Durante a gestação e pós-parto, a mulher passa por uma série de mudanças físicas, psicológicas e sociais que transformam toda a sua vida. A forma como ela enfrenta essas mudanças faz toda a diferença em sua adaptação e estabelecimento de um bom vínculo com a criança que irá nascer.
A busca de informações sobre os aspectos psicológicos da maternidade e, em alguns casos, o acompanhamento psicológico, são de fundamental importância para manter uma boa qualidade de vida.
Aspectos psicológicos da gestação
A mulher gestante, durante o ciclo gravídico-puerperal (época considerada de transição, devido a mudanças que a atingem nos aspectos fisiológico, psicológico e social), enfrenta uma crise caracterizada pela reativação de seus conflitos com suas figuras parentais. Ela já esteve no papel de filha e é do conjunto da constelação de sentimentos hostis e amorosos em relação aos pais, e em particular à mãe, que podemos entender o curso psicológico da gestação atual.
Os primeiros estudos sobre os aspectos psicológicos da gravidez surgem com Freud e a Psicanálise, através do reconhecimento do inconsciente e do aparelho psíquico, suas funções e seus desvios. Nesse período da vida da mulher, é comum a presença de sentimentos de angústia e conflitos ligados à sexualidade, à identidade sexual e ao narcisismo, sendo representado por um grande investimento de energia no próprio ego e utilização intensificada de recursos de pensamento, imaginação e fantasia.
A gestante experimenta uma ampla variedade de emoções, como introversão e passividade, uma vez que os conteúdos internos ganham destaque sobre o mundo externo, ambivalência afetiva, representada nas díades querer/não querer, poder/não poder, estar/não estar grávida, mudanças bruscas de humor, inquietação, irritabilidade, preocupação e depressão, que são reflexos da ansiedade que sente. Além disso, deve ajustar-se à mudança de imagem de si mesma e acatar a ideia da chegada de um novo membro que vem alterar a estrutura familiar. Esses conflitos são geralmente situacionais e transitórios, mas a ansiedade não controlada pode levar ao desajustamento emocional em relação à gravidez e à relação mãe-filho.
Quando o desequilíbrio acontece…
Um dos transtornos mais comuns durante esse período é a depressão, cujas principais características são humor deprimido, instabilidade emocional, irritabilidade, lentidão para responder aos estímulos diários e ideias suicidas, influenciando negativamente a gestação.
Por ser um período de grande ansiedade, a mulher pode tornar-se mais vulnerável ao desenvolvimento de perturbações emocionais, sendo essa fase considerada a de maior incidência de transtornos psíquicos. As gestantes com episódios de depressão fora da gestação, ou que tiveram depressão pós-parto em gestações anteriores, bem como as que sofreram abuso físico, verbal ou sexual, são mais suscetíveis ao desenvolvimento desses distúrbios, tais como transtornos de ansiedade, depressão, transtorno afetivo bipolar, transtornos psicóticos, blues, depressão e psicose puerperal (pós-parto). O tratamento deve basear-se na psicoterapia aliada ao acompanhamento psiquiátrico, nos casos mais graves (vigência de ideias suicidas, sintomas psicóticos, rejeição extrema ao recém-nascido, drogadição, etc).
É importante reiterar o papel fundamental da família, passando a segurança de que essa mulher necessita através do apoio e da compreensão para lidar com os sentimentos negativos e com a culpa de não estar sentindo o “sentimento de completude e realização de se tornar mãe” idealizado e propagado pela sociedade. Quando nasce um bebê também nasce uma mãe, ou seja, do mesmo modo que o recém nascido leva um tempo para habituar-se a sua nova rotina essa “mãe recém nascida” precisa ser aceita e compreendida para poder adaptar-se e assumir psiquicamente esse novo lugar!
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