De acordo com dados fornecidos pelo site de relações extraconjugais Ashley Madison, o perfil do homem infiel tem 43 anos, é casado, com poder aquisitivo médio-alto e, como profissão, pode ser empresário, executivo, médico ou advogado.

Quanto à mulher infiel, tem uma idade média de 34 anos, em 67% dos casos é casada e trabalha em administração, é professora, executiva ou dona de casa. As porcentagens de infidelidade entre os sexos são as seguintes: 35% deles e 26% delas admitem ter pulado a cerca pelo menos uma vez.

Esteban Cañamares, psicólogo clínico e autor do livro “Por qué le es infiel?” conta como a contradição responde a razões antropológicas profundas: “Por um lado, somos seres curiosos que buscam aventuras e novas formas de amar, mas, como primatas, precisamos de estabilidade emocional.

São duas tendências opostas que vivem em nosso interior. Isso é resolvido com a lei de funil: buscamos ser atraentes e seduzir novas pessoas, mas, ao mesmo tempo, queremos que nosso parceiro seja fiel. Uma das consequências disso é que cerca de 13% dos filhos não são de seus pais oficiais”.

Cerca de 72% dos homens consideram que a infidelidade sexual é pior do que a infidelidade emocional, enquanto 69% das mulheres acham que a infidelidade emocional é mais grave.

Claro que tudo é divertido enquanto a infidelidade é mantida em segredo. Mas os problemas surgem quando nosso parceiro descobre a traição. Cañamares afirma que o infiel é muitas vezes pego “por um descuido ou incongruência” que leva o parceiro enganado a achar o fio da meada.

Quanto às reações, o psicólogo lamenta que, via de regra, são exageradas: “A maioria explode de raiva, aborda o infiel com a cabeça quente e constrói uma história de altos e baixos.

Na verdade, deveria fazer o oposto: acalmar-se, refletir e perguntar se a infidelidade é pontual ou sistemática para elucidar se vai se repetir ou não”. Sobre esse ponto, um estudo da rede de encontros extraconjugais Gleeden mostra que 16% dos adúlteros repetiram a experiência antes de dois meses após a primeira traição, e 21% antes dos seis meses de começar sua vida de infiel.

A reação da pessoa enganada será mais ou menos colérica dependendo de diversos fatores, como o caráter ou sexo e o motivo da infidelidade: não é o mesmo ser infiel por amor do que trair por prazer.

Segundo uma pesquisa do site de casos extraconjugais Victoria Milan, 72% dos homens consideram que a infidelidade sexual é pior do que a infidelidade emocional, enquanto 69% das mulheres veem a infidelidade emocional como algo muito mais grave e difícil de esquecer.

“A infidelidade é um bom momento para analisar o parceiro a fundo: o estado das relações sexuais, a relação com as amizades e com a família política…”

Uma vez assimilada a realidade, surge o grande dilema: perdoar ou não perdoar? Cañamares dá sua opinião: “Essa pergunta tem de ser respondida segundo o que diz nosso cérebro e, acima de tudo, nosso coração.

Mas é um bom momento para analisar a fundo todos os aspectos do parceiro: o estado das relações sexuais, a relação com os amigos e com a família política… Para fazer isso, a ajuda profissional pode ser muito positiva, especialmente para analisar o problema de fora”.

E é isso o que vamos fazer a seguir. Analisar infidelidades flagrantes. Daremos voz a 20 indivíduos, homens e mulheres, para nos dizer como descobriram que estavam sendo enganados e qual foi sua reação ao saber.

Será uma catarse para eles, uma interessante lição sobre a condição humana em geral, e sobre as relações conjugais em particular. Os sobrenomes não foram divulgados a pedido dos entrevistados.

1. “Minha namorada estava me traindo há meses com seu chefe. Descobri porque um amigo os viu em um restaurante. Quando soube, estive a ponto de cometer um desatino, mas, felizmente, o amigo que me contou conseguiu me controlar e me fez voltar à razão. O melhor que podia fazer era esquecer”. (Fotógrafo, 32 anos)

2. “Me enviou uma mensagem por WhatsApp: ‘Daqui a pouco te vejo no hotel’. A mensagem não era para mim, que estava em casa com febre, mas para outra garota. A primeira coisa que fiz foi jogar o telefone contra a parede e gritar. Quando voltou para casa, o confrontei e me contou tudo. Disse que a garota não era importante para ele, que era eu quem ele amava. Fiquei com muita raiva. Mas refleti e lhe perdoei. Já se passaram alguns anos, e acho que aquele episódio, na verdade, nos fortaleceu como casal”. (Secretária executiva, 29 anos)

