Comportamento

Amor próprio veste melhor do que qualquer outra grife

Eu nasci meio esquisita mesmo e desde menina percebi que era às avessas. Até aí tudo bem. Nunca me dei bem com marcas, moda e coisas caras. Eu gosto mesmo é de vestir o que me faz confortável e calçar o que não me incomoda, e isso não tem nada a ver com Coco Chanel que sempre defendeu que “o luxo tem que ser confortável ou não é luxo”.

Há tanta gente preocupada consigo mesmo, com o que vestir, como impressionar, como chamar a atenção, como mostrar independência, como ser inesquecível, mas esquecem que ser alguém que sabe o que quer, é mais estonteante do que ser apenas aparência.

Luxo é sentir confortável com você mesma, é se amar por inteira e não ser obrigada a nada. Ninguém precisa ter um closet grande e muito menos coleções caras para ser feliz. O segredo da felicidade está na simplicidade de estar bem consigo mesma. Amar a si mesma é desafio diário, é se rasgar, é se cortar ao meio e depois remendar o que precisa para ser mulher inteira.

Amor próprio veste a gente melhor do que qualquer grife e nem precisa de etiqueta. Quem tem amor próprio, não está livre de altos e baixos, porém traz consigo que recomeçar é sempre preciso. Quem tem amor próprio peca, dá vexame e tem ressentimentos, no entanto sabe que é preciso melhorar e tenta isso todos os dias.

Quem tem amor próprio, brinca com fogo e queima, dá manotas, fala pelo cotovelo, mas não se intimida em assumir os erros e pedir perdão. Quem tem amor próprio também vive romances meia boca, se apaixona em um segundo pela pessoa errada e sente vazios na alma, mesmo assim não desiste de amar e sempre arruma um novo amor para preencher o íntimo com o que dá vontade de viver.

Amor próprio não significa ser perfeita ou ter atingido a santidade, também não significa saber tudo sobre a vida e romances, muito menos saber acertar mais do que errar. Amor próprio é viver agarrada em si mesma, é fazer amor com o íntimo, é dar o melhor de si para si mesma mesmo errando e acertando, é entender e aceitar que é preciso superar os erros e que ser ponderada é melhor do que se estressar.

Amor próprio é quando você para com os mimimi’s e os blablabla’s para ser mais mmmmmmmmm. Amor próprio é quando você para de fantasiar e coloca os pés no chão, mesmo que não seja tão confortável ou agradável assim. A realidade dói, dói muito mesmo, mas ainda é melhor do que viver de superficialidades e bancar uma super mulher que existe apenas na tv e nos romances.

É melhor se vestir de bom senso e de você mesma do que se dar ao luxo de sentir sufocada por não ser quem é. Luxo é amar cada detalhe do seu corpo ao invés de ficar comparando ou se matando para ter o que não tem jeito. Desaperte esse cinto, compre roupas próprias para o seu tamanho, use maquiagem, deixe seu cabelo a vontade, permita comer o quanto quiser. Pelo menos uma vez na semana, preste mais atenção no seu sorriso do que nas marcas do tempo pelo seu corpo e no seu rosto. Quando você parar de implicar consigo mesma, aquele amor esquecido no seu íntimo vai florescer com certeza.

Amor próprio é mais do que uma autoestima impecável, é mais prazeroso do que se sentir livre, é mais elegante do que aquela roupa feita por aquele estilista famoso, é mais feliz do que aquela sua última gargalhada, é mais convincente do que independência e é mais lindo do que qualquer olhar com sentimento.

Não tem como amar o outro se não tivermos a capacidade de amar a nós próprios, porque só entendemos o significado das coisas e dos sentimentos quando vivemos isso tudo dentro da alma. Amor próprio é quando você se despe de tudo que não te faz bem para começar a amar cada pedacinho seu, mesmo que com defeitos, com medos e com indecisões.

Ninguém é perfeito, então amor próprio também não, mas é libertador.

(Imagem: Kyle Glenn)

Simone Guerra

Simone Guerra é mãe, escritora, professora e encantada pela vida. Brasileira morando na Holanda. Ela não é assim e nem assada, mas sim no ponto. Transforma em palavras tudo o que o coração sente e a alma vive intensamente. Apaixonada por artes, culturas, línguas e linguagem. Não dispensa bolo com café e um dedinho de prosa.

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Simone Guerra

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