A perfeição existe para quem acredita nela, e depende do ponto de vista de cada um, assim como existem gostos diferentes para se sentir perfeita.

Não existem pessoas perfeitas, mas existem pessoas que encantam a gente e, pensando assim, podemos concluir que esses padrões ditados pela sociedade, pela cultura, pela tv e por pessoas que não tem nada melhor para fazer, não passam de enganação e escravização.

Todos os dias vemos um mundo estranho em que para ser bonita e estar em forma, tem que ser magra, definida, esguia, plastificada, mumificada ou tudo ao mesmo tempo. Ninguém inventou ainda que comer com vontade, de tudo um pouco e ter marcas pelo corpo é mais humano do que ser seduzida por padrões de beleza que apenas te faz paranoica e doente.

Toda mulher que se preza, tem celulite, tem estria e é flácida… e quem falou que isso é feio? Feio é ser infeliz, ser mal humorada ou não ter capacidade de se entregar por vergonha de mostrar as marcas originais. Feio é ser arrogante, chata e intragável. Tantas coisas que precisamos arrumar dentro da gente ao invés de se apegar a coisinhas que são mais naturais do que pensamos.

Essas marcas do tempo nos nossos corpos podem nos incomodar e podem desequilibrar nossa autoconfiança, é verdade. Cuidar do corpo e da saúde faz bem para a alma, alimenta o ego e melhora a autoestima. Fazer aplicações, massagens, lasers e tantas outras possibilidades mais, é necessário quanto isso tudo nos fazem plenas, mas viver em função da perfeição e se auto escravizar para viver dentro de padrões ditados pela mídia e por pessoas que não tem o que fazer, é se perder de você mesmo. Cuidar de você, reparar, recauchutar, faz muito bem, mas viver em função de aplicações, cirurgias e dietas absurdas é se permitir patética demais.

Não adianta tratamentos e procedimentos se dentro de você existe tristeza sufocada, se a dieta te faz mal humorada e frustrada ao invés de ser meta alcançada, se não acredita em si mesma, se há mais agitação nos seus sentimentos do que amor, se há punição pessoal por ter ganho algumas gramas ou alguns quilos a mais. Não adianta um corpo perfeito se o seu íntimo precisa melhorar. Não adianta querer ser bonita, ter corpo invejável ou ser mulher maravilha, se você não passa de superficialidades e falta amor próprio. Não adianta ser gostosa se por dentro é tudo integral e light sem sabor de viver de fato.

Toda mulher que se preza tem celulite, estria, flacidez e outros detalhes a mais, mas também temos um coração que ama e que entrega que é mais importante do que esses incômodos que a idade ou a estrutura física nos proporciona. Detalhes pelo corpo são melhores do que mulheres “perfeitas”, superficiais e rasas.

Antes um corpo marcado pela idade, pela gravidez e pela genética do que alguém com vida limitada pela falta de vontade, pela falta de emoção, pela maldade, pela mentira, pela insegurança. Antes uma mulher marcada pelas celulites, estrias e flacidezes da vida do que não ter histórias para contar ou ser perfeita sem ser feliz.

Um corpo é um corpo. Um sorriso é mais marcante do que uma cintura fina e bumbum perfeito. Um carinho espontâneo atiça mais do que um cabelo impecável. Um gesto marca mais do que aquela roupa cara e da moda. E, mania de perfeição com o corpo é irritante.

Pare com essa cobrança pessoal em que você precisa fazer de tudo e mais um pouco para ser desejada, para caber nos sentimentos e nas vontades de alguém. Você precisa se caber dentro de si mesma, dentro da sua vontade de ser feliz e dentro dos sonhos que precisa realizá-los. Não se subestime, nunca. Quem muito tenta caber fora das realidades da vida, logo ficará frustrada. Você é melhor e perfeita quando começa a se aceitar por inteira, mesmo não sendo perfeita.

Se preocupe com sua essência, pois isso é a libertação para você se sentir plena e irresistível. Celulite, estria, flacidez, rugas e pés de galinha são sinais de vida longa, enquanto muita gente não terá a felicidade de sentir isso na pele. Seja grata, este é o segredo para se dar bem na vida e impressionar o mundo.

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Simone Guerra é mãe, escritora, professora e encantada pela vida. Brasileira morando na Holanda. Ela não é assim e nem assada, mas sim no ponto. Transforma em palavras tudo o que o coração sente e a alma vive intensamente. Apaixonada por artes, culturas, línguas e linguagem. Não dispensa bolo com café e um dedinho de prosa.

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