René Spitz, psiquiatra infantil com formação psicanalítica, desenvolveu um conjunto de pesquisas em crianças que, durante os primeiros doze meses de vida, permaneceram um período prolongado numa instituição hospitalar ou num orfanato, privadas da presença da mãe.
Estudou as consequências e concluiu que os bebês apresentavam perturbações somáticas e psíquicas como resultado da ausência completa da mãe numa instituição em que os cuidados são administrados de forma anônima, sem que se estabeleçam laços afetivos.
Do ponto de vista do cuidado físico, estavam asseguradas as condições fundamentais de higiene e de alimentação; do ponto de vista afetivo, constatou uma carência afetiva total, porque cada adulto tinha à sua guarda várias crianças.
Spitz designou por Hospitalismo o conjunto de perturbações vividas por crianças institucionalizadas e privadas de cuidados maternos: atraso no desenvolvimento corporal, dificuldades na habilidade manual e na adaptação ao meio ambiente, atraso na linguagem.
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Constatou que é menor a resistência às doenças e que, nos casos mais graves, pode ocorrer a apatia. Os efeitos do Hospitalismo, presentes nas crianças que foram abandonadas em orfanatos ou asilos, são duradouros e muitas vezes irreversíveis.
Com as investigações Spitz confirmou a necessidade de laços e de contatos afetivos entre o bebê e o adulto, especialmente entre a mãe e o filho; a sua ausência pode conduzir a perturbações emocionais, comportamentais e de desenvolvimento graves.
Recentemente, as suas conclusões foram confirmadas por estudos desenvolvidos nas crianças encontradas nos orfanatos romenos, sobrelotados, depois da queda de Ceausescu, na Roménia, em 1989. A maior parte das crianças com 2 e 3 anos não conseguia andar ou falar, manifestando um comportamento passivo sem manifestação de emoções.
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A ausência de uma relação privilegiada com a mãe ou com um agente maternal, isto é, um adulto que a substitua, tinha como consequência a recusa em se alimentar, a perturbação do sono, a manifestação de comportamentos ansiosos. O desenvolvimento normal da criança ficava comprometido.
O sentimento de abandono e ver-se sem uma figura securizante comprometia o equilíbrio das crianças. Seria graças à relação privilegiada com um adulto que o bebé desenvolveria estratégias de adaptação ao meio.
Estas conclusões levaram a Organização Mundial de Saúde, em 1950, a incluir nas suas orientações um documento – Cuidados maternos e saúde mental -, onde se afirma:
“… fica claramente demonstrado que os cuidados maternos no decurso da primeira infância desempenham um papel essencial no desenvolvimento harmonioso da saúde mental”.
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No início do século XX, a grande preocupação dos responsáveis por instituições de acolhimento para crianças era a de assegurar condições de higiene que reduzissem as elevadas taxas de mortalidade e de doenças infectocontagiosas que se verificavam nesses lugares. Esta preocupação remetia para segundo plano a questão das necessidades socioafetivas das crianças dessas instituições.
René Spitz (1887-1974) foi uma das primeiras vozes a chamar a atenção para este erro. Defendeu mesmo, como já foi salientado, que a ausência de carinho, de laços verdadeiramente humanos e de cuidados de tipo maternal eram os principais fatores responsáveis pela mortalidade das crianças de tais instituições. Para Spitz, a privação afetiva precoce provocava dor psíquica (depressão) e acontecia, por exemplo, na sequência de longa hospitalização da mãe ou da criança.
Quando a ruptura da relação afetiva era parcial e passageira, acontecia a depressão anaclítica, uma ausência de estimulação afetiva que era reversível, ou seja, que cessava no momento do reencontro entre a figura materna e a criança. Quando o rompimento do vínculo afetivo era duradouro e total, sucedia uma privação emocional a que Spitz deu o nome, como já foi mencionado, de hospitalismo.
Traduzindo-se numa separação prolongada ou total, o hospitalismo pode ter efeitos irreversíveis, provocando, sobretudo se acontecer nos primeiros 18 meses de vida, atrasos no desenvolvimento a todos os níveis.
(Fonte: sites.google.com)
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Verdade eu passei por isto!