Por que nos dar ao trabalho de questionar tudo, compreender as coisas e reconhecer padrões, isto é, dar sentido ao que percebemos?
Não seria mais fácil simplesmente “viver”, curtir o aqui e o agora, sem perder tempo com “bobagens filosóficas de quem não tem o que fazer”?
Insisto nesse caminho — o das “bobagens” — já há algum tempo, sempre acompanhado pela sensação de que uma simples descoberta, ou melhor, a evolução entre percepção e compreensão acaba revelando uma infinidade de coisas novas, possibilidades e relações cada vez mais complexas entre si.
Ao adquirir “consciência” dessa infinitude recém descoberta, passamos a reconhecer um novo sabor desse mesmo universo que conhecemos. Assim, por experimentá-lo ainda de uma nova forma, aumentamos nosso contato com o “todo” e, finalmente, nos sentimos mais completos.
Uma vez transformados e mais completos, adquirimos a capacidade de contribuir com a complexidade e harmonia do universo — aquele presente em cada um de nós — de forma consciente.
Esse “caminho”, em direção à completude e compreensão, nos leva outra vez ao início de todo esse processo, seu destino natural, instigando a curiosidade e a imaginação dos que buscam questionar, compreender e sentir. Eis o ciclo primordial do meu universo particular.
Surge também a sensação de um efeito colateral, infelizmente. Quanto maior a expansão desse universo particular, maior o abismo entre o Eu e todo o resto. Quanto maior o turbilhão de ideias, pensamentos e devaneios, maior a solidão — mesmo no meio da multidão.
Quanto mais a exuberância interna se reflete no exterior, maior a vontade de se afastar das coisas banais, de pessoas superficiais, sorrisos forçados, abraços tímidos e beijos sem paixão.
Mas não se deixe levar por essas coisas, mesmo que tenha se identificado e também esteja sofrendo de tais “efeitos colaterais”. No fundo, são apenas vestígios de uma história que já não convence mais; no fundo, somos mais do que isso — nosso Eu é maior.
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Seja ponte, nunca destino nem partida. Ponte entre o universo exterior e interior, ponte entre os outros, o Eu e si mesmo — pois não há nada melhor para transpor aquele abismo, por menor que seja.
Ponte, não apenas pra aceitar as transições da vida, mas pra se tornar a própria transição. Ponte para ajudar os que precisam de travessia. Se reconheça como ponte, nada mais.
1° Esse cara é muito lindo ( Bruno Braz )
2° Estou adorando teus artigos