As nossas crises escondem tesouros, pode ter certeza. Aquilo que num primeiro momento se assemelha a um desmoronamento, sempre traz, em meio aos “escombros”, oportunidades de recomeço e de redescoberta.
Uma crise nunca se instala do nada, ela é o lembrete de que algo em nossa vida está fora do eixo.
Um casamento infeliz, uma depressão, ou uma insatisfação crônica com o trabalho trazem verdades que precisam ser encaradas, e chegamos ao fundo de poço por ignorarmos o que a nossa alma está gritando.
Costumamos fazer cara de paisagem para aquilo que não se encaixa, porque não é fácil encarar os problemas de frente? Tentamos driblá-los, empurramos com a barriga e seguimos empurrando o lixo para debaixo do tapete.
Acontece que tudo tem limite, chegará um momento em que embaixo do tapete não haverá mais espaço. O espaço para o faz de conta estará abarrotado, então, teremos que lidar com a realidade nua e crua.
A hora do confronto acontece, uma hora ou outra. Chegará o momento de você reavaliar esse relacionamento que o está sepultando em vida.
Você terá que dar um jeito nisso. Seja convidando o parceiro para buscarem ajuda juntos; seja optando pela ruptura desse vínculo que o está enforcando.
Chegará um momento em que você vai ser dar conta de que o seu trabalho é o motivo do seu adoecimento, por isso você se esquiva tanto dele, por isso deseja tanto as sextas-feiras e odeia as segundas.
Será que você não fez uma escolha profissional equivocada? Será que aquela faculdade que você cursou ou cursa o seduz de verdade? Pois é, se fez uma escolha desconsiderando as suas próprias motivações, a fatura da insatisfação vai chegar, é questão de tempo. E a insatisfação, quando ignorada, tende a evoluir para doenças emocionais e/ou físicas.
As nossas emoções silenciadas ou mal administradas sempre dão um jeito de se manifestar, seja por meio de uma enxaqueca, de uma insônia crônica…uma depressão. Emoções reprimidas viram sintomas.
Precisamos estar atentos ao que sentimos, precisamos olhar com coragem o nosso caos. Quando a desordem se instala, não podemos encará-la como uma derrota, e, sim, como algo que necessita de uma intervenção. Precisamos avaliar se estamos vivendo em harmonia com o nosso propósito. Talvez, seja o momento de buscar um novo rumo. Quem encara os próprios desacertos de frente costuma encontrar as sementes para um recomeço gratificante.
As novas possibilidades estarão ali nos acenando em meio às lágrimas. O problema é que somos medrosos demais. Estamos sempre atentos às opiniões externas, muitas vezes, vindas de pessoas que nem se importam conosco. Temos dificuldade em silenciar para os barulhos de fora, com isso, acabamos ignorando a voz da nossa essência.
Foi em meio à crise do meu casamento que decidi cursar Psicologia, que era um sonho adormecido desde a puberdade. Foi com o divórcio que me tornei escritora, a minha versão mais apaixonada.
Eu me sinto abraçada por minhas habilidades. Sigo, apaixonadamente, a minha estrada com a certeza de ter me encontrado na vida, depois de tantos tropeços.
Agradeço por tudo o que deu errado, afinal, não fossem os meus desacertos, eu não estaria vivendo essa satisfação indescritível de dar vida àquilo que nasceu comigo.
Essas oportunidades me surgiram em meio ao caos, não nasceram em tempos de paz.
(Imagem: Christopher Campbell)
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