Crianças negligenciadas emocionalmente tendem a ter dificuldade para sentir e expressar amor. Por outro lado, crianças que foram muito amadas e acarinhadas tendem a amar de forma expansiva e generosa, buscando pessoas calorosas , que expressam o amor. Crianças incentivadas a desenvolver o melhor delas , educadas num ambiente mais libertário e assertivo, provavelmente também buscarão parceiros que lhes forneçam mais liberdade.
A paixão é algo aparentemente inexplicável. Estamos em um lugar qualquer e de repente o coração bate mais forte ao encontrar os olhos de alguém. Um simples gesto, como o arquear das sobrancelhas ou a maneira de sorrir pode servir de gatilho para mergulharmos na mais inebriante experiência humana.
Tentamos racionalizar a paixão e o amor, buscando causas objetivas para nos sentirmos tão fortemente atraídos por determinadas pessoas. E nenhuma resposta, por mais lógica que nos pareça, é boa o suficiente para explicar 100% o porquê de dispensarmos o melhor da nossa energia e do nosso tempo a alguém, que muitas vezes, conhecemos de forma superficial.
Pela Psicanálise, existem basicamente dois caminhos para fazer a escolha de objeto amoroso: a narcísica e a anaclítica. A narcísica se refere à própria pessoa que ama. Tendemos a escolher como objetos amorosos aqueles que de alguma forma se parecem conosco ou que são como gostaríamos de ser. Por isso, costuma-se dizer, que os opostos se atraem, mas acabamos dando certo com os semelhantes, com aqueles que apresentam necessidades emocionais parecidas, que enxergam a vida de forma convergente á nossa.
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A anaclítica já diz respeito às figuras parentais, que não precisam necessariamente ser nossos pais biológicos. Tendemos a amar nossos objetos como fomos amados pelas pessoas que cuidaram de nós em nossa infância. O mais interessante da escolha anaclítica é que, muitas vezes, a forma como fomos cuidados nos causou algum tipo de sofrimento e mesmo assim buscamos revivê-la por meio dos nossos objetos amorosos.
Muitas pessoas que tiveram uma criação mais autoritária acabam escolhendo para parceiro alguém igualmente autoritário, pois embora este padrão cause sofrimento, é a forma de amor que o sujeito conhece, é o que ele identifica como amor. Provavelmente, é por tal motivo, que filhos de pessoas agressivas tendem a buscar relacionamentos complicados ou se tornam pais agressivos.
Crianças negligenciadas emocionalmente tendem a ter dificuldade para sentir e expressar amor. Por outro lado, crianças que foram muito amadas e acarinhadas tendem a amar de forma expansiva e generosa, buscando pessoas calorosas, que expressam o amor. Crianças incentivadas a desenvolver o melhor delas, educadas num ambiente mais libertário e assertivo, provavelmente também buscarão parceiros que lhes forneçam mais liberdade.
Pessoas que foram importantes em nossa infância, além dos pais, também podem interferir nas nossas escolhas amorosas futuras. As duas formas de escolha objetal não são excludentes. Em resumo: a própria constituição do sujeito mais as experiências afetivas infantis orientarão a escolha de objetos na fase adulta.
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Excelente!
Adoro seus textos, sua forma de abordagem das questões inerentes ao nosso âmago. Parabéns e obrigada.