3. “Não descobri de repente. Foram várias pequenas coisas, porque meu marido nunca foi um cara cuidadoso. Chegava em casa com cheiro de um perfume feminino que não era o meu, encontrava pelos loiros em sua cueca quando sou morena… Por anos fiz vista grossa e engoli seco, porque fora isso é bom marido e bom pai. Mas a vingança é um prato que se serve frio, e agora sou eu quem tem um amante”. (Dona de casa, 45 anos):

4. “Me disse que estava em uma viagem a trabalho em Cuenca [Espanha]. Como pensei que ficaria entediada no hotel, pedi que fizéssemos um pouco de sexting, trocando fotos eróticas. Me enviou uma em que aparecia seminua. Ao fundo, sobre a cama, dava para ver claramente uma cueca. O choque foi tremendo. Escrevi: ‘Não precisa voltar. Fique em Cuenca com seu amigo e sua cueca’. Então, fui ao cinema para assistir a um filme qualquer: precisava ficar no escuro e me desafogar”. (Eletricista, 38 anos)

5. “Há muito tempo que eu e meu marido não fazíamos amor. Primeiro, pensei que era porque ele ficou desempregado e estava deprimido. Mas, então, comecei a perceber, quando chegava em casa do trabalho, um cheiro de sexo ou de perfumes estranhos. Muito desconfiada, escondi uma pequena câmera na lâmpada e vi com meus próprios olhos que, de fato, meu marido estava me traindo… com outro homem! Minha vingança foi mostrar-lhe o vídeo e forçá-lo a enfrentar sua infidelidade. Ele ficou com muita raiva e ameaçou me processar por tê-lo espionado. Enfim…”. (Galerista, 41 anos):

6. “Minha mulher é muito mais jovem do que eu, e sempre tive a paranoia de que, mais cedo ou mais tarde, me enganaria. Minhas suspeitas aumentaram quando começou a sair para fazer compras quase diariamente. Para descobrir o que estava acontecendo, instalei um aplicativo para entrar em seu WhatsApp. Assim, pude comprovar que um tal de Carlos lhe escrevia o tempo todo. Dizia: ‘Como nos divertimos esta noite’, e ela respondia: ‘Vamos ver se posso escapar amanhã’. Quando me acalmei, liguei e disse que ela tinha 24 horas para pegar suas coisas ou as jogaria pela janela”.(Funcionário administrativo, 50 anos)

7. “Um dia uma garota apareceu em minha casa e me disse que era amante do meu parceiro. Quase tive um treco. A primeira coisa que fiz foi expulsá-la de casa. Depois, chorei um rio de lágrimas. Liguei para meu namorado e pedi explicações. Ele disse que a garota estava desequilibrada, reconheceu que tiveram um rolo, mas que havia acabado e ela não aceitava. Decidi perdoá-lo, mais que por ele, por nosso filho. Isso aconteceu há três meses. Ainda não sei se vamos superar isso”. (Empresária, 38 anos)

8. “Não sou um homem possessivo; na verdade, minha namorada sempre foi a mais ciumenta. Por isso, é paradoxal que tenha sido ela quem me enganou. Confessou chorando em uma tarde de maio. Segundo me jurou, foi um deslize: conheceu um homem quando eu estava trancado escrevendo um romance e ela se sentia sozinha. Embora não tenha sido agradável, não dramatizei. Eu a abracei e disse que a perdoaria se prometesse não fazer mais aquilo”. (Escritor, 41 anos)

9. “Meu namorado me traiu com minha irmã. Nunca perdoarei. Nem a ele nem a ela. E o pior é que os peguei com a mão na massa. Meu estômago doía, cheguei em casa várias horas antes do previsto e ali estavam… Como reagi? Chorando e vomitando como louca. Tive de ser levada ao pronto-socorro “. (Cabeleireira, 33 anos)

10. “Minha namorada começou a trabalhar com o ex e acabaram na cama. Eu já temia isso, porque essa relação a marcou e acho que nunca conseguiu superá-la. Mas foi um golpe baixo. Soube por ele, de uma forma terrível. Eu o encontrei em um bar, bêbado, e me disse: estava há meses dormindo com minha mulher. Naquela época, ela estava viajando. Quando voltou, encontrou suas coisas na porta, dentro de sacos de lixo”. (Florista, 38 anos)

11. “Descobri porque usamos o mesmo laptop para assistir a filmes e ele, que é muito distraído, deixou seu e-mail aberto. Não é que eu o estava espionando, mas, vendo a caixa de entrada, resolvi dar uma olhada e vi um monte de mensagens de uma tal de Mónica. Quando as li, fiquei em choque. Não sabia que meu namorado, que comigo era um santo homem, tinha tanta imaginação erótica. Tive um ataque de nervos tão grande que comecei a responder os e-mails, um a um, colocando todos os insultos que conhecia e até mesmo alguns inventados. Ela nunca respondeu”. (Garçonete, 32 anos)

