“Nem todas as verdades são para todos os ouvidos.” – (Umberto Eco)
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Uma das maiores dificuldades comunicativas diz respeito à capacidade de expor pontos de vista sem exagerar no tom impositivo ou mesmo agressivo com que se defendem argumentos, mesmo os mais incoerentes. Cada vez mais intolerantes, as pessoas parecem precisar revestir seus discursos de agressividade, para que pareçam convincentes.
Com o advento da Internet, todos possuímos espaços virtuais onde podemos nos expressar, expondo nossos pontos de vista sobre assuntos vários. Ilusoriamente protegidos pela distância que a tela fria traz, muitas vezes excedemos no radicalismo com que pontuamos nossos comentários, sem levar em conta a maneira como aquelas palavras atingirão o outro.
A frieza do cotidiano e a concorrência de mercado acabam por contaminar nocivamente os relacionamentos humanos, que se tornam cada vez menos afetivos, tão robóticos quanto as máquinas de café que nos entopem os sentidos. Importamo-nos quase nada com os sentimentos alheios, com a historia de vida alheia, com a necessidade de entender as razões que não são nossas, pois queremos a todo custo extravasar tudo isso que se acumula dentro de nós em meio à velocidade estressante de nossas vidas.
Nesse contexto, quando expomos aquilo que pensamos sobre determinado assunto, principalmente relacionados à política e/ou à religião, acabamos sendo vítimas de contra-ataques violentos que não rebatem o que expusemos, mas tão somente tentam neutralizar nossa verdade com destemperos emocionais isentos de criticidade. Aceitável seria, entretanto, uma contra-argumentação pautada por reflexões plausíveis, o que não ocorre, em grande parte dos casos.
O fato é que poucos estão dispostos a se abrir ao que o outro tem a oferecer, a dizer, a mostrar, a trazer de diferente para suas vidas, porque é trabalhoso refletir sobre idéias já postas e cristalizadas dentro de nós, ao passo que manter intacto aquilo que carregamos há tempos é cômodo e tranquilo. E quem não quer não muda, não recebe o novo, somente dá em troca o pouco que tem e, pior, muitas vezes de forma deselegante e depreciativa.
Portanto, é necessário que aprendamos a nos expressar e a debater nossas ideias com quem realmente estiver pronto para trocar conhecimentos, com quem possui uma postura receptiva para com o novo e que não se importa com a quebra de certezas. Não percamos nosso precioso tempo com quem só ouve o que quer e da forma que lhe convém, diminuindo-nos por conta da diversidade de opiniões. Esses definitivamente não merecem nem mesmo nossa presença.
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