Durante todo o mês de janeiro, uma campanha chamou a atenção para a importância dos cuidados com a saúde mental. Intitulada Janeiro Branco, a ação, que tem sua 5ª edição em 2018, contará com atividades espalhadas por todo o país. Somente no Facebook, a página oficial já alcançou mais de 50 mil curtidas.
A campanha nasceu em Uberlândia (MG) em 2014 e foi ganhando adeptos em outros estados. Em São Paulo, foi organizada pelos psicólogos Wemerson Peitoxo, Juliana Silva e Michelle Perez. “Nós pensamos em quebrar com a quarta parede da clínica e sair das clínicas, consultórios, unidades de saúde e redes sociais e ir para as ruas, então a campanha ganhou força conforme os psicólogos se movimentavam e faziam atividades em prol do Janeiro Branco. As pessoas ficavam curiosas e, ao saberem um pouco mais, se identificavam, pois saúde mental está em todos os lugares e, atualmente, é uma área que precisa de atenção”, dizem os psicólogos.
A preocupação com o número crescente de casos de depressão em todo o mundo fez com que a Organização Mundial da Saúde (OMS) elegesse 2017 como o ano de combate à depressão para estimular a sociedade a eliminar estigmas e incentivar as pessoas a buscarem ajuda. Uma das ações propostas pela OMS para reduzir os casos mundiais de depressão, que junto com a ansiedade geram gasto de US$ 1 trilhão à economia global, é aumentar os investimentos em serviços de saúde mental em países de todos os níveis de renda.
Os organizadores do Janeiro Branco contam que, mesmo com o sucesso da campanha, os psicólogos não escaparam do estigma com o qual têm que lidar no dia a dia. “Por se tratar de um movimento realizado por psicólogos, ainda acontece de sermos estigmatizados como ‘médicos para loucos’, ou seja, aquele profissional que só trabalha para loucos ou quando pessoas estão fora do ‘padrão social de normalidade’. Mas, apesar de alguns poucos contratempos, a união e o interesse de todos em divulgar a saúde mental e em viabilizar o acesso à psicologia ganharam espaço e ultrapassaram barreiras, desmistificando a psicologia como profissão de loucos e destinada a loucos, mostrando que o acesso é para todos”, completam.
Apesar de grande parte da população mundial sofrer algum tipo de transtorno ligado à saúde mental, muitas pessoas ainda relutam em procurar ajuda profissional. “Culturalmente, estamos acostumados a tratar (seja com medicação ou outro método) aquilo que nos incomoda: quando temos dor de cabeça, tomamos o remédio para que essa dor alivie; a partir do momento que não sentir mais dor, não faz sentido tomar mais remédios. No entanto, um tratamento de saúde mental é diferente: os sintomas costumam reduzir de forma considerável nos primeiros meses, mas é necessário seguir por muito mais tempo o tratamento para que nosso cérebro ‘aprenda’ a funcionar do jeito certo”, diz a especialista em neuropsicologia Sandra Mara Comper, que atende pacientes com transtornos de humor, é membro da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia.
Os psicólogos Wemerson Peitoxo, Juliana Silva e Michelle Perez afirmam que a campanha deve continuar nos próximos meses. “Vamos amadurecer as ideias, refletir sobre o que tem acontecido e planejar o seguimento da campanha. Estamos pensando em fazer [a campanha] “De janeiro a janeiro”, com atividades em instituições com as quais mantivemos contato”, finalizam.
(Fonte: zenklub)
*Texto publicado com a autorização da administração do site.
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