12. “Soube pela forma mais dolorosa possível: os vi em plena rua! Minha reação? Dei umas bolsadas neles. O que fazer? Não ia dar uns tapinhas nas costas”. (Tradutora, 39 anos)

13. “Minha namorada começou a chegar em horários estranhos e ir correndo para o chuveiro, supostamente porque chegava cansada e queria relaxar. Parecia tão estranho que contratei um detetive particular. Não ganho muito dinheiro e me custou o olho da cara, mas valeu a pena: trouxe algumas fotos em que aparecia com um homem. Fui para casa com as fotos e, como ela não estava, pendurei todas as fotos na parede com tachinhas. Então peguei minhas coisas e me mudei para casa de um amigo”. (DJ, 45 anos)

14. “Meu namorado, que antes era o homem mais caseiro do mundo, começou a sair à noite duas ou três vezes por semana. Dizia que ia ao futebol, ao cinema com os amigos… Um dia, o segui. Eu o vi entrando em um hotel. Perguntei na recepção o número do quarto e comprovei que nem sequer fez o cadastro com um nome falso. Não fiz escândalos. Apenas bati na porta, uma garota em um roupão de banho abriu, perguntei pelo meu marido e lhe disse que poderia ficar no hotel o tempo que quisesse, mas que, para casa, não voltasse mais”. (Advogada, 43 anos):

15. “Devido ao meu trabalho, passo muito tempo longe de casa. Comecei a suspeitar de algo devido a uma insinuação de um vizinho. Depois de espioná-la durante vários dias, comprovei que estava sendo infiel. Fiquei dirigindo a noite toda, sem pegar clientes, para relaxar. Quando cheguei em casa, disse o que havia acontecido. Ela fez as malas e partiu. Não voltamos a nos ver”. (Taxista, 48 anos):

16. “Soube porque fez uma cirurgia e passou várias semanas no hospital. Um dia, uma garota chegou ao hospital com um buquê de flores. Não me pergunte como, mas só de vê-la soube que era sua amante. Intuição feminina. Não fiz nada, fiquei paralisada, congelada. Não sabia reagir. Então me tranquei no banheiro e dei um grito que foi ouvido em todo o hospital”. (Vendedora, 26 anos):

17. “Fui o último a saber. Minha parceira estava há 10 anos se encontrando secretamente com outro homem. Dez anos! Um dia lhe disse claramente. Ela negou naquele dia. Na semana seguinte, me pediu perdão, disse que era verdade e que ia ficar com ele. Peguei algumas das minhas economias e fui viajar por um mês ao redor do mundo. Conheci uma garota dinamarquesa e acabamos de ter nosso primeiro filho”. (Professor, 40 anos):

18. “A crise dos 40 não fez nada bem ao meu marido: ficava olhando para minhas amigas, para as mulheres na rua… Comecei a pensar que estava sendo infiel. Decidi testá-lo e criei um perfil falso no Facebook, coloquei uma foto falsa e tentei meu marido, para ver o que acontecia. E aconteceu o que aconteceu. Tentou me seduzir. Entrei na onda e combinamos um encontro em um hotel. Precisava ver a cara dele ao chegar e me ver lá. Não pude evitar cair na risada. Rir para não chorar”. (Pintora, 46 anos)

19. “Acredite ou não, descobri que minha namorada estava me traindo porque sonhei. Estava um pouco desconfiado e um dia tive um sonho muito real. Investiguei um pouco e descobri. Para evitar fazer uma loucura, fui a campo. Ali, gritei e chorei. Depois, liguei para minha namorada e disse que não havia sentido continuar”. (Militar, 37 anos)

20. “A primeira pista foi uma foto que uma garota publicou em sua conta no Facebook, marcando meu namorado. Pareciam muito carinhosos. Quando perguntei ao meu namorado quem era, ficou vermelho e disse: ‘Ninguém, uma conhecida, uma amiga de um amigo’. No dia seguinte, a foto havia desaparecido. Achei estranho. Comecei a bisbilhotar seu celular o quanto pude. E encontrei vários selfies dos dois. Bebi meia garrafa de rum, fui para a discoteca mais próxima e fiquei com o primeiro que se interessou por mim”. (Massagista, 31 anos)

(Autor(a): Luigi Landeira)
(Fonte: brasil.elpais.com)

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A busca da homeostase através da psicanálise e suas respostas através do amor ao próximo.

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