O amor pode ser reconhecido como uma resposta amadurecida do problema da existência humana, ou pelas formas imaturas que são conhecidas como “União Simbiótica”.
A união simbiótica tem seu modelo biológico na relação entre a mãe grávida e seu feto, vivem juntos e necessitam um do outro.
Na união simbiótica psíquica os dois corpos são independentes, mas a mesma espécie de ligação existe psicologicamente.
A “forma passiva” de união simbiótica é o da submissão, ou pelo termo clínico, “masoquismo”. A pessoa masoquista foge da angustia de separação, tornando-se parte da outra pessoa (projeção).
O masoquista não toma decisões isoladas e não precisa assumir riscos, nunca está só, mas não é independente, ainda não nasceu totalmente.
No amor masoquista, o mecanismo essencial é a idolatria. A relação masoquista se mistura com o desejo sexual, saindo assim da área psíquica e entra no campo físico e corporal (perversão).
Existe também a “forma ativa” dessa fusão simbiótica, e usando o termo clínico, o sadismo. A pessoa sádica quer escapar da solidão, fazendo com que outra pessoa faça parte de si mesmo, incorpora a outra pessoa. (introjeção). Formando assim uma simbiose neurótica, uma não pode viver sem a outra.
A pessoa sádica, ordena, humilha, explora e a masoquista, é mandada, explorada, ferida e humilhada.
Spinoza foi o primeiro a diferenciar os afetos entre ativos e passivos, ações e paixões. A inveja, o ciúmes, a ambição, qualquer espécie de cobiça, são paixões.
O amor é uma ação, a prática de um poder humano, que só pode ser exercido na liberdade e nunca como resultado de uma compulsão. O amor é uma atividade e não um afeto passivo.
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O caráter ativo do amor se consiste em dar e não em receber. O amor é uma força capaz de produzir o amor. Impotência é a incapacidade de produzir o amor e o que faz a pessoa atraente aos olhos dos outras é a capacidade de amar.
A capacidade de dar, depende do desenvolvimento do caráter da pessoa. Além do elemento dar, no caráter ativo do amor, existem elementos básicos comuns a toda a forma de amor, são eles; cuidado, responsabilidade, respeito e conhecimento.
A necessidade básica da fusão com outra pessoa, de modo a transcender a prisão da própria separação, relaciona-se com outro desejo do ser humano, o de conhecer o segredo do homem e existe apenas um meio de conhecer o segredo; é o completo poder sobre a outra pessoa, possessão.
E o grau derradeiro dessa tentativa de conhecer reside nos extremos do sadismo, desejo e capacidade de fazer um ser humano sofrer, tortura-lo e força-lo a trair seu segredo em seu sofrimento. Nessa necessidade de penetração no segredo do homem, está uma motivação essencial da crueldade e da destruição.
A crueldade em si é motivada por algo mais profundo; o desejo de conhecer o segredo das coisas e da vida. O segredo é amar. O amor é penetração ativa na outra pessoa, e o desejo de conhecer o segredo é destilado pela união. O sadismo é motivado pelo desejo de conhecer o segredo, e contudo permanece tão ignorante quanto era antes.
Até agora falamos do amor como superação da separação humana. Porém acima da necessidade existencial da união ergue-se outra, a biológica, o desejo de união entre os pólos masculinos e femininos.
Essa ideia de polarização é reforçada pelo mito de que originalmente o homem e a mulher eram um só, de que foram partidos ao meio e daí por diante, cada ser masculino vem procurando a parte feminina de si mesmo, a fim de voltar a unir-se com ela.
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Essa metáfora também está na bíblia, no Gêneses, reforça a ideia da bi-sexualidade proposta por Freud, de Animus e Anima por Jung, e da consciência pré-natal do feto, antes da definição da sexualidade, que só acontece a partir da terceira semana de gestação.
O desvio homossexual é exatamente o fracasso em atingir essa união polarizada, e por isso o homossexual sofre a dor da separação nunca solucionada, fracasso que é compartilhada com o heterossexual comum que não consegue amar.
A atração sexual é apenas em parte motivada pela necessidade de remover esta tensão.
Existe masculinidade e feminilidade no caráter, tanto quanto na vida sexual, muitas vezes se os traços do caráter masculino de um homem se enfraquecem, porque ele permanece emocionalmente criança, e tentará compensar essa falta pela acentuação exclusiva sobre seu papel masculino no sexo.
