A guerreira Dandara, mulher de Zumbi dos Palmares, emprestou seu nome a uma boneca de pano e se transformou em destaque no projeto de impacto social Era uma vez o mundo
“A Era uma vez o Mundo é uma empresa que oferece soluções para problemas sociais que afetam principalmente uma população periférica de baixa renda. A gente pensou com delicadeza na formação da identidade de nossas crianças e, por isso, construímos uma fábrica de sonhos para chegar ao Brasil inteiro”, conta Jaciana Melquiades, fundadora da empresa criada em 2017, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, para suprir a falta de produtos voltados para as crianças negras.
Depois do sucesso da loja virtual, a empresa inaugura no dia 16 de fevereiro, a sua primeira loja física de bonecas negras do Brasil, no espaço Andradas 22, no Centro (Rio de Janeiro/RJ). O projeto foi acelerado pelo Instituto Ekloos, em parceria com o Oi Futuro.
Oferta de bonecas negras é pequena
Segundo estudo realizado em março de 2018 pela ONG Avante, de Salvador, de um total de 762 modelos de bonecas fabricadas no Brasil, 53 eram negras (7% do total). Na venda online, o porcentual de bonecas negras ofertadas nos sites era ainda menor: 3%. De acordo com Ana Marcílio, consultora da Avante, “ter bonecas pretas é necessário para uma educação mais justa, para alcançar as ideias de diversidade, valorização do sujeito, fortalecimento da autoestima, das interrelações pessoais e sociais da criança. Faz todo o sentido, de convivência social, de respeito ao outro”, disse ela.
“Nossa boneca Dandara será o destaque de vendas, com mais de 15 estampas e modelos diferentes de roupinhas feitas com tecido africano exclusivo. Ela custará R$ 80,00, havendo ainda a possibilidade de personalizá-la, a partir de R$ 65,00. Encontrar uma boneca negra em uma loja física ainda é bastante difícil. Entendemos que o público consumidor tem a necessidade de poder ver, tocar e avaliar o produto antes de comprar, ainda mais em se tratando de um item ainda tão raro no mercado”, explica Jaciana.
As bonecas e bonecos negros já homenagearam muitas personalidades, entre elas as atrizes Cris Vianna e Ruth de Souza e o ator Lázaro Ramos. Um dos bonecos oferecidos pela empresa é o Pequeno Príncipe Preto.
Jaciana e Leandro Melquiades, responsáveis pela Era uma vez o mundo, esperam faturar R$ 1 milhão em 2019, com a venda de mais de 10 mil bonecas, considerando as vendas da loja física e online.
“O programa de aceleração ajustou o modelo do negócio e nos deu confiança. Poder contar com um time de profissionais nos aconselhando e nos fazendo ver além das nossas experiências cotidianas é extremamente rico. Além de validarem muitas qualidades que víamos em nós, nos dão os contrapontos necessários pra gente fazer críticas e auxiliam nas nossas tomadas de decisão”, comenta Leandro.
Os empreendedores acreditam no poder transformador das brincadeiras e da educação. Foi por essa razão que criaram brinquedos educativos de tecido, nos quais as crianças negras podem “se ver”. A empresa busca compartilhar, em ambientes educativos e corporativos, sua visão e seus estudos voltados para a importância da diversidade no desenvolvimento infantil. Em 2017, as oficinas realizadas pela empresa em escolas mobilizaram 60 profissionais em rede e 400 alunos por estabelecimento de ensino. Cerca de 24 mil alunos foram impactados indiretamente.
O atelier do empreendimento, na Zona Portuária do Rio de Janeiro, conta com um total de cinco colaboradores e uma capacidade produtiva de 50 bonecas e 200 livros de pano por semana. A proposta atual é validar os processos e apliar a capacidade produtiva.
(Fonte: noticiasdeimpacto.com.br)
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