Vivemos num mundo onde a prática do desapego é a Lei Suprema.
Se algo não nos interessa mais: Ah, desapega!
Se alguém não nos é mais útil: Ah, desapega!
E vamos, absortos, afoitos, embalados na ciranda do Desapega.
Qual o problema em apegar? O que há de errado em ser o que se é, sentir o que sente?
Vivemos dias sombrios em que é um ato de heroísmo nos permitir SENTIR.Apegar, no dicionário,tem a belíssima reflexão de ” afeiçoar- se”. Que sublime ! Afeição.
Sentimento sincero e genuíno este.
Nos ” afeiçoamos” pelo que nos é muito caro. Há aqueles,é bem verdade,se afeiçoam por lugares,objetos,bens.Eu escolhi me afeiçoar por pessoas. Eu as AMO. Como é bom sentir o coração aquecido quando obtemos noticias de quem não vemos há um longo tempo!
É como se fôssemos teletransportados,através das ondas de íons, próctons, elétrons, e,navegando ora via antenas parabólicas do celular,televisão,computador, nos projetamos no exato dia,hora,local em que conhecemos a razão do nosso afeto. A afeição,vem com o gosto do momento compartilhado. Pode vir com gosto de café,pode vir com gosto de chocolate.
Pode vir com cheiro de perfume, mas ,o seu cheiro característico, atende sobretudo por um nome: Saudade. Não entendo como algo terno pode ser tão temido a ponto de ser almejar ser abolido. É bem verdade que os sentimentos podem ter sido pelo outro suprimidos,ou até esquecidos, não encontrando formas para serem correspondidos. Das adversidades da vida. Sim,há encontros de almas certas,separadas pelo tempo errado.
Algumas pessoas possuem a capacidade de desapegarem das outras tão logo se despedem delas. Eu, na despedida,as carrego comigo. Se insisto em mantê- las, é porque não quero ficar longe delas, simplesmente porque elas me são demasiado caras,as amo. Sim,só eu sei o quanto as amo.
Sabe,é muito reconfortante ouvir ” Eu gosto de você”. Mas,não há nada mais doce,terno do que dizer ” Eu preciso te ver” . Dizer esta frase tão sincera,repleta de plena emoção,requer exorbitante coragem de quem a pronuncia.
Não há nada que sobrepuje tamanha delicadeza. A ternura, cuja origem se encontra na caverna mais misteriosa, localizada no abismo do coração.
Os mais afoitos, nela, mergulham, logo, se tornam profundos.
Já os temerosos, dela se esquivam, por não saberem nadar em águas cristalinas. Águas que trazem, em suaves balanço de ondas, a límpida alma genuína.
Para quem compreende a brevidade da raça humana, onde o temido Rei Cronos, declama como Lei o Desapegar, seja a resistência, que corajosa, no peito bate, eleva a voz e brada: Apegue-se!
A honestidade reinada pela Emoção ,hoje, conclama: Não há motivo para temer ser o que se é, nem sentir o que se sente. Vergonhoso, é não saber viver honrando e zelando a brandura do afeto que trazemos na gente. Um Viva, ao apego que compreende os encontros e os reencontros! Não tenha medo do SENTIR. O VIVER trará, com o tempo, por si só, o findar ou o unir. E isto,é um fato No interim, permita-se ser honesto consigo mesmo e com seus sentimentos. Atreva-se.
Apegue-se!
(Imagem: Vil Son)
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