Sabotar a si mesmo, quem nunca? Acredito que todos já tenham passado por situações de autossabotagem, isso acontece quando uma parte de nós boicota os nossos pensamentos mais nobres de motivação, fé e desejo. Muitas vezes forjando atitudes contrárias aos nossos planos de crescimento e superação na carreira e até na vida pessoal.
Fui citado pela Revista Você S/A, na edição de abril, coluna Comportamento, que tratou o tema: O perigo da autossabotagem, um mal que ronda profissionais de todas as áreas e de diferentes posições no mercado corporativo.
A matéria conta que nossa própria mente pode fazer um estrago maior que chefes tiranos ou falta de emprego no sentido de sabotar nossa vida profissional, além de abordar como descobrir se está se sabotando e como fugir dessa armadilha mental.
Como falei, na própria entrevista para a revista – e faço questão de reforçar –, muitas vezes profissionais desenvolvem habilidades de autossabotagem, pensando em projetar sua própria imagem e garantir a sobrevivência. Isso, contudo, não é o suficiente para fazê-los triunfar, principalmente porque a maioria faz isso para tentar camuflar suas próprias limitações.
A baixa autoestima é um grande amigo do autossabotador: não se achar capaz ou merecedor, se nivelar por baixo, achar que o outro é sempre melhor, achar que tem um nível de inglês inferior, por exemplo, são todos indícios de uma baixa autoestima.
Nesse contexto, a pessoa passa a questionar e menosprezar suas formações e especializações, suas bases familiares, a instituição onde estudou, suas experiências profissionais e demais características, tendo, nesse caso, sua mente e seus pensamentos como inimigos.
Quais os tipos de autossabotagem
Um dos grandes filósofos da atualidade, Alain de Botton, descreve muito bem sobre a importância da vulnerabilidade e como nos comportamos ao seremos expostos a uma crítica pouco simpática, que podem resultar em humilhação. “Visto de perto nenhum de nós é impressionante. Ficamos acanhados, agitados, irritáveis e mal-humorados. Sobre a pressão de certas situações gritamos, batemos com as portas e deixamos sair os nossos lamentos”. Todas esses aspectos criam medos e estimulam a autossabotagem.
“É normal assumir que vamos procurar de forma activa a nossa felicidade, daí é estranho e até um pouco irritante descobrir que com muita frequência, alguns de nós, agimos como se estivéssemos deliberadamente a tentar arruinar as nossas hipóteses de obter aquilo que queremos”, Allan de Botton.
Algumas características que sabotam nossos pensamentos e vão nos transformando
Procrastinação – Essa palavrinha difícil não poderia deixar de estar no topo da lista da nossa autossabotagem diária. A quantidade de estímulos que a tecnologia oferece hoje, sem dúvida, contribui para nossa procrastinação. Fazer tudo ao mesmo tempo e não fazer nada, deixar para depois o que pode ser feito agora, ficar distraído com a internet e demais assuntos ao seu redor são atitudes características do procrastinador. Quando percebemos o tempo já acabou, o dia terminou e o projeto não foi entregue mais uma vez, ou não saiu do lugar.
Síndrome do vira-lata – Uma característica que anda de braços dados com o pensamento do sabotador de si próprio, expressão criada pelo escritor Nelson Rodrigues em 1950, continua dominando o pensamento daquelas pessoas que acham que tudo delas é inferior ao dos outros. São pessoas que não sabem valorizar o que têm e, ao mesmo tempo, idolatram tudo o que é do outro.
Não saber dizer não – Um tema que descreve muito bem as pessoas com perfil de autossabotagem, pois não saber dizer não significa não entregar todos os sins prometidos e aceitados. Inclusive, recomendo um best-seller sobre o assunto, o livro “Essencialismo”, de Greg Mckeown, e a sua disciplinada busca por menos. No caso do autor, o dizer NÃO foi o grande passo para transformar o jeito como ele passou a administrar melhor o tempo.
Como dominar os monstros internos que o sabotam
Ter mais confiança em si mesmo é um grande caminho para não se sabotar. Isso inclui confiar em sua educação, seus princípios, em como chegou aonde está e por que chegou, pedir ajuda, não ser arrogante, saber administrar melhor o tempo, saber que há sempre o que aprender, que por mais profissionais e cultos que sejamos, qualquer pessoa que cruza nosso caminho pode contribuir de alguma forma. Do guardador de carro na rua, à moça do cafezinho, todo ser humano tem sua história de vida e, certamente, algo a nos acrescentar.
Novamente vou citar o “Essencialismo”, pois o autor inglês defende que se concentrar apenas no essencial é a chave para obter os melhores resultados no trabalho. Mais produtividade, menos estresse e mais alegria, essa é a filosofia que guia o profissional essencialista, de modo que tudo começa com um simples NÃO.
Faça planos, trabalhe com organização, planeje seu dia e suas entregas. Não deixe que a “economia da atenção” roube todo o seu tempo! O seu tempo é valioso, tão valioso que existe uma indústria por trás de reter a sua atenção.
E talvez o passo mais importante para começar a mudar seja o reconhecimento do problema. Se você já identificou que se autossabota e não consegue resolver isso sozinho, procure um especialista na área. Existem inúmeros especialistas no mercado, como terapeutas, psicólogos, coachs, entre outros profissionais que podem te ajudar.
Autor: Alberto Roitman (Chief Creative Officer na Nexialistas Consultores)
(Fonte Original: linkedin.com)