algo ocorra de forma diferente do que eu gostaria. Acreditamos que se não sentirmos ansiedade, seremos apanhados desprevenidos. Acreditamos que se não controlarmos a situação, sofreremos ainda mais.
Leia Mais: Ansiedade: a questão não é curar-se. O passo é viver de novo
No entanto, a verdade crua é que todo o tempo que estamos em ansiedade, matamos um número demasiado grande e extra de células cerebrais e afetamos micro-tecidos das veias e artérias, para além de perturbar o normal funcionamento de órgãos, como o baço e o estômago, e de todo o sistema endócrino. É como tomar todos os dias um veneno em doses cada vez maiores e deixá-lo atuar livre e permissivamente no nosso corpo.
Não digo isto para assustar, mas para fazer perceber que a ansiedade não afeta apenas o nosso equilíbrio emocional, mas, sobretudo, o nosso equilíbrio orgânico. Só por esta razão, devemos mudar a nossa atitude diante daquilo que não controlamos. Relaxar é fundamental.
2ª – VIVER EM ANSIEDADE TRAZ SEMPRE UM OU VÁRIOS BENEFÍCIOS
Quem fica na ansiedade demasiado tempo, está sempre a tirar algum benefício. Parece mais uma vez uma afirmação estranha, mas a verdade é que, é assim que acontece. Dou um exemplo muito simples: uma pessoa está num emprego, onde vive constantemente em ansiedade. Está sempre a queixar-se, mas não muda. A razão porque a pessoa fica, ano após ano, é apenas o dinheiro no fim do mês. A ansiedade se justifica e é suportada por causa do benefício final chamado dinheiro.
Os benefícios da ansiedade podem ser muitos, desde uma chamada de atenção (autopiedade, vitimização), um controle sobre algo, uma desculpa ou justificação para não fazer alguma coisa de que não nos achamos capazes, a um medo de relaxar, por podermos ser apanhados desacautelados e sofrermos ainda mais.
Identificarmos qual o benefício que tiramos ao insistir em permitir a ansiedade é um dos grandes objetivos de todo este processo de Coaching. O que ganho com a ansiedade? Por que me permito continuar a senti-la?
3ª – TODA A PESSOA ANSIOSA SENTE CULPA DE ALGUMA COISA
A culpa gera dor e angústia, porque não podemos mudar o que fizemos ou não fizemos no passado. Esta constatação faz com que não queiramos repetir esta situação em nossa vida. Assim, queremos controlar mais do que nunca tudo à nossa volta, para que não possamos vir a arrepender de mais alguma coisa. Quando não controlamos, geramos ansiedade.
Muitas vezes, esta culpa é inconsciente. Outras vezes é consciente, mas acreditamos que já a guardamos no fundo de um baú, há muito tempo. No entanto, a verdade é que ainda não a esquecemos. Por isso, a existência da ansiedade.
4ª – A ANSIEDADE É PRÓPRIA DE QUEM NÃO SE SENTE FELIZ
A ansiedade crônica é um sinal bem claro de que a pessoa em causa não se sente feliz com a sua vida. Pessoas felizes tendem a ser mais calmas, a não querer controlar nada e a acreditar na generosidade da vida. Lembrem-se de uma coisa:
A FELICIDADE NÃO É UMA META. A FELICIDADE É UMA ATITUDE NA VIDA.
Para tratar a ansiedade, devemos mudar de atitude para conosco. Devemos entender que para sermos felizes, devemos deixar de querer a aprovação dos outros e deixar de querer controlar seja o que for. A nossa missão nesta vida é sermos felizes. Ser feliz é ser grato e entender que nem tudo o que a vida dá é sempre o que se quer, mas é sempre o que se precisa para respeitar ainda mais.
É na mudança de pequenas coisas na vida que encontraremos o caminho, para que um dia possamos sorrir mais e ficar cada vez menos em ansiedade.
A BASE PARA VIVER SEM ANSIEDADE É A GRATIDÃO E A ACEITAÇÃO.
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