Frustração machuca. E não é um sentimento raro nos dias de hoje. Como lidar com isso? Melhor ainda, como evitar frustração?
A frustração é um chamado para você reaver sua forma de encarar a vida. Se está sentindo frustração, é porque está se auto sabotando, e sua mente está mal direcionada. Vou explicar.
O pilar do bem-estar é fugir daquilo que chamo de paradigma da fantasia, que lhe traz toda sorte de sofrimento, incluindo frustração.
Quando a mente perde seu contato com o aqui e agora, ela viaja no tempo. O mais comum é viajar para futuro, criando expectativas. Criamos listas de coisas que queremos para ser feliz. Isso se chama “felicidade condicional”, porque você está dizendo para si mesmo que você só será feliz sob certas condições, todas as quais estão no futuro. Você será feliz quando entrar na faculdade, quando conseguir um emprego, quando for promovido, quando se casar, quando tiver filhos, quando ficar em forma, comprar uma tevê ou celular novo, conseguir um carro melhor e muitas outras coisas.
Felicidade condicional é uma armadilha. É uma situação em que ninguém ganha. O grande problema é que você está dizendo que, agora mesmo, você é incompleto, infeliz ou “ainda não chegou lá”. Muito embora você não tenha a intenção de se deprimir com isso, o que acontece quando você diz que você será feliz quando isso ou aquilo aconteça ou quando obtenha isso ou aquilo é que você está dizendo que você não é feliz agora, que você não está satisfeito e que você não é completo.
E a situação piora, pois, no mesmo instante em que você aposta em alguma coisa ou alguma situação externa e futura para ser feliz, você certamente ficará ansioso. Consciente ou não, você ficará ansioso em relação a quando isso virá, ou se virá. Também ficará frustrado em razão de ainda não ter o que deseja. Você ficará irado caso aconteça algo que afaste essa realidade para um futuro ainda mais distante, ou que a torne improvável.
E se todos esses sentimentos de insatisfação, ansiedade, frustração, medo e ira não fossem o bastante para estragar seu dia, aqui está o golpe final: quando você de fato obtém um desses itens de sua lista de alegrias condicionais, o sentimento positivo dura pouquíssimo tempo, algumas vezes praticamente não existindo.
Talvez concluir o ensino médio tenha sido um item importante na sua lista. Porém, por quantos dias você de fato se sentiu realizado e feliz depois do dia da formatura? Entrar na faculdade? Por quanto tempo isso deu suporte ao seu bem-estar? Obter o primeiro emprego? Seu carro novo? Um celular mais moderno? Pense nisso.
Por quanto tempo você de fato se sentiu satisfeito, completo, realizado e feliz ao alcançar essas metas? O que realmente aconteceu com você foi provavelmente o que acontece com a maioria de nós: tão logo você obtém um item da sua lista, sua lista simplesmente se atualiza e aquilo não foi tão incrível, afinal. Sua mente não lhe deu nenhum descanso, nenhuma satisfação e nenhuma felicidade durável.
Quando você sentir frustração, dê um passo para trás. Respire fundo e analise bem o histórico da situação. “Como cheguei aqui? Por que estou sentindo isso?”. Facilmente identificará que você estava na superfície, avoado. Você perdeu contato com sua essência, com seu dharma e certamente com o aqui e agora. E neste estupor, criou apego a mais um item fantasioso na sua lista de felicidade condicional.
Aí a realidade chega, nua e crua como é, e você leva um choque. A realidade não bate com a fantasia. Surge então a dor.
Abrace a dor da frustração. Não fuja dela. Registre o evento. Faça um B.O. de sua tolice. Denuncie a sua inteligência que sua mente mais uma vez lhe enganou. Assim, a cada ocorrência, você fortalece sua determinação de viver a realidade, viver seu dharma, sua essência, no aqui e agora, em conexão divina.