O resultado é o Don Juan que necessita provar a sua potencialidade masculina no sexo, por estar inseguro da sua masculinidade.
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Quando a paralisia de masculinidade é mais extrema o uso da força, ou sadismo, torna-se substituto principal e pervertido da masculinidade. Se a sexualidade feminina se enfraquece ou perverte, transforma-se em masoquismo, ou possessividade.
O amor erótico é o anseio de fusão com a outra pessoa, é também talvez a mais enganosa forma de amor que existe.
O desejo sexual pode ser estimulado pela ansiedade da solidão, pela vontade de conquistar ou ser conquistado pela vaidade, pelo gosto de ferir e mesmo destruir inconsciente, assim como pode ser estimulado realmente pelo amor. Se o desejo de união física, não for estimulado pelo amor, se o amor erótico também não for amor fraterno. Nunca levará a união mais que num sentido orgíaco e transitório.
Voltando a falar da destruição – formas malignas da destrutividade, precisamos abordar as formas patológicas da violência.A distinção entre os vários tipos de violência se baseia em motivação inconscientes.
Geralmente a violência tem suas raízes no medo, medo real ou imaginário, consciente ou inconsciente. As pessoas sentem-se ameaçadas e para defender-se dispõem-se a matar e destruir.
No caso das ilusões paranoides de perseguição encontramos o mesmo mecanismo numa base individual. A violência reativa é produzida por frustração, quando um desejo ou necessidade é frustrado.
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Relacionada com a agressão resultante da frustração, há a hostilidade gerada por inveja e ciúmes, outro tipo de violência relacionada com violência reativa, está numa direção mais patológica é a violência vingativa.
Na reativa, o fim é evitar a ameaça e por isso essa violência serve à função biológica da sobrevivência. Na vingativa pelo contrário, o mal já foi feito e por isso a violência não tem função defensiva. Tem função irracional, de desfazer magicamente o que foi feito realisticamente.
Dois fatores exercem papel decisivo, no primeiro o ambiente de escassez psíquica impregna o indivíduo e torna a vingança um meio necessário para restituir a perda, o segundo é o narcisismo.
Vamos falar agora de violência compensatória, que é a forma mais patológica, porémm a menos drástica que a necrofilia.
A violência compensatória é empregada como substituta de atividade produtiva por uma pessoa impotente.
O homem impotente, se tem uma faca ou um revolver pode transcender a vida destruindo-a em outros e em si mesmo, assim vinga-se da vida por ter se negado a ele.
A violência compensatória , é exatamente a violência oriunda da impotência e que serve de compensação para está, relacionado de perto com a violência compensatória existe o impulso para o controle absoluto e completo sobre um ser vivo, esse impulso é a essência do sadismo. Todos as diversas formas de sadismo.
Remontam à um impulso básico, o de exercer domínio completo sobre outra pessoa, torna-la um objeto indefeso à nossa vontade, tornar-se o Deus dela, humilha-la, escraviza-la.
O prazer do domínio completo sobre outra pessoa, é a essência do impulso sádico. Existe ainda um ultimo tipo de violência, a “sede de sangue”, ainda envolvida em seu vinculo com a natureza (instinto) . A sua paixão de matar é uma forma de transcender a vida.
No homem que busca uma solução para a vida, regressando a um estado de existência, pré individual, virando animal, o sangue se torna a essência da vida. Matar passa a ser a grande embriagues, a grande auto-afirmação.
Reciprocamente ser morto é a única alternativa para matar. Quando a vida estiver saciada com sangue, ela estará pronta para ser morta, nesse sentido matar não é amor à morte, é afirmação e transcendência da vida no plano da mais profunda regressão.
Baseado nos livros: A Arte de Amar, O Coração do Homem: Eric Fromm
(Autora: Elizabeth Queiroz – Psicanalista)
(Fonte: sti.br.inter.net )
O texto fornece muitas informações interessantes, mas não chega a lugar nenhum. Faltou coesão nas idéias.
Sabemos tão pouco a respeito de nós mesmos…!
Texto maravilhoso e didático. Parabéns à autora…!
O texto divagou demais, falou, falou e não mostrou o centro da idéia proposta